Mercosul deixa solução para
adesão da Venezuela nas mãos de comissão especial
Montevidéu, 20 dez
(EFE).- Os presidentes dos países do Mercosul deixaram nas mãos de uma comissão
de alto nível nesta terça-feira a busca por uma solução para o processo de
adesão da Venezuela ao bloco - interrompido há meia década pelo Parlamento
paraguaio -, assim como o de outros potenciais candidatos, como o Equador.
Ao final da 42ª
cúpula de chefes de Estado do Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Paraguai
e Uruguai, ficou definido que os integrantes desse grupo especial, cuja data de
ativação e outros detalhes não foram revelados, deverão ser nomeados pelos
próprios líderes.
A reunião semestral
do bloco, na qual o presidente do Uruguai, José Mujica, cedeu a presidência do
grupo a sua colega argentina, Cristina Kirchner, foi realizada em meio a grande
expectativa sobre "uma decisão política" que contornasse o obstáculo
criado pelo Parlamento paraguaio.
Além disso, era
esperado que o equatoriano Rafael Correa apresentasse um pedido formal para que
seu país passasse do status de associado, como são também Peru, Chile e
Colômbia, ao de membro pleno.
A possível adesão da
Venezuela, que remonta a 2006, foi aprovada inicialmente pelos poderes
Executivos dos quatro países, e depois pelos Legislativos de Argentina, Brasil
e Uruguai, mas há meia década está travada no Parlamento do Paraguai.
Pela proposta do
Uruguai, que conta com o respaldo aberto de Argentina e Brasil, mas não com o
do Paraguai, os chanceleres dos quatro países anunciaram na segunda-feira, na
reunião do Conselho do Mercado Comum prévia à cúpula, que os presidentes
anunciaram nesta terça uma postura política para avançar nesse processo.
O mero anúncio de uma
proposta desse tipo foi mal recebido pela oposição paraguaia, que controla o
Parlamento, e também pela uruguaia.
Ambas ameaçaram
promover juízos políticos a seus presidentes por considerar que se trata de uma
violação das respectivas Constituições.
O Tratado de
Assunção, com o qual o bloco foi criado em 1991, estabelece que a adesão de um
novo membro deve ser autorizada de forma unânime pelos países-membros, ou seja,
pelo Executivo e o Legislativo das nações.
Antes do início da
cúpula, o ex-presidente do Uruguai Luis Alberto Lacalle afirmou à Agência Efe
que a eventual concretização da adesão da Venezuela ao Mercosul seria o
"começo do fim" do bloco.
Por sua vez, o
senador e ex-chanceler de Lacalle, Sergio Abreu, foi mais longe ao assinalar a
uma rádio paraguaia que o ingresso da Venezuela, se o bloqueio do Parlamento
paraguaio for contornado, seria "um golpe de Estado internacional".
O Senado paraguaio,
dominado pela oposição ao líder Fernando Lugo, alega supostas atitudes
antidemocráticas por parte do presidente Hugo Chávez para não aprovar a adesão
da Venezuela.
Durante a sessão
plenária da cúpula, Chávez assegurou nesta terça-feira que o ingresso de seu
país está travado por "interesses inconfessáveis de um pequeno
grupo".
O presidente
venezuelano lembrou que já se passaram 13 anos desde que seu país pediu para
ingressar no bloco e que, apesar do apoio obtido, em particular os dos
ex-presidentes Néstor Kirchner, da Argentina, e Luiz Inácio Lula da Silva, do
Brasil, não conseguiu isso ainda.
"Eu tive uma
paciência sem limites porque disseram coisas sobre a Venezuela que eram uma
falta de respeito", afirmou.
O governante
venezuelano disse que "há muitas mãos peludas, mãos velhas, fazendo de
tudo" para dividir os países sul-americanos.
Chávez celebrou ainda
que os presidentes das nações do bloco tenham resolvido criar a comissão de
alto nível, e mostrou esperança em que essa iniciativa tenha êxito.
"Tomara que o
Equador não leve tanto tempo quanto a Venezuela para incorporar-se ao
Mercosul", disse Chávez a seu colega equatoriano, Rafael Correa, que
planeja solicitar a adesão plena de seu país ao maior bloco comercial da América
do Sul.
Apesar de Correa ter
anunciado há alguns dias que poderia apresentar formalmente seu pedido para
fazer parte do bloco nesta cúpula, hoje esclareceu que essa solicitação ainda
está sendo estudada.
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