Irã deve disparar mísseis de longo alcance durante
exercício de guerra
Marinha da República
Islâmica afirma que foguetes podem atingir bases dos EUA e de Israel
TEERÃ - O governo do Irã
promete disparar neste sábado, 31, vários mísseis, incluindo os de longo
alcance, durante a manobra militar que realiza no Golfo Pérsico, informou a
agência oficial de notícias Fars. A demonstração de força ocorre na esteira da
ameaça de Teerã de fechar o Estreito de Ormuz, interrompendo a mais importante
rota de transporte petroleiro do mundo, feita na terça-feira.
Analistas
militares afirmam que, com baterias de mísseis, frotas de embarcações de
combate e minas navais em seu estoque, os iranianos poderiam dificultar
bastante o tráfego das embarcações a caminho do Oceano Índico e o Mar
Mediterrâneo.
A interdição completa de Ormuz, porém, seria difícil de ser
posta em prática, mesmo que temporariamente, como alguns especialistas afirmam
que seria possível. A questão para o governo de Teerã, segundo os analistas é
avaliar se vale a pena pagar o alto preço que a ação militar exigiria, pois o
fechamento do estreito, mesmo que por pouco tempo, prejudicaria também a
economia iraniana, além da mundial.
A 5.ª Frota da Marinha americana, que mantém milhares de
soldados no Bahrein, afirmou que não aceitará nenhuma interferência do Irã no
fluxo de petróleo pela estratégica passagem marítima.
"A Marinha iraniana testará vários tipos de seus mísseis,
incluindo seus mísseis de longo alcance, no Golfo Pérsico neste sábado
(hoje)", afirmou o almirante Mahmoud Mousavi, vice-comandante da força
naval de Teerã, segundo a Fars.
Washington já expressou preocupação sobre os mísseis do Irã, que
possui o modelo Shahab-3, segundo especialistas capaz de atingir Israel e bases
dos EUA no Oriente Médio, com seu alcance de 1.000 km. Com uma capacidade de
atingir alvos a até 1.600 km, os mísseis Gahdr-1 também preocupam israelenses e
americanos. Uma variante do Shahab-3, conhecida como Sajjil-2, das forças de
Teerã, tem 2.400 km de alcance.
Há uma semana, a Marinha iraniana iniciou um exercício de guerra
previsto para durar 10 dias, com a intenção de demonstrar sua capacidade de
resposta a qualquer ataque de israelenses ou americanos. "O disparo dos
mísseis é a parte final do exercício naval", afirmou Mousavi. O
contra-almirante iraniano Ali Rastegari acrescentou que "mísseis de médio
alcance, curto alcance e torpedos inteligentes" também serão disparados.
Para o analista Hossein Kazemi, "os líderes iranianos estão
preocupados com (as possíveis) sanções em suas exportações de petróleo, por
isso fazem tais ameaças".
A tensão entre o Ocidente e Teerã - expressa pelo recente
anúncio de uma eventual sanção ao petróleo do Irã - elevou-se após um relatório
da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmar que o programa
nuclear do país teria finalidades militares, o que os iranianos negam. Alguns
analistas afirmam que sanções contra o petróleo iraniano - que, responsável por
60% da renda externa do país, é vital para sua economia - podem levar Teerã a
mudar sua política nuclear. O chefe do Estado-Maior do Exército israelense,
Benny Gantz, afirmou ontem que, "mediante preparações apropriadas,
internacionais e israelenses, (...) esse desafio (a suposta capacidade militar
atômica de Teerã) pode ser contido".
Política de Teerã
O governo do Irã bloqueou na sexta o site do o aiatolá Ali Akbar
Hashemi Rafsanjani, influente ex-presidente que veiculava críticas ao regime na
internet, a pouco mais de dois meses das eleições parlamentares marcadas março.
Nos últimos dias, a Justiça iraniana tem sentenciado dissidentes a longas penas
de prisão.