Morre o cantor Wando
Segundo médico
particular, ele teve uma parada cardiorrespiratória.
Cantor estava internado desde 27 de janeiro.
Cantor estava internado desde 27 de janeiro.
O cantor Wando
morreu aos 66 anos na manhã desta quarta-feira (8) no Biocor Instituto, em Nova
Lima, onde estava internado desde o dia 27 de janeiro. A informação é do médico
particular dele, João Carlos de Souza Dionísio. Segundo o médico, ele teve uma
parada cardiorrespiratória às 8h desta quarta-feira (8).
Dionísio
informou que foram feitas manobras de ressuscitação, mas o paciente não
resistiu. Segundo boletim médico divulgado na terça-feira (7), ele apresentava
quadro estável e apresentava melhora progressiva.
O cantor Wando
morreu aos 66 anos na manhã desta quarta-feira (8) no Biocor Instituto, em Nova
Lima, onde estava internado desde o dia 27 de janeiro. A informação é do médico
particular dele, João Carlos de Souza Dionísio. Segundo o médico, ele teve uma
parada cardiorrespiratória às 8h desta quarta-feira (8).
Dionísio
informou que foram feitas manobras de ressuscitação, mas o paciente não
resistiu. Segundo boletim médico divulgado na terça-feira (7), ele apresentava
quadro estável e apresentava melhora progressiva.
Vanderley Alves dos Reis
nasceu em 2 de outubro de 1945 – “num arraial chamado Bom Jardim [em Minas
Gerais]”. Lá, ficava a fazenda que teria pertencido aos seus avós. Seu
registro, no entanto, foi feito na cidade de Cajuri, no mesmo estado. Ele conta
que, ainda criança, mudou-se para Juiz de Fora (MG), onde concluiu o antigo
primário. Mais tarde, ele foi para Volta Redonda (RJ), “onde eu entreguei leite
nas casas, vendi jornal, virei feirante, dirigi caminhão na estrada”. Na mesma
época, passou a se interessar por música, tendo inicialmente se dedicado ao
estudo do “violão clássico”.
“E
aí eu descobri que não era legal o violão clássico para o que eu queria: eu
queria tocar pras moças, né?”, afirma. “O violão clássico é bacana, mas elas [as
mulheres], acho que ficavam um pouquinho entediadas. Descobri que eu tinha que
fazer umas canções de amor. Comecei a sentir que era legal, que a música
socialmente com a parte feminina dava muito certo, me apaixonei por aquele
negócio.”
Após
deixar a profissão de feirante, Wando mudou-se para Congonhas (MG). Lá, começou
a “viver de música”, como integrante de um conjunto chamado “Escaravelhos” –
“escaravelho pra quem não sabe, é um besouro, a mesma coisa que Beatles”. Cinco
anos mais tarde, decidiu tentar a sorte no “eixo Rio de Janeiro – São Paulo”.
Frustrada a passagem pelo Rio, chegou a São Paulo, onde teve gravado seu
primeiro sucesso, na voz de Jair Rodrigues. A composição, “O importante é ser
fevereiro”, teria sido “uma música muito tocada no carnaval de 1974”,
lembrou-se Wando.
A
canção integra o disco de estreia de Wando, “Gloria a Deus e samba na Terra”
(1973). De acordo com ele, aquele trabalho seguia a linha “do formato do
Caetano Veloso, do Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil”. A guinada em direção
ao repertório romântico foi simbolizada pela música “Moça”, do disco seguinte,
“Wando” (1975). A justificativa: “Cantando na noite em São Paulo, eu descobri
que a parte feminina adorava quando eu tocava música romântica.”
Ao
longo da década seguinte, Wando consolidaria a reputação, como ele mesmo lista,
de “obsceno, o cara da maçã, o cara da calcinha”. É desse período, quando o
cantor já vivia no Rio de Janeiro, sua música mais conhecida, “Fogo e paixão”,
do disco “O mundo romântico de Wando” (1988), o 14º da carreira, segundo a
contagem do site oficial. Ele foi precedido por trabalhos como “Gosto de maçã”
(1978), “Gazela” (1979), “Fantasia noturna” (1982), “Vulgar e comum é não
morrer de amor” (1985) e “Ui – Wando paixão” (1986). Na sequência, viriam,
dentre outros, “Obsceno” (1988), “Depois da cama” (1992) e “O ponto G da
história” (1996).
Entre
álbuns de estúdio e registros ao vivo, o site de Wando contabiliza 28
trabalhos, ao todo. O cantor acreditava ter vendido dez milhões de discos –
“até na época que a gente contava”. “Depois [houve] a história da pirataria,
que acabou me fazendo muito mais popular. Eu acho que a pirataria é ruim para
um lado, para o lado compositor, mas para o lado intérprete, o cara que faz
show, eu acho que ela favoreceu muito.”
Em
entrevista à Agência Estado, em 2007, Wando comentou sua imagem de “sedutor”:
“Na verdade, eu sou como um ator. Até porque eu estaria morto hoje se fosse
mesmo assim. Isso é um personagem, naturalmente. É normal que as pessoas pensem
que eu sou desse jeito, mas não deixo que as pessoas alimentem muito essa
imagem”. Sobre a fama de brega, ele respondeu que incomodou e seguia
incomodando. “Quando as pessoas falam de brega, sempre se referem a uma coisa
ruim. Então eu brigo por isso. Agora, eles até quiseram colocar o brega como
uma coisa bacana, mas eu acho que é uma forma de pedir desculpa, e isso é mau.
Se for ver, você tem que chamar o Chico Buarque de brega, a Maria Bethânia, o
Caetano Veloso, o Gilberto Gil. Eles gravaram as músicas que a gente grava.
Eles gravam melhor? Não. Isso foi uma coisa cruel que eles fizeram.”
Na
entrevista, Wando também comentava a música “Emoções”, gravada em 1978, que ele
dizia versar sobre a relação entre dois homens: “Fiz isso porque acho que o
relacionamento masculino é uma coisa válida. Não por ter aderido, mas porque eu
tenho amigos que vivem esse tipo de coisa”.
Recentemente,
o nome de Wando vinha sendo lembrado graças ao documentário “Vou rifar meu
coração”, de Ana Rieper, que vem frequentando o circuito dos principais
festivais de cinema do país desde alguns meses atrás. Há pouco tempo, teve boa
recepção na Mostra de Cinema de Tiradentes, encerrada no último dia 28. O filme
trata justamente da música tida como “brega” e traz depoimentos de cantores
como Amado Batista, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo, Peninha, além de Wando e de
ouvintes que contam suas histórias com obras do “gênero”.
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