China deve causar estragos na
Bovespa hoje
A China deve causar estragos na Bovespa hoje e,
assim como as principais mineradoras, a Vale deve sentir o abalo mais
fortemente depois que a rival BHP Billiton afirmou que a demanda do país
asiático por minério de ferro está "se achatando". Mais que isso, a
decisão de Pequim de aumentar os preços dos combustíveis eleva as preocupações
sobre o consumo interno e renova o receio quanto a uma desaceleração mais
acentuada na segunda maior economia do mundo. Esse ambiente embute perdas
aceleradas nos mercados internacionais, mas, por aqui a queda deve ser ainda
maior. O Ibovespa abriu em queda de 0,73% e, às 10h29, caia 1,22%, aos
66.902,98 pontos
O presidente da
divisão de minério de ferro da BHP Billiton, Ian Ashby, disse que a demanda da
China por minério de ferro está "se achatando", devendo se reduzir
"para um dígito, se é que ainda não chegou lá". Já o presidente da
mineradora anglo-australiana, Jac Nasser, afirmou que a empresa está
reavaliando seus planos de investimentos porque a desaceleração do crescimento
chinês levou a uma perspectiva mais cautelosa para a demanda por commodities.
Em Londres, por volta
das 9h30, as ações da BHP Billiton caía mais de 3%, assim como os papéis da Rio
Tinto. Fresnillo, por sua vez, liderava as perdas, com -4,4%. No horário acima,
a Bolsa britânica caía 1,12%.
Já em Wall Street, o
futuro do S&P 500 recuava 0,56%, passando praticamente desapercebida a
queda de 1,1% nas construções de moradias iniciadas nos EUA em fevereiro,
contrariando a previsão de +1,6%. Às 13h45, o presidente do Federal Reserve,
Ben Bernanke, profere para estudantes da Escola de Negócios George Washington.
Aqui na Bovespa, os
papéis da Vale também devem exibir perdas acentuadas, principalmente porque a
mineradora brasileira vem enfrentando uma série de notícias desfavoráveis.
"Por todos os lados, para onde se olhar, a Vale está coberta por uma nuvem
negra", avalia o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.
Ele se refere aos
problemas de escoamento de produção, na Estrada de Ferro Carajás (PA) e após as
fortes chuvas em Minas Gerais no começo do ano, e à batalha judicial com o governo,
por causa da cobrança bilionária de tributos pela Receita Federal. "O
problema não é só a China", diz.
Ainda assim, depois
que o gigante emergente afirmou que vai crescer abaixo de 8% em 2012, os sinais
emitidos pelo país são monitorados pelos investidores. Bastou a inflação no
país perder força nesse começo de ano que, ao invés de promover uma redução da
taxa básica de juros, o governo de Pequim decidiu aumentar os preços da
gasolina e do diesel, em 6,4% e 7,0%, respectivamente, a partir de hoje. Ainda
assim, o presidente do Banco do Povo da China (PBOC), Zhou Xiaochuan, disse que
as condições estão "basicamente maduras" para que a China avance na
liberalização dos juros.
Portanto, Galdi
avalia que, apesar dessa pressão de curto prazo o viés de alta para a Bolsa
continua. "A Bolsa é cíclica e notícias negativas podem gerar movimentos
de fraqueza, abrindo espaço para novas oportunidades", diz.
Mas operadores
afirmam que a Bolsa está "muito esticada". Em relatório, a equipe do
BB Investimentos lembra que o índice S&P 500 está sendo negociado apenas
cerca de 10% abaixo do seu topo histórico, em 1.565 pontos, atingido em outubro
de 2007. O Ibovespa, por sua vez, está 7,87% abaixo do topo histórico de
73.516,80 pontos, verificado em maio de 2008. No ano, o S&P 500 acumula
alta de mais de 12% e o índice acionário brasileiro, de pouco mais de 19%.
Para o
estrategista-chefe da SLW Corretora, é importante acompanhar o fluxo de
investidores estrangeiros, já que uma parcela do "tsunami monetário"
provocado pelo Banco Central Europeu (BCE) ao final do mês passado pode
respingar por aqui. "O múltiplo PL (relação preço/lucro) do Ibovespa se
encontra abaixo do de várias bolsas de valores no exterior e a recuperação por
aqui deve seguir", comenta.
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