terça-feira, 20 de março de 2012

CHINA DEVE CAUSAR ESTRAGOS NA BOVESPA - VALE E OUTRAS MINERADORAS


China deve causar estragos na Bovespa hoje



A China deve causar estragos na Bovespa hoje e, assim como as principais mineradoras, a Vale deve sentir o abalo mais fortemente depois que a rival BHP Billiton afirmou que a demanda do país asiático por minério de ferro está "se achatando". Mais que isso, a decisão de Pequim de aumentar os preços dos combustíveis eleva as preocupações sobre o consumo interno e renova o receio quanto a uma desaceleração mais acentuada na segunda maior economia do mundo. Esse ambiente embute perdas aceleradas nos mercados internacionais, mas, por aqui a queda deve ser ainda maior. O Ibovespa abriu em queda de 0,73% e, às 10h29, caia 1,22%, aos 66.902,98 pontos
O presidente da divisão de minério de ferro da BHP Billiton, Ian Ashby, disse que a demanda da China por minério de ferro está "se achatando", devendo se reduzir "para um dígito, se é que ainda não chegou lá". Já o presidente da mineradora anglo-australiana, Jac Nasser, afirmou que a empresa está reavaliando seus planos de investimentos porque a desaceleração do crescimento chinês levou a uma perspectiva mais cautelosa para a demanda por commodities.
Em Londres, por volta das 9h30, as ações da BHP Billiton caía mais de 3%, assim como os papéis da Rio Tinto. Fresnillo, por sua vez, liderava as perdas, com -4,4%. No horário acima, a Bolsa britânica caía 1,12%.
Já em Wall Street, o futuro do S&P 500 recuava 0,56%, passando praticamente desapercebida a queda de 1,1% nas construções de moradias iniciadas nos EUA em fevereiro, contrariando a previsão de +1,6%. Às 13h45, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, profere para estudantes da Escola de Negócios George Washington.
Aqui na Bovespa, os papéis da Vale também devem exibir perdas acentuadas, principalmente porque a mineradora brasileira vem enfrentando uma série de notícias desfavoráveis. "Por todos os lados, para onde se olhar, a Vale está coberta por uma nuvem negra", avalia o estrategista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.
Ele se refere aos problemas de escoamento de produção, na Estrada de Ferro Carajás (PA) e após as fortes chuvas em Minas Gerais no começo do ano, e à batalha judicial com o governo, por causa da cobrança bilionária de tributos pela Receita Federal. "O problema não é só a China", diz.
Ainda assim, depois que o gigante emergente afirmou que vai crescer abaixo de 8% em 2012, os sinais emitidos pelo país são monitorados pelos investidores. Bastou a inflação no país perder força nesse começo de ano que, ao invés de promover uma redução da taxa básica de juros, o governo de Pequim decidiu aumentar os preços da gasolina e do diesel, em 6,4% e 7,0%, respectivamente, a partir de hoje. Ainda assim, o presidente do Banco do Povo da China (PBOC), Zhou Xiaochuan, disse que as condições estão "basicamente maduras" para que a China avance na liberalização dos juros.
Portanto, Galdi avalia que, apesar dessa pressão de curto prazo o viés de alta para a Bolsa continua. "A Bolsa é cíclica e notícias negativas podem gerar movimentos de fraqueza, abrindo espaço para novas oportunidades", diz.
Mas operadores afirmam que a Bolsa está "muito esticada". Em relatório, a equipe do BB Investimentos lembra que o índice S&P 500 está sendo negociado apenas cerca de 10% abaixo do seu topo histórico, em 1.565 pontos, atingido em outubro de 2007. O Ibovespa, por sua vez, está 7,87% abaixo do topo histórico de 73.516,80 pontos, verificado em maio de 2008. No ano, o S&P 500 acumula alta de mais de 12% e o índice acionário brasileiro, de pouco mais de 19%.
Para o estrategista-chefe da SLW Corretora, é importante acompanhar o fluxo de investidores estrangeiros, já que uma parcela do "tsunami monetário" provocado pelo Banco Central Europeu (BCE) ao final do mês passado pode respingar por aqui. "O múltiplo PL (relação preço/lucro) do Ibovespa se encontra abaixo do de várias bolsas de valores no exterior e a recuperação por aqui deve seguir", comenta.

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