Ex-pastor luterano Joachim Gauck é eleito presidente da
Alemanha
Ex-dissidente de 72 anos substitui
Christian Wulff, que saiu após escândalo.
Gauck derrotou 'caçadora de nazistas' após costurar acordo com partidos.
O
teólogo e ex-pastor luterano Joachim Gauck foi eleito neste domingo (18) como
novo presidente da Alemanha pela
Assembleia Federal.
Gauck bateu em votação em primeiro turno sua única concorrente,
a "caçadora de nazistas" Beat Klarsfeld, anunciou o presidente do
Bundestag, Norbert Lammert.
Ele teve 991 votos dos 1.232 de parlamentares da Assembleia
Federal, que reúne os 620 deputados do Bundestag, assim como os representantes
dos Estados regionais.
Sua designação era considerada certa, já que todos os partidos
da maioria e da oposição, à exceção da esquerda radical, Die Linke, haviam
chegado a um acordo para apoiar sua candidatura.
O Die Linke, que reúne principalmente nostálgicos da Alemanha
Oriental, preferia Beate Klarsfeld.
"Eu
aceito este voto", declarou solenemente Gauck diante da Assembleia, alguns
minutos após o anúncio dos resultados.
"Que belo domingo!", comemorou ele, lembrando que há
22 anos foram realizadas as primeiras e últimas eleições livres da República
Democrática da Alemanha, alguns meses antes da Reunificação Alemã de 3 de
outubro de 1990. "Jamais esquecerei estas eleições. Jamais!", disse,
visivelmente emocionado.
"Vocês elegeram um presidente que não pode pensar sem a
ideia de liberdade", acrescentou.
Gauck, de 72 anos de idade, não tem filiação partidária.
Ex-pastor luterano, ele ganhou notoriedade como ativista pró-direitos humanos
na então Alemanha Oriental, comunista.
Ele teve papel importante nos protestos pacíficos que levaram à
queda do Muro de Berlim em 1989.
Depois da Queda do Muro, ele supervisionou durante os dez anos
os arquivos da Stasi, a polícia política da Alemanha Oriental, que possuía
milhões de documentos sobre os cidadãos.
Gauck vai substituir Christian Wulff, que renunciou após um
escândalo financeiro, do qual ele se disse inocente.
Revés para Merkel
Sua principal meta é restaurar a credibilidade da presidência, prejudicada por escândalos financeiros que se centraram em seu predecessor.
Na Alemanha, as funções do presidente são honoríficas, mas ele
deve ser uma autoridade moral.
A saída de Wulff, anunciada em 17 de fevereiro, foi cosiderada
um revés para a chanceler Angela Merkel, sua aliada.
Em junho de 2010, Merkel teve grandes dificuldades para
conseguir a eleição de Wulff, depois da surpreendente renúncia de seu
antecessor Horst Kohler.
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