Seis produtos são responsáveis por metade das
exportações brasileiras
Minério de ferro,
petróleo bruto, complexo de soja, carne, açúcar e café somaram 47% do valor
exportado
SÃO PAULO - O Brasil vem
aumentando cada vez mais nos últimos anos sua dependência da exportação de
matérias-primas. No ano passado, apenas seis grupos de produtos - minério de
ferro, petróleo bruto, complexo de soja e carne, açúcar e café - representaram
47,1% do valor exportado. Em 2006, essa participação era de 28,4%.
Esse aumento da dependência ganha contornos ainda mais
preocupantes porque o maior comprador atual das matérias-primas brasileiras
passa por um momento de transição. Na semana passada, a China anunciou que vai
perseguir uma meta de crescimento de 7,5% ao ano. A meta anterior era de 8% ao
ano.
"Esse novo crescimento
chinês ainda é expressivo para qualquer país, mas, nesse momento, cria um fato
negativo para a cotação das commodities", diz o vice-presidente da
Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
"Ao dizer que vai reduzir o ritmo de crescimento, a China diz,
indiretamente, que vai comprar menos insumos."
Em dezembro, a entidade previu
que o Brasil terá este ano um superávit de US$ 3 bilhões, resultado bem
inferior ao saldo comercial de US$ 29,7 bilhões do ano passado. "Mas houve
uma melhora do cenário dos preços desde então", diz Castro.
De qualquer forma, o Índice de
Preços de Commodities do Banco Central (IC-BR) já aponta um recuo na cotação
das commodities. Em fevereiro, o indicador caiu 2,96% na comparação com janeiro
e, no acumulado de 12 meses, teve queda de 12,68%.
"Essa tendência de queda
só não é mais forte porque está havendo uma injeção global de recursos no mundo
todo. Há uma expansão de crédito para economia mundial que não começou
agora", diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores. Apesar disso,
ele estima um recuo de 10% no preço da soja, carne, açúcar e do café este ano.
"O crescimento menor da China reafirma a perspectiva de baixa dos
preços", afirma.
Meta de vendas
Entre 2006 e 2011, puxada pelas
commodities, a receita de exportação do Brasil aumentou de US$ 135,9 bilhões
para US$ 256 bilhões. Este ano, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC) definiu US$ 264 bilhões como a meta de exportação,
valor 3,1% maior que o do ano passado.
Para Rodrigo Branco, economista
da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), as exportações de
commodities vão continuar dominando a pauta brasileira este ano. Ele ressalta,
porém, que o saldo comercial do País deverá ser menor, porque, além do preço
mais baixo das commodities, as importações devem permanecer em um patamar
elevado.
"Estamos com uma demanda
relativamente aquecida em relação ao resto do mundo, principalmente de bens de
consumo duráveis", diz.
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