Argentina propõe cota para entrada de carne suína do Brasil
SÃO
PAULO/BUENOS AIRES, 16 Mar (Reuters) - A proposta argentina para encerrar um
entrave às importações de carnes suínas do Brasil prevê o estabelecimento de
uma cota que limitaria o acesso do produto brasileiro, considerando o volume
médio embarcado no ano anterior.
Os ministros da Agricultura do Brasil, Mendes Ribeiro Filho, e
da Argentina, Norberto Yahuar, reuniram-se nesta sexta-feira em Buenos Aires
para discutir o tema.
Yahuar propôs, segundo nota do Ministério da Agricultura do
Brasil, o estabelecimento de uma cota média de 3 mil toneladas por mês para a
importação da carne suína brasileira.
"O ministro argentino explicou que essa medida evitaria a
incidência de 'picos' de importação, que prejudicam a economia do país",
informou o ministério.
A cota sugerida ficaria abaixo do volume médio embarcado para o
mercado argentino em 2011, de 3,5 mil toneladas, com base em dados compilados
pela Abipecs, associação que reúne indústria de carne suína do Brasil.
Apenas em dois meses do ano passado - junho e julho - o volume
embarcado ficou abaixo das três mil toneladas. Em dezembro do ano passado, o
Brasil chegou a vender quase 4,5 mil toneladas para o país vizinho, no maior
volume do ano.
A Argentina suspendeu a emissão de guias de importação para o
produto, dificultando a entrada da carne brasileira, segundo a indústria. Em
janeiro, antes da medida, o Brasil exportou 4,3 mil toneladas para o país
vizinho. Em fevereiro, os embarques despencaram para 478 toneladas.
Esse sistema de licenças de importação antecipadas foi adotado
pela Argentina para conter a saída de dólares do país e proteger a balança
comercial, medida que irritou o governo brasileiro.
O aumento das importações de carne do Brasil gerou fortes
protestos na Argentina, uma vez que os criadores argentinos alegavam que o
produto brasileiro estavam prejudicando o setor no país vizinho.
"Estamos trabalhando para acordar uma média das importações
(do último ano) e dessa maneira estabelecer um equilíbrio, para dar
previsibilidade ao produtor (local)", disse o ministro argentino em
conferência de imprensa.
Ele acrescentou que os países buscam solucionar o impasse
rapidamente, possivelmente nas próximas semanas.
O mercado argentino respondeu por 9 por cento das exportações
brasileiras de carne suína em 2011.
Segundo a nota do ministério da Agricultura, 75 por cento da
carne suína importada pela Argentina vêm do Brasil e 15 do por cento do Chile.
Procurada pela Reuters, a associação que reúne indústria de
carne suína do Brasil (Abipecs) disse que não comentaria o assunto, por ainda
não ter sido informada da decisão pelo ministério.
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