Protesto de professores chega ao 3º dia;
Estados fazem assembleias
Professores de escolas públicas do País decidem hoje se estendem
a paralisação nacional iniciada na quarta-feira. Segundo a CNTE, praticamente
todos os estados devem realizar assembleias.
Quase quatro anos após o então presidente Luiz Inácio Lula da
Silva sancionar a lei que instituiu o piso nacional do magistério, professores
de todo o País organizam mobilizações para cobrar o cumprimento da lei.
De acordo com o CNTE, ontem escolas das redes estaduais e
municipais de 23 estados e o Df paralisaram suas atividades. Os três estados
que não foram afetados pelo movimento na quarta-feira são Espírito Santo, Rio
de Janeiro e Santa Catarina. A greve nacional da educação segue até sexta.
Em Santa Catarina, cerca de cinco mil professores, de acordo com
os cálculos da Polícia Militar, participaram de uma passeata no final da tarde
de ontem em Florianópolis. A classe optou por conceder um prazo de "30
dias" ao governo para o atendimento de reivindicações e pagamento do piso
nacional do magistério.
Os professores estaduais realizaram uma assembleia em um centro
de convenções. A proposta do governo - que consiste em uma divisão do pagamento
do piso em três anos - gerou revolta dos professores. Mesmo assim, a classe
optou por não parar imediatamente os trabalhos.
De acordo com as informações da secretária-geral do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação (Sinte), Anna Júlia Rodrigues, a categoria exige
a aplicação do reajuste de 22,22% do piso nacional. Outras três assembleias
regionais foram definidas.
A Secretaria da Educação de São Paulo informou que apenas 5% dos
professores da rede estadual aderiram à paralisação da categoria convocada pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). "Assim como
ontem, as escolas funcionaram normalmente nesta quinta-feira", disse a
secretaria.
O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo (Apeoesp) não divulgou um balanço, mas na quarta-feira a estimativa do
sindicato era que pelo menos 30% dos professores haviam paralisado as
atividades para protestar. Para hoje, a categoria agendou uma assembleia junto
ao Palácio Bandeirantes. De acordo com o CNTE, os professores também farão
assembleias no Maranhão, Minas Gerais e Paraíba. Nos outros estados seguem as
ativadades organizadas pelos comandos de greve.
No dia 27 de fevereiro deste ano, o Ministério da Educação (MEC)
anunciou o novo piso nacional do magistério, segundo reajuste de 22% calculado
com base no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Segundo levantamento da CNTE, apenas os Estados de São Paulo, Pernambuco, Pará,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Goiás e o Distrito Federal pagam aos
seus professores o piso nacional de R$ 1.451,00 definido pela lei. "A
confirmação feita pelo MEC do reajuste do piso em 22% deu muito gás ao nosso
movimento. Os professores estão cada vez mais conscientes sobre o dinheiro
público e sabem que há condições para cumprir com a lei. O piso do magistério
provocou isso: uma ampla mobilização pela valorização da educação", afirma
a representante da confederação.
Presidente do sindicato dos professores no Rio Grande do Sul
(Cpers-Sindicato), a professora Rejane Oliveira concorda que os educadores
estão mobilizados em torno da lei do piso. No Estado que paga o menor valor aos
educadores do País - R$ cerca de R$ 800 - a categoria deve se reunir em frente
ao Palácio Piratini, sede do Executivo, para cobrar do governador Tarso Genro
(PT) uma proposta de reajuste que cumpra com o valor estipulado pelo MEC.
"O governador, como Ministro da Justiça em 2008, assinou a lei do piso e,
quando era candidato ao governo, disse que iria cumprir a lei sem mexer no
plano de carreira. Estamos esperando que honre a promessa", diz Rejane.
O governo estadual apresentou uma proposta de pagar R$ 1.260,00
até 2014, o que foi recusado pela categoria. Além do impasse no Rio Grande do
Sul, em outros quatro Estados os professores já aderiram à greve como forma de
pressionar os governantes. Em Goiás, Rondônia e Piauí a paralisação teve início
em fevereiro. Já no Distrito Federal a mobilização foi iniciada na última
segunda-feira, para cobrar a equivalência do salário dos professores com outros
servidores distritais.
Investimento
de 10% do PIB na educação
Além da luta nacional pelo salário de R$ 1.451,00, os professores cobram ainda que 10% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas do País, seja investido em educação. A meta do governo federal no Plano Nacional da Educação (PNE) é estipular esse valor em 7% do PIB. "Não podemos aceitar que em um País que já se tornou a sexta economia mundial a educação ainda não seja tratada com prioridade. Esse é o momento dos governos repensarem o papel do educador, se não daqui poucos anos não vai mais haver professor em sala de aula, porque o interesse pela carreira está cada vez menor", afirma a secretária-geral da CNTE.
A categoria ainda luta para que os Estados cumpram com outra
norma definida pela lei do piso: que um terço da carga horária dos docentes
seja destinada para atividades extraclasse, como cursos de capacitação,
correção de provas e preparação de conteúdos. Sobre esse dispositivo,
levantamento dos sindicatos aponta que apenas o Acre, Amapá, Espírito Santo,
Goiás, Mato Grosso, Paraíba, Rondônia, Sergipe seguem a regra.
Informações
sobre a agenda da mobilização dos educadores em cada Estado pode ser conferida
no site da CNTE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário