Governo segura preço da gasolina até junho
BRASÍLIA
- O governo está decidido a segurar os preços da gasolina pelo menos até o fim
do primeiro semestre, apesar das pressões das cotações internacionais. Se um
ajuste nas refinarias for inevitável, a ordem é garantir o preço na bomba para
o consumidor com a redução da Cide — tributo cobrado sobre os combustíveis.
A estratégia do Executivo agora é evitar a todo custo que qualquer
oscilação de preços de combustíveis venha a causar impactos na inflação.
Especialmente quando a determinação é estimular a economia com incentivos e
crédito para garantir o crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB),
como quer a presidente Dilma Rousseff, o que, por si só, já exerce impacto
sobre os preços.
Governo vê margem de corte da Cide em até 7%
Apesar da redução recente no valor da Cide que é recolhida nas
refinarias, a equipe econômica calcula que ainda haja uma margem adicional de
até 7%. Mas essa correção só aconteceria se as cotações internacionais
disparassem a curto prazo. Cortar o tributo significa perda de arrecadação. Nos
últimos 20 dias, o preço do barril de petróleo passou de US$ 100 para US$ 120,
o que chamou a atenção do governo.
— Mas não parece que justifique qualquer movimento agora,
considerando a política de se avaliarem os preços na descida e na subida. Se
voltar aos US$ 100, não há tanta pressão — disse um integrante da equipe
econômica ao GLOBO.
Reduzir a Cide neste momento não resolveria o descasamento de que
reclama a Petrobras entre os preços da gasolina lá fora e no mercado interno,
que hoje é calculado em 22% pelo governo. Trazidos para a ponta do lápis, os
cálculos do Executivo apontam que, de 2005 até o ano passado, a estatal do
petróleo não teve perdas. Ou seja, as perdas de quando os preços estiveram mais
altos lá fora teriam sido compensadas pelos ganhos de quando estavam mais
baixos.
Abastecimento de etanol este ano já está
garantido
O governo também se assegurou de que os preços do etanol não vão
pressionar o bolso do consumidor como no ano passado. O abastecimento para este
ano, segundo fontes do Executivo, está garantido. Ainda que haja algum
problema, o país poderia, no limite, importar.
— Na última revisão, ficou claro que temos um nível confortável
para este ano. O anidro está garantido para 2012. Para o ano que vem, faremos
novo monitoramento — disse esta fonte.
Uma equipe do governo acaba de concluir um monitoramento do setor
do etanol. A situação teria sido tão tranquilizadora que, de quinzenal, este
acompanhamento passou a ser mensal.
Segundo técnicos que participam desses grupos de trabalho, sobrou
álcool anidro depois que o governo mudou a mistura da gasolina. A expectativa é
que o problema estaria resolvido a curto prazo. Para os próximos três ou quatro
anos, é preciso esperar os resultados das medidas anunciadas no ano passado
para estimular financiamentos para a estocagem e produção do setor, por
exemplo, assim como o aumento da fatia da Petrobras nas vendas de etanol.
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