Milho: avanço da colheita pressiona preços no Sul
Brasília, 16 - Os preços do milho recuaram no Rio Grande
do Sul nas duas últimas semanas e se assentaram no nível de R$ 28 a R$ 28,50 no
mercado de lotes. Segundo um corretor gaúcho, as indústrias tentam derrubar os
preços, aproveitando o momento em que a prioridade está sendo dada à colheita e
ao transporte de soja, mas encontram resistências dos vendedores. Ele prevê que
os preços do milho devem voltar a subir em abril, em função da baixa
disponibilidade do cereal, provocada pela quebra de 40% da safra gaúcha, que
nesta época do ano é responsável pelo abastecimento do mercado local.
O boletim
semanal da Emater/RS, empresa de assistência técnica e extensão rural do
governo gaúcho, relata que a colheita do milho nesta semana alcançou 50% da
área cultivada no Estado e ficou 10 pontos porcentuais acima da média dos
últimos anos para esta época. Os técnicos da Emater/RS explicam que as altas temperaturas,
aliadas à baixa umidade, fizeram com que as plantas tivessem sua fisiologia
alterada, o que acelerou o processo de maturação.
Os
técnicos informam, ainda, que o calor e a falta de chuvas interromperam o
processo de formação das espigas, "o que gerou grãos pequenos e mal
formados, diminuindo sua qualidade". Segundo eles, o rendimento médio nas
lavouras colhidas gira ao redor dos 2,6 mil kg/ha. A situação é diversa, pois
varia desde a perda total até casos em que a produtividade ultrapassa os 6 mil
quilos em lavouras irrigadas.
Em seu
boletim semanal, os técnicos do Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada (Cepea/Esalq/USP) comentam que o ritmo atual dos negócios no mercado
de milho está semelhante ao do período de entressafra, sem refletir o avanço da
colheita, que atingiu 50% no Sul. Segundo eles, a opção dos produtores pela
comercialização da soja tem limitado a oferta de milho no mercado spot. As
expectativas divergentes quanto à tendência de preços para os próximos meses
também inibem vendedores e compradores para negócios em grandes volumes, dizem
eles.
Em Mato
Grosso, houve comentários sobre negócios na sexta-feira em Sorriso a R$ 16/saca
livre de impostos e a R$ 15 com origem em Vera e Nova Uriratã. Wanderley
Nascimento da Costa, analista da Cimpex Comércio de Cereais, de Sorriso,
observa que outro aspecto que limita os negócios com o milho safrinha em Mato
Grosso é o fato de 60% a 65% da produção já ter sido vendida antecipadamente.
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