Caminhões param entregas de combustível em SP, PM
fará escoltas
SÃO PAULO, 6 Mar (Reuters) -
A greve dos caminhoneiros que paralisou a entrega de combustíveis na cidade de
São Paulo deixou postos sem o produto nesta terça-feira e levou a Polícia
Militar a criar um gabinete de crise e fazer escoltas para aqueles que
decidirem entregar o produto apesar da paralisação.
Os
caminhoneiros protestam contra a restrição ao trânsito de caminhões na Marginal
Tietê, via que liga a cidade de São Paulo a importantes rodovias, como a
Presidente Dutra e a Fernão Dias.
Na noite desta terça-feira, o juiz Emilio Migliano Neto, da 7a Vara
da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu medida liminar
"para determinar que sindicatos acusados de promover ações com o objetivo
de impedir a distribuição de combustível em postos de gasolina da capital
paulista retomem a normalidade dos serviços".
Caso haja descumprimento da liminar, os sindicatos arcarão com
multa diária de 1 milhão de reais cada, segundo determinação do magistrado.
Houve relatos de violência contra caminhoneiros que tentaram
entregar combustível apesar da paralisação, o que levou o Sindicato Nacional
das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom) a
pedir auxílio da polícia para garantir a entrega dos combustíveis.
"Infelizmente, essas manifestações estão ocorrendo de forma
violenta, com depredações de diversos veículos e ameaças a funcionários e
motoristas", disse o Sindicom em nota.
"O Sindicom deu entrada ontem (segunda-feira) na Justiça em
pedidos de medidas cautelares, para assegurar proteção policial ostensiva ao
trânsito dos caminhões-tanques de suas associadas. Aguardamos estas decisões
para retomar as operações com segurança."
Só nesta terça a Polícia Militar realizou pelo menos seis escoltas
para garantir a entrega de combustíveis, mas segundo a assessoria de imprensa
da corporação, alguns motoristas estão se recusando a fazer entregas mesmo com
escolta por temores de que possam sofrer represálias posteriores.
As escoltas estão sendo coordenadas pelo gabinete de crise criado
pela Polícia Militar, que conta também com a participação da tropa de choque,
da Polícia Rodoviária e de representantes da prefeitura. Além de escoltas, a PM
também realiza policiamento preventivo para garantir segurança nas
distribuidoras.
O vice-presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros
Autônomos, Claudinei Pelegrini, nega participação da entidade nos episódios de
violência e alerta que a paralisação já afeta outros setores além da entrega de
combustíveis, como a entrega de mercadorias a supermercados e de materiais de
construção.
"Toda vez que um movimento ganha força, pessoas se infiltram
nele para desestabilizar. Eu não iria lá depredar o caminhão de um companheiro
que amanhã poderia estar ao meu lado carregando comigo na base", disse.
"Se a gente quisesse fazer alguma coisa, a gente trancava a Marginal",
acrescentou.
Pelegrini reclama que a restrição ao tráfego na Marginal Pinheiros
é a quinta imposta pela prefeitura ao trânsito de caminhões na cidade. Segundo
ele, em alguns casos, o trajeto feito para entrega de produtos pode subir em
mais de 100 quilômetros caso os caminhões não possam passar pela Marginal
Tietê.
A restrição aos caminhões na Marginal Tietê ocorre de segunda a
sexta das 5h às 9h e das 17h às 22h. Após às 9h desta terça, um grande fluxo de
caminhões entrou na via prejudicando o trânsito pela manhã na capital paulista.
Por volta das 11h, depois do horário de pico, a cidade registrou mais de 150
quilômetros de congestionamento.
"Nós não temos outra opção que não o fim da restrição",
disse Pelegrini, que disse aguardar um contato da prefeitura para negociar o
término da paralisação. "Que se tire pelo menos a restrição no período da
manhã", disse.
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