Jornal diz que sistema de aposentadoria 'extravagante segura
crescimento' do Brasil
Para 'Financial
Times', alto custo é responsável por crescimento 'voo de galinha' do país.
Uma
reportagem do jornal britânico Financial Times publicada nesta quarta-feira
afirma que o sistema 'extravagante' de aposentadorias do Brasil está 'segurando
o crescimento' do país.
A reportagem aparece em uma página cuja manchete destaca que o
Brasil se tornou a sexta maior economia do mundo, ultrapassando a Grã-Bretanha,
após o anúncio feito na terça-feira pelo IBGE dos números do PIB de 2011.
O texto sobre aposentadorias, assinado pelo correspondente do
jornal em São Paulo, Joe Leahy, cita o exemplo de uma filha de um veterano da
Segunda Guerra Mundial, que herdou a aposentadoria do pai - um direito fixado
pela lei brasileira. Por sentir que se trata de uma injustiça, a filha doa o
dinheiro para caridade todo mês.
'Ela não é a única que sente desconforto com o sistema
demasiadamente generoso de aposentadorias do país', escreve o jornal. 'O seu
custo extravagante contribui para distorções na economia que, segundo
analistas, evita que o Brasil atinja índices potenciais mais altos de
crescimento do produto interno bruto.'
O jornal afirma que o grande gasto do governo com aposentadorias
e salários - e a falta de poupança interna - é geralmente considerado o culpado
pelo 'padrão 'voo de galinha' do crescimento' do Brasil - caracterizado por
rápidos movimentos de 'superaquecimento' e desaceleração nos últimos dois anos.
'Esperança'
O Financial Times afirma que na semana passada, a Câmara dos
Deputados ofereceu um 'raio de esperança' ao aprovar o Fundo de Previdência
Complementar para os Servidores Públicos Federais (Funpresp), sistema que torna
as aposentadorias públicas mais parecidas com o sistema privado. O projeto
ainda precisa ser votado no Senado.
A reportagem de Leahy defende que o alto custo das
aposentadorias no Brasil 'restringe o dinheiro que o governo têm à sua
disposição para investimentos em infra-estrutura, educação e outras áreas,
contribuindo para a inflação ao restringir a capacidade da economia de fornecer
bens e trabalho.'
Segundo o jornal, a alta inflação contribui para juros mais
altos, que - combinados com impostos caros para cobrir as aposentadorias -
elevam o custo de se fazer negócios no Brasil. Outro problema seria o
envelhecimento gradual da população brasileira, que gera pressões maiores no
sistema de aposentadorias.
Na reportagem de manchete, o Financial Times lembra que o Brasil
ultrapassou a Grã-Bretanha como sexta maior economia do mundo, apesar da
desaceleração recente da economia brasileira.
O jornal afirma que a queda segue o mesmo padrão observado em
outros países emergentes, que também tiveram desaceleração nos últimos
trimestres do ano.
'No Brasil, o crescimento fraco pode dar impulso ainda maior aos
esforços do Banco Central de cortar a Taxa Selic de juros referenciais, quando
o seu comitê de política econômica se reunir hoje [quarta-feira] à noite.'
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