quinta-feira, 3 de maio de 2012

CHEQUE CAUÇÃO EM HOSPITAL É CRIME


Câmara torna crime exigência de cheque-caução em hospitais



BRASÍLIA - A Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira, em plenário, projeto de lei que torna crime a exigência de cheque-caução, nota promissória ou até preenchimento de formulário prévio para atendimento nas emergências de hospitais particulares. O texto segue agora para votação no Senado. No mesmo dia, os deputados também aprovaram a criação de um banco de DNA para auxiliar nas investigações de crimes violentos.
Encaminhado pelos ministérios da Saúde e da Justiça, o projeto altera o Código Penal e tipifica a exigência para atendimento hospitalar emergencial como crime de omissão de socorro. Atualmente, a prática de exigir cheque caução já é enquadrada como omissão de socorro ou negligência, mas não existe uma referência expressa sobre não atendimento urgente.
A pena definida pelo projeto é de detenção de três meses a um ano e multa. Hoje, a punição prevista para omissão de socorro é detenção de um a seis meses ou multa. Os agravantes continuam os mesmos, com aplicação da pena em dobro, se da prática resultar lesão corporal grave; e até o triplo, em caso de morte.
O diretor da Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça (MJ), Gabriel Sampaio, disse que a exigência de cheque-caução, carta promissória ou o uso de qualquer tipo de burocracia para criar obstáculos ao atendimento de emergência é inadmissível.
- Quando está tratando de vida, não se pode criar obstáculo. O que está se preservando é o direito de atendimento - explica.
A mudança no Código Penal foi aprovada pela Câmara depois da morte de um servidor do MInistério do Planejamento, que não teria sido atendido em um hospital de Brasília porque não portava documentação e talão de cheques. Porém, Gabriel Sampaio informou que esse não foi um caso isolado e que o Ministério da Saúde já estudava medidas para coibir a prática.
Os deputados Amauri Teixeira (PT-BA) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) deram pareceres favoráveis pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, respectivamente. Segundo Faria de Sá, é um "absurdo" que o hospital exija caução, promissória ou qualquer entrave burocrático antes do atendimento emergencial. "O primeiro atendimento é fundamental para salvar a vida, e esses minutos perdidos com burocracia serão preciosos", disse.
O projeto prevê também a obrigatoriedade de os estabelecimentos afixarem, em local visível, cartaz ou equivalente com a informação de que constitui crime a exigência dessas garantias financeiras ou ainda o preenchimento prévio de formulários para o atendimento.
O governo federal passou a dar atenção especial à recusa de atendimento em hospitais particulares desde a morte do então secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, em 19 de janeiro deste ano. Após ter passado por dois hospitais privados de Brasília, Duvanier acabou falecendo em um terceiro estabelecimento particular. Segundo a família do ex-secretário, na ocasião, os hospitais teriam exigido a entrega de um cheque-caução.

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