Brasil e China terão 'permuta' de
moeda local no valor de R$ 60 bilhões
Cada país pode sacar o
valor em real ou iuan nos BCs brasileiro ou chinês.
Também foi assinado acordo para venda de avião brasileiro à China.
O ministro da Fazenda, anunciou
nesta quinta-feira (24), no Rio de Janeiro, que Brasil e China assinarão um
acordo para a criação de swap (permuta) em moeda local no valor de R$ 60
bilhões.
O acordo possibilitará a cada país sacar os
recursos em real ou yuan nos momentos de falta de liquidez provocada por crises
financeiras. A decisão foi tomada após reunião bilateral da presidente Dilma Rousseff com o
primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, no Riocentro, onde acontece a
Rio+20.
“Assinamos um protocolo de intenções de criar um swap de
moeda local com a China. Brasil e
China assinarão o swap de moeda local, no valor de R$ 60 bilhões,
aproximadamente US$ 30 bilhões [...] Swap nada mais é que créditos recíprocos
em moeda local”, afirmou Mantega.
Segundo o ministro, a operação representará
uma reserva adicional aos governos chinês e brasileiro no caso de faltarem
recursos para investimentos.
“Este swap será construído nas próximas
semanas entre os dois países. Isso significa que a China poderá sacar no Banco
Central brasileiro até R$ 60 bilhões que ela poderá utilizar em suas ações
comercias, no comércio bilateral entre os países, e vice-versa. O Brasil poderá
sacar o mesmo valor em iuan”, disse.
Mantega destacou que a “medida reforça a
situação financeira de ambos os países”. “É como se tivéssemos reserva
adicional de recursos num momento em que a economia internacional está
estressada”, explicou.
O ministro ressaltou que, diante da crise
internacional, os países com economia “mais dinâmica”, são os emergentes.
Segundo ele, as nações que integram os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia,
Índia China e África do Sul, devem “compartilhar esse dinamismo econômico”.
“Tendo swap de moedas ente os dois países, o
nosso comércio continua girando, porque nós teremos crédito em moedas a nossa
disposição”, afirmou.
Acordos comerciais
Brasil e China assinaram ainda um “plano decenal de cooperação” que, segundo Mantega, implicará em um “conjunto de iniciativas com aproximação no campo comercial, com investimentos tecnológicos, cultural e agrícola.”
O ministro destacou que, com a aproximação da
relação comercial, os dois países estão sendo elevados à condição de “parceiros
estratégicos globais”.
“Queremos expansão na área dos investimentos,
de empresas chinesas no Brasil e empresas brasileiras na China. Queremos
diversificação da pauta comercial. A China está passando por transformação
importante. Com a crise, a China está estimulando o seu mercado interno. O
mercado chinês poderá consumir não apenas commodities, mas também manufaturados
brasileiros”, afirmou.
Embraer
Mantega relatou também que foi assinado um protocolo de intenções para aumentar a exportação de aviões brasileiros à China. Segundo o ministro, serão fabricados no país asiático jatos executivos Legacy 600 e 650, da empresa brasileira Embraer.
O Brasil assinou ainda um protocolo para o
lançamento em parceria com a China de satélites meteorológico. Um dos satélites
será lançado neste ano, e o outro irá ao espaço daqui a dois anos, informou
Mantega. “Esses satélites possibilitarão a implantação de tecnologias
aeroespaciais a serem compartilhadas pelos dois países”, disse.
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