Produção de castanha-do-pará vira atividade lucrativa
para agricultores
Nesses dias de Rio+20, o
Brasil tem para mostrar um exemplo positivo de produção econômica e de
preservação ambiental.
Nesses
dias de Rio+20, com o tema da sustentabilidade em alta, o Brasil tem para
mostrar um exemplo positivo de produção econômica e de preservação ambiental.
Povos indígenas e agricultores assentados de Mato Grosso estão ganhando um bom dinheiro com a
castanha-do-pará. O preço nunca esteve tão alto: até R$ 3 o quilo. Na safra, os
irmãos Massola, migrantes catarinenses, catam em média dois mil ouriços por
dia, que eles quebram na própria mata para obter a castanha.
“Vai gerar na faixa de 30 latas, 300 quilos. Rende R$ 900 por
dia. Acho que melhor não precisa. Melhor, estraga”, brinca o agricultor Sedemir
Massola.
Os índios Zoró vivem um momento de recuperação cultural. A
castanha tem muito a ver com isso. Antes de organizarem uma associação para
vender castanha, a maior parte do dinheiro que entrava na aldeia vinha da
exploração ilegal de madeira. Os índios permitiam a entrada de madeireiros na
reserva a troco de migalhas. O colhedor de castanha Sócrates Zoró explorou madeira
no passado. O ganho era incerto e ele desistiu. Com a castanha, na última
safra, ele e os filhos receberam R$ 11.517.
“Venda dessa castanha é dinheiro à vista”, diz Sócrates.
Em um ritual, as mulheres Zoró preparam alimentos que levam
castanhas. Na hora do almoço, a equipe do JN foi recebida na aldeia com uma
comida especial: um peixe pintado, assado na brasa, com palha de babaçu. Também
havia palha de babaçu, mas o que se tinha era uma paçoca, feita de castanha,
misturada com carne de porco. É isso que foi feito no ritual.
A castanha é um alimento bem conhecido dos Zoró, mas só virou
produto valorizado depois que eles se aliaram a uma cooperativa de agricultores
assentados e, assim, conseguiram dominar o processo, que vai da coleta até a
venda da amêndoa, a R$ 25 o quilo. O óleo é comprado por uma indústria de
cosméticos a R$ 32 o litro.
É um sucesso, mas limitado. O extrativismo não madeireiro -
amêndoas, frutas, fibras, resinas - representa apenas 0,02% do PIB brasileiro.
“Existe já certa disponibilidade de recursos para realizar esse
trabalho, mas ainda falta muita formação, capacitação das pessoas, das
comunidades para acessar esses recursos e iniciar esse trabalho”, explica o
agrônomo Paulo César Nunes.
Quem chegou lá está entusiasmado. Os irmãos Massola até
numeraram as 800 castanheiras que exploram. Vai ser difícil alguém derrubar
esta mata.
“Tanto que lutamos para ter ela de pé aqui, do jeito que ela
está aqui, nós lutamos muito. Então, para nós, é muito bom, sabe. É um
patrimônio enorme para a gente”, conclui Sedemir Massola.
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