Uso de máquina derriçadora na colheita de café atrai
produtores
São Paulo, 13 - A demanda por máquinas para colher café
tem aumentado no sul de Minas Gerais, principal região produtora da commodity
no País. A máquina é chamada de derriçadora, mas na verdade é uma roçadeira com
um adaptador para colher o grão, conhecida como "mãozinha". A roçadeira
custa, em média, R$ 1.200 e a mãozinha, R$ 800,00. Mesmo com o preço da saca a
R$ 360 (no início do ano a saca era cotada a R$ 460), a aquisição tem
compensado para os agricultores. Usado no início por pequenos e médios
produtores em terrenos mais íngremes, o equipamento já conquistou os grandes
proprietários, sendo utilizado ao lado das colhedoras automotrizes.
Uma das grandes fabricantes do produto, a japonesa Honda
informa que teve aumento de 55% nas vendas de roçadeiras para o mercado de café
no acumulado de janeiro a maio de 2012 em relação ao mesmo período do ano
passado. A empresa não informou dados de unidades negociadas.
A Husqvarna, de origem sueca, aproveitou o crescimento
da demanda às vésperas da colheita e lançou sua derriçadora em março deste ano
e planeja "a venda de dezenas de milhares dessas máquinas no Brasil",
segundo o vice-presidente de Vendas e Serviços da empresa para a América do
Sul, Eloi Fernandes. A Husqvarna pretende expandir os negócios com sua
derriçadora para outros países produtores de café da América Latina. Desde
2010, quando entrou no segmento cafeeiro, as vendas do setor da Husqvarna
aumentaram cinco vezes, garante Fernandes.
Um dos motivos do aumento das vendas de derriçadoras,
segundo o coordenador Técnico da Cooperativa Regional de Cafeicultores em
Guaxupé (Cooxupé), Mário Ferraz, é que a mão de obra tem se tornado cara e
escassa.
Além disso, em alguns casos, a produtividade chega a ser
de três a quatro vezes maior quando comparada com a colheita tradicional feita
a mão, reduzindo custos em até 40%, comenta o professor da Universidade Federal
de Lavras (Ufla) Fábio Moreira, especialista no assunto.
Oito máquinas
Como neste ano espera sua mais farta produção em cerca
de 30 anos de trabalho na lavoura, Sebastião Raimundo Madeira, de 50 anos,
comprou oito derriçadoras para a colheita em seus sítios em Guaranésia, Nova
Resende e Guaxupé, no sul de Minas. "Já tinha umas oito de dez dedos e
resolvi comprar de 20 dedos agora porque vou colher de 3 mil a 3,5 mil sacas. Com
ela, o trabalho rende mais", diz.
Para Ferraz, da Cooxupé, outra vantagem é que o produtor
consegue finalizar a colheita em tempo, sem precisar buscar mão de obra não
especializada sazonal na zona urbana. Normalmente, na colheita com derriçadora,
trabalham duas ou três pessoas por pé: um com a máquina e um ou dois para
recolher o grão. O equipamento pode ser usado nas costas ou ter motores
laterais.
No entanto, nem sempre é mais vantajoso para o produtor
usar a derriçadora, lembra Carlos Fidélis, agrônomo da Cooxupé. "Compensa
se a lavoura for maior, a planta for alta e o espaçamento entre as ruas for
grande. Para pés de café de até 1,5 metro, a produtividade com a máquina
concorre com a mão de obra sem máquina e ainda tem o custo do combustível,
peças e reparos". Além disso, segundo o professor Moreira, "o
equipamento não colhe 100% dos frutos, deixando repasse de 10% a 15%".
Outros cuidados precisam ser tomados, pois o uso
inadequado pode danificar a planta e a máquina, que também pode não atingir o
volume desejado de colheita nessas condições, lembra Ferraz. A mão de obra
precisa ser qualificada e há custos com outros equipamentos, como protetor
auricular. O trabalhador que sabe manejar a derriçadora costuma ter salário
maior do que o funcionário que realiza a colheita manual.
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