“Nordeste vai ser o mais atingido por mudanças climáticas”, diz
especialista da Embrapa
O aquecimento
global já afeta a agricultura brasileira. Noites mais quentes prejudicam o
milho e o algodão. Quedas repentinas de temperatura impedem a floração do café.
A redução da oferta de água tira a produtividade da soja.
Os
efeitos do aquecimento global já podem ser sentidos no Brasil. Os resultados de
uma pesquisa inédita da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA),
que comprova o impacto na produtividade da nossa agricultura.
A natureza está em fúria com chuvas extremas, secas longas, o
mar subindo e o solo virando deserto. Os cientistas mediram, discutiram e
provaram: o clima está mudando e a humanidade precisa se proteger e evitar o
pior. Que riscos o Brasil corre? É o que fomos perguntar na Embrapa Informática
em Campinas que, com dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) montou um
centro de tecnologia de informação sobre mudanças climáticas. O alerta não pode
ser ignorado.
“O Brasil é um país vulnerável, e essa vulnerabilidade começa
exatamente na região costeira. Você caminha um pouco para o interior e a
agricultura também tem a sua vulnerabilidade e também as cidades. No meu
entendimento, a região nordestina, do semiárido nordestino, é a que mais vai
ser atingida”, afirma Eduardo Assad, agro climatologista da Embrapa.
Um estudo da Embrapa mostrou que no Centro-Oeste, por exemplo,
nos últimos 70 anos, o volume máximo de chuva diária subiu de 120 milímetros
para 200 milímetros. E o aquecimento do planeta? Eles compararam a temperatura
do pior cenário imaginado pelos cientistas com o que realmente aconteceu. E
houve mais calor do que o previsto. A conclusão é de que as mudanças climáticas
já afetam o Brasil.
Noites mais quentes prejudicam o milho e o algodão. Quedas
repentinas de temperatura impedem a floração do café. A redução da oferta de
água tira a produtividade da soja.
O Brasil está perdendo árvores como a sumaúma. As pessoas contam
que ela retém a água no período da cheia e libera no período da seca. Nós não
podemos abrir mão delas, porque o futuro do planeta terá menos água.
A árvore está no meio da Amazônia. Parece longe dos centros
urbanos, mas são as nuvens formadas na região Norte que garantem as chuvas no
Sudeste.
Fomos à parte mais verde da maior cidade do Brasil, São Paulo. A
proteção do patrimônio natural é uma questão dos grandes centos urbanos e da
floresta, de São Paulo e da Amazônia.
Quem vive na cidade está preocupado com o engarrafamento, com o
preço dos alimentos. Quem produz no campo, quer sol e água, no tempo certo. Mas
tudo está ligado. Os gases de efeito estufa emitidos nas cidades e no campo
pioram a vida urbana, aumentam o risco da agricultura. E as sementes da solução
podem estar sendo destruídas.
“Com o cerrado do jeito que está, nós podemos produzir muito e
precisamos investigar as plantas que estão ali. São 12 mil espécies que nós não
conhecemos e que têm um valor inestimável para fitoterápicos, para soluções de
alimentação, para biossoluções”, diz Assad.
A Sinop nasceu nos anos 70, quando o governo distribuiu grandes
áreas de terra para empresas, para forçar a ocupação da Amazônia. Sinop é uma
sigla que quer dizer Sociedade Imobiliária do Noroeste Paranaense e fica no Mato Grosso. É uma área de transição
entre cerrado e Amazônia, entre pecuária, agricultura e floresta, entre velhas
e boas práticas.
Naquela época, a lógica era derrubar tudo. Árvore no chão é que
era riqueza. Muita gente ainda pensa assim.
Fomos ao pátio de apreensões do Ibama na Sinop. Nos primeiros
meses deste ano, foram R$ 78 milhões em multas. Foram 125 autos de infração, 7
mil hectares de terras embargadas, e 41 tratores apreendidos.
Um trator é adaptado para o desmatamento. Ele tem garras que
arrastam os troncos das árvores que eles acham que têm maior valor comercial.
Tratores que deveriam ser usados na agricultura são usados para o desmatamento.
Eles têm estas lâminas que derrubam as árvores também de maior valor comercial.
Ao fim, é colocado o correntão. Com dois tratores e o correntão, as árvores são
derrubadas. Depois de tudo, o fogo e a destruição.
No momento em que nós visitávamos Sinop, o Ibama fez o maior
flagrante de desmatamento do ano na região. Foram 500 hectares com uso do
correntão. O Ibama de Sinop tem que cobrir 30 municípios. E, por isso, atua com
metas.
“A estratégia é descapitalizar o potencial infrator. Nós vamos
retirar o equipamento dele. E se ele ainda persistir, nós vamos retirar o grão
que ele produzir”, explica Evandro Selva, gerente do Ibama / Sinop.
O Bom Dia Brasil ligou para o dono das terras. Ele disse que
estava refazendo o pasto: "Talvez eu tenha feito errado de não ter buscado
uma licença de limpeza de pastagem. Acho que foi o meu grande erro. Eu não
sabia que tinha que ter a necessidade de arrumar uma licença dessas, entendeu?”
Há uma outra ameaça. Ela ronda os mares. O economista Jose Eli
da Veiga alerta. O uso excessivo de produtos químicos na agricultura mata a
vida nos oceanos.
“Para produzir alimentos em grande escala e alimentar a enorme
população crescente no mundo usamos fertilizantes nitrogenados que, em excesso,
entra na terra e chega aos mares. Nós estamos matando os mares e os oceanos são
mais importantes para a estabilidade da vida na terra que as florestas”,
explica José Eli da Veiga.
Estamos todos juntos no mesmo planeta. Estamos todos correndo os
mesmos riscos. Conflitos entre países ricos e pobres. Agricultura e meio
ambiente. Cidade e campo. Não fazem sentido.
Quando o clima muda, a agricultura perde.
Quando o clima muda, a agricultura perde.
As plantas da caatinga, do cerrado, da Amazônia, têm segredos
que ajudarão a produzir alimentos em tempos difíceis.
A vida precisa ser protegida nas florestas, nas cidades, nos
oceanos. Vinte anos depois, o mundo volta ao Rio de Janeiro com velhos medos e
uma nova esperança.
Bem vindo planeta Terra. Boa sorte a todos nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário