Orquídeas raras levam até 6 anos
para aflorar e podem custar R$ 5 mil
Produtor adapta ambientes para cultivar 700 exemplares em casa.
Exposição em Ribeirão
Preto reúne espécies criadas em todo o país.
"É preciso passar no orquidário todos os dias, senão corro o risco
de perder o trabalho de um ano inteiro por causa de uma praga", afirma
Marcos Gomes da Silva, 42 anos, que cultiva orquídeas em sua casa há 16 anos. A
dedicação descrita por ele e o tempo médio para a primeira florada de uma
espécie – que chega a seis anos - transformam delicadas plantas em verdadeiras peças
de colecionador, avaliadas em até R$ 5 mil em uma exposição realizada em
Ribeirão Preto (SP) até domingo (10) com exemplares de todo o país.
Silva começou a se envolver com a atividade quando seu filho nasceu e
sua esposa ganhou uma orquídea trazida da Ásia. “Para poder mantê-la, fui
estudar o assunto”, lembra.
A mesma planta continua viva até hoje e faz parte de uma coleção formada
por aproximadamente 700 vasos divididos em quatro estufas dentro de sua casa.
“O mais difícil é simular climas diferentes no mesmo ambiente”, diz o produtor
sobre a tarefa de cultivar espécies nascidas em lugares como Amazônia, México,
Malásia e Japão.
Para isso, segundo o orquidófilo, alguns macetes ajudam, como o controle
de luminosidade e de umidade das plantas. “99% das orquídeas morrem por excesso
de água”, afirma o ribeirão-pretano, que não se contenta com as plantas que já
tem em casa.
“Caro
mesmo é comprar espécies diferentes”, diz, a respeito de uma Cattleya
Lueddemanniana Caliman, espécie incidente na Venezuela e no Norte do Brasil que
adquiriu por R$ 900 para aumentar suas chances entre os dois mil vasos que
integram a 49ª edição da competição nacional em Ribeirão Preto e que foram
trazidos principalmente de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina.
“Paguei isso para ter apenas uma parte da planta com no máximo cinco ou seis
bulbos”, explica.
Competição
A atenção aos detalhes, tão importante para Silva, é determinante para o júri formado por especialistas que avaliam as melhores flores no festival de orquídeas, cuja premiação será neste domingo.
Além de formato, tamanho e coloração, são observadas as
condições de saúde da planta, o que faz com que uma pequena imperfeição
provocada por algum fungo, por exemplo, custe a derrota aos produtores,
explica João Carlos Daguano, presidente da Associação Orquidófila de Ribeirão
Preto (Assorp). “É uma avaliação complexa”.
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