Rum: mais um ponto de discórdia entre Cuba e EUA
Havana,
12 jun (EFE).- Cuba resiste a dar por perdida uma de suas várias 'batalhas' com
os Estados Unidos: o rum Havana Club, objeto de um longo litígio pela
comercialização da marca em território norte-americano.
Perante a decisão da Corte Suprema americana em negar à
Cubaexport e à francesa Pernod Ricard a renovação do direito para comercializar
a marca nos EUA, Havana advertiu Washington de que a atitude 'desrespeitosa'
põe em risco as seis mil marcas e patentes americanas vendidas na ilha.
Havana diz ainda ter um 'plano B' para vender seu rum nos EUA
com a Habanista, marca que, segundo representantes do grupo cubano-francês
Havana Club International e do próprio governo, será a nova opção comercial
para defender ali o produto cubano, após um processo legal que transcendeu o
âmbito político.
Exemplo disso é que o governo cubano elevou o litígio a 'assunto
oficial'. Em maio, a Corte Suprema dos EUA negou a possibilidade de a companhia
francesa Pernord Ricard renovar o registro que Havana Club tinha no país desde
1976.
O litígio da Pernod Ricard e da Cubaexport, sócios da Havana
Club International desde 1993, começou em 2006, quando o Departamento do
Tesouro não renovou a licença de negócios da empresa francesa.
O motivo da decisão foi uma lei de 1998 que proibiu a renovação
de marcas comerciais cubanas associadas a propriedades nacionalizadas após a
revolução de 1959 e que, segundo Havana, foi aprovada por manobras da 'máfia
anticubana de Miami' e da companhia Bacardi.
Como distribuidora internacional do Havana Club, a Pernod Ricard
já havia enfrentado a Bacardi em 1994, quando a companhia porto-riquenha
solicitou uma permissão às autoridades americanas para registrar a mesma marca.
Anos mais tarde, em 2010, uma decisão judicial desprezou a
reivindicação dos franceses e permitiu à Bacardi comercializar o rum nos EUA. A
família Arechabala, que criou a fórmula do rum Havana Club em 1935 e,
posteriormente, vendeu os direitos à Bacardi, exportava a bebida alcoólica aos
EUA até que, em 1960, o governo cubano nacionalizou a indústria e a marca do
produto
A diretora jurídica da Havana Club International S.A., Olivia
Lagache, afirmou que atualmente o grupo estuda as 'ações possíveis' após o
veredicto de maio.
No entanto, Lagache alegou que a decisão judicial não tem
consequências sobre a estratégia global da bebida, que em 2011 vendeu cerca de
quatro milhões de caixas em mais de 120 países e que, segundo seus diretores,
constitui a segunda marca de rum mais vendida do mundo.
De sua parte, o Governo cubano acusa Washington de 'roubar' a
marca, de violar convênios internacionais e normas da Organização Mundial do
Comércio (OMC), e garantiu que não ficará de braços cruzados.
A Chancelaria cubana declara que enviou, nos últimos dois anos,
'um grande número de notas diplomáticas às autoridades norte-americanas
interessadas no registro' do Havana Club, e ressaltou as responsabilidades do
Departamento de Estado e do Tesouro no resultado final da disputa.
Cuba avisa que 'vai continuar lutando' com a Pernord Richard
para denunciar a 'arbitrariedade' cometida contra a marca e se reserva o
direito de 'empreender todas as ações e medidas que considerar pertinentes a
qualquer momento'.
Como pano de fundo de todo o problema está o fato de que, ainda
com um registro de marca habilitado, Cuba não poderia comercializar Havana Club
nos EUA devido ao bloqueio econômico que Washington impõe ao país há meio
século, o que transforma todos seus esforços em uma batalha visando ao futuro.
'Se fosse uma questão de marcas, marcas temos e marcas teremos',
disseram na terça-feira os responsáveis da Cubaexport, antes de se referir à
Habanista, nova aposta da empresa para o mercado americano em um cenário sem
bloqueio.
A nova marca teria a mesma garrafa, o mesmo rum e a mesma linha
de produtos que o clássico Havana Club, e acaba de ser registrada nos EUA.
'Quando o bloqueio acabar, vamos vender Habanista nos EUA.
Estamos prontos para fazer isso', assegurou o diretor-geral da Havana Club
International, Jerome Cottin-Bizzone.
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