Grimes, a nova voz que vem do
Canadá
RIO - No primeiro vídeo de seu novo disco, "Visions", a
cantora canadense Claire Boucher (também conhecida como Grimes) resolveu
mergulhar no mundo dos esportes: com cabelo cor-de-rosa, cara de quem não está
nem aí e um jeito todo desengonçado de dançar, ela dubla a canção
"Oblivion" nas arquibancadas de estádios enquanto acontecem
competições de motocross e futebol americano.
Ao saber, em um papo por Skype, que "Visions" (já
apontado pela crítica internacional, como o semanário "NME" e o site
Pitchfork, como um dos melhores álbuns do pop alternativo de 2012) foi lançado
no Brasil (pelo selo Lab 344), ela comemora - e conta que quer estar aqui em
2014, para a Copa do Mundo.
- Meu pai e meu irmão se amarram em futebol. E eu acompanho os
jogos quando é Copa - conta a simpática moça de 24 anos que, na verdade, deve
vir ao Brasil antes disso, para shows em fevereiro ou março do ano que vem.
Entre Donna Summer e Björk
Grimes é uma artista difícil de definir. Ela faz música eletrônica
- eletropop experimental, com intenções dançantes e pouco polimento sonoro -
como moldura para colagens de uma voz incomum, que já foi (bem ou mal)
comparada às de Donna Summer, Enya, Björk e Kate Bush. Depois de lançar músicas
em fitas cassete e CDs por um pequeno selo da cena de vanguarda pop de
Montreal, ela chegou aos ouvidos da 4AD, uma das mais importantes gravadoras
independentes do mundo, de bandas como Pixies e Bon Iver.
- Inicialmente, eu pensava em lançar "Visions" aqui pelo
nosso selo. Mas aí fui tocar num festival em Nova York e o pessoal da 4AD me
viu lá e quis me contratar. Foi um negócio surreal - recorda-se ela, que passou
então a fazer parte do mesmo time de um de seus heróis, um grupo inglês de
pós-punk dos anos 1980 chamado Cocteau Twins.
- Eu os descobri quando tinha 14 anos e era apenas uma garota
gótica que curtia Marilyn Manson - diz Grimes. - Eu queria muito ouvir uma
banda gótica com uma menina cantando, e eles viraram uma das minhas grandes
influências.
Ecos do som etéreo do Cocteau e da voz vaporosa de Elizabeth Frazer
podem ser ouvidos por todo canto em "Visions", disco que começou a
nascer no nono dia de um total de três semanas que Grimes passou sozinha em
casa.
- Comi e dormi muito pouco durante esse tempo. Aí começou a vir o
estímulo para criar, as visões - diz.
Apesar de um modus operandi experimental, a cantora garante que
seu universo é o do pop, o mesmo de Lady Gaga.
- O importante é que a música siga quebrando barreiras, e que eu
goste do resultado. Faço música para mim mesma. Acho que há artistas no mainstream
que são inovadores, como o Outkast. Eles não têm menos valor artístico do que
as bandas indie só porque fazem sucesso. Mas eu não conseguiria fazer como eles
e entrar numa grande gravadora - diz ela, ainda surpresa com as pessoas que
veem "Visions" como um disco alegre e dançante. - Eu estava sofrendo,
me torturando quando o fiz!
Atualmente, Grimes se apresenta sozinha, com seus teclados e
programações. Mas vem pensando em levar mais elementos para o palco:
bateristas, dançarinos, projeções... A imagem é essencial.
- A forma como penso nas músicas é muito visual. Daí que o passo
seguinte era dirigir meus próprios vídeos. Tenho visões muito fortes, não
conseguiria deixar outra pessoa realizá-los - conta ela, que prepara agora um
vídeo para "Genesis", outro potencial hit de "Visions". -
Sou ambiciosa, quero ser grande!
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