Obra não autorizada pode ter abalado estrutura do prédio mais alto
Peritos estão
acompanhando o trabalho dos bombeiros e da Defesa Civil para tentar determinar
a causa do acidente. Mas as autoridades já têm uma hipótese para o que possa
ter provocado o desabamento.
Peritos
estão acompanhando o trabalho dos bombeiros e da Defesa Civil para tentar
determinar a causa do acidente. Mas as autoridades já têm uma hipótese para o
que possa ter provocado o desabamento.
O que provocou a queda dos prédios? A causa exata dos
desabamentos ainda está sendo investigada. Mas o especialista em gerenciamento
de riscos Moacyr Duarte diz que a maneira como tudo veio a baixo permite
descartar algumas possibilidades.
Ele explica que o prédio mais alto, onde começou o
desmoronamento, ruiu como numa implosão. A estrutura formada por vigas e
colunas começou a quebrar de cima para baixo. As lajes foram se sobrepondo. E à
medida em que os destroços se acumulavam, se espalhavam pelas laterais no
formato de uma pirâmide. Essa pilha de escombros atingiu e derrubou os outros
dois prédios vizinhos, num efeito dominó, acredita Moacyr.
“O processo todo é inferior a 10 segundos. É uma queda atrás da outra, é uma quebra de coluna atrás da outra, eu acho que o castelo de cartas é a melhor ideia para entender o colapso progressivo”.
“O processo todo é inferior a 10 segundos. É uma queda atrás da outra, é uma quebra de coluna atrás da outra, eu acho que o castelo de cartas é a melhor ideia para entender o colapso progressivo”.
Segundo o especialista, características como estas eliminam a
possibilidade de explosão.
“A explosão implicaria em a gente ter fragmentos projetados no
nível da explosão e, segundo, a explosão de gás, que seria a mais possível, não
tem força de abalar dessa maneira as colunas”.
“Os engenheiros que lá estiveram eles praticamente descartam a
possibilidade de explosão, dadas as características do que aconteceu, e falam,
muito provavelmente, de um problema estrutural. Agora vamos ter que aguardar as
investigações”, declara o prefeito Eduardo Paes.
Instabilidade do terreno também seria uma causa pouco provável
para Moacyr Duarte.
“As pessoas que estavam no térreo conseguiram sair, se fosse um
colapso de baixo pra cima, com um movimento de solo iniciando, esse seria o
primeiro pavimento colapsado e o resto viria em cima”.
Por enquanto, a Defesa Civil do Rio trabalha com uma única
hipótese para a causa da queda: uma obra que estava sendo feita no prédio mais
alto e que pode ter abalado a estrutura do edifício.
“É possível que a obra tenha comprometido alguma parte
estrutural do prédio e provocado um colapso súbito”, afirma o coronel Sérgio
Simões, secretário estadual de Defesa Civil do Rio de Janeiro.
A reforma, segundo pessoas que trabalhavam no prédio, acontecia
no 9º andar e tinha começado há dois meses.
A TO Brasil, empresa de tecnologia da informação que ocupava
seis andares do edifício, é apontada como a responsável pela obra.
Por telefone, nós conversamos com um funcionário, que preferiu
não se identificar e disse que os operários só trabalhavam à noite, depois do
expediente.
“O nono andar ele estava totalmente em escombros. Quebraram
tudo, deixaram só as bases das paredes”, conta.
Pelo relato da testemunha, as estruturas de sustentação do
prédio tinham sido removidas.
“Não tinha pilares, não tinha vigas”.
O irmão de uma funcionária da TO, que está desaparecida,
confirmou também que todas as paredes do andar em reforma foram derrubadas.
“Não sou engenheiro, mas não precisa ser muito esperto pra
entender que se você arrancar as paredes, o prédio fica sem estrutura e é óbvio
que ele vai vir a baixo”.
Vitor trabalhava no edifício Liberdade. Ele diz que quando
chegou ao prédio, na manhã desta quarta-feira, notou algo diferente.
"Eu vi cascalho na porta do elevador, é como se ele tivesse
caindo pelo poço do elevador".
O último registro de obras no prédio, segundo o Conselho
Regional de Engenharia do Rio, é de quase quatro anos atrás. Segundo o CREA, a
reforma que estava sendo feita era ilegal.
“Não tinha nada lá, não tinha nenhuma placa do lado de fora, não
tinha nem sinais como, por exemplo, a gente costuma ver quando tem obra, uma
caçamba na calçada, por exemplo. nem isso tinha lá”, observa Agostinho
Guerreiro, presidente do CREA-RJ.
Nenhum representante da empresa TO, citada na reportagem, quis
gravar entrevista para falar sobre a obra realizada no prédio. A companhia
divulgou uma nota em que lamenta o acidente.
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