Nove cidades envolvidas em
fraude no TCE
Conselheiros nomeavam apadrinhados nas prefeituras e depois
os requisitavam. Em troca, punição era barrada no tribunal.
Rio - Encarregados de fiscalizar o uso do dinheiro público nas
prefeituras do estado, conselheiros do Tribunal de Contas (TCE-RJ) são acusados
pelo Ministério Público Federal (MPF) de se aproveitar da função para cooptar
prefeitos e vereadores a participar do esquema fraudulento. Na denúncia
apresentada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), políticos de pelo menos nove
municípios são citados por envolvimento com a contratação irregular de
funcionários fantasmas do TCE.
Em troca da nomeação de pessoas ligadas aos membros da Corte,
políticos ficariam imunes a punições por mau uso dos recursos municipais. Casos
como o dos administradores de Vassouras e Rio Claro ilustram o documento que
deu origem à Ação Penal 691, em julgamento no STJ, Brasília.
Os outros municípios citados são Barra Mansa, Campos, Engenheiro
Paulo de Frontin, Queimados, Santo Antônio de Pádua e Valença. As
irregularidades teriam sido cometidas pelas prefeituras em gestões anteriores a
2009.
‘Condenado’ a devolver o equivalente a 6.621,82 Ufirs (R$
14.138,91) aos cofres públicos do município em maio de 2010, o ex-prefeito de
Vassouras, Eurico Pinheiro Bernardes Junior, conseguiu reduzir a multa aplicada
pelo TCE. Tal feito só foi possível, segundo o MPF, graças a ajuda do
conselheiro Aluisio Gama que, por pouco, não o livrou da punição.
O apoio seria uma forma de retribuir a nomeação de Pillar
Rodrigues Gama de Souza para cargo na Secretaria de Transportes de Vassouras,
em 2/7/2007. Pillar, que foi requisitada para trabalhar no TCE em 10/7/2007, é
sobrinha de Aluisio Gama.
Ela não foi a única parente do conselheiro nomeada para cargo
público numa prefeitura do interior, e cedida ao tribunal. Outro sobrinho de
Gama, Luciano Vianna de Souza, ganhou cargo na Secretaria de Administração de
Barra Mansa, em 19/03/2008. O ‘servidor’ foi cedido ao TCE no mesmo dia.
VOTO POR RIO BONITO
Situação parecida teria ocorrido na sessão de 16/06/2011. Na
época, o conselheiro José Gomes Graciosa votou contra parecer do corpo técnico
do tribunal, ao analisar recurso de multa ao ex-prefeito de Rio Bonito, Didácio
José de Moraes Pena. O político havia sido condenado a pagar multa de 2.500
Ufirs (R$ 5.338).
Em maio de 2008, Didácio assinou ofício cedendo funcionária que
nunca possuiu matrícula no município. O pedido de cessão foi do TCE, por
solicitação de Graciosa.
OS DENUNCIADOS
JÚLIO RABELLO, conselheiro TCE-RJ - Um dos quatro conselheiros acusados pelo MPF de ter contratado em seu gabinete funcionários fantasmas
ALUISIO GAMA,
conselheiro TCE-RJ - Ex-presidente do tribunal, é um dos acusados pelo MPF de
beneficiar seus
parentes no esquema
parentes no esquema
JONAS LOPES CARVALHO, conselheiro TCE-RJ - Atual presidente do
tribunal, denunciado ao STJ, assinou recontratação de funcionário demitido por
irregularidades em 2009
JOSÉ GOMES GRACIOSA, conselheiro - Ex-presidente da Corte, é
apontado como um dos conselheiros mais influentes e envolvido nas contratações
fraudulentas do tribunal.
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