UE quer derrubar barreiras no Brasil
Dinamarca assume a presidência da União Europeia, com a meta de abrir
mercados dos Brics e combater o ‘protecionismo’ brasileiro
GENEBRA
- O governo da Dinamarca assume a presidência temporária da União Europeia (UE)
amanhã com uma prioridade comercial: obter maior acesso aos mercados de Brasil,
Rússia, Índia e China para produtos europeus e, assim, amenizar a recessão que
afetará o mercado da UE em 2012. Mas o governo dinamarquês faz um alerta: a
proliferação de medidas protecionistas no Brasil precisa acabar, sob o risco de
afetar não apenas os parceiros comerciais, como a própria economia do País.
Enquanto na Dinamarca o governo se prepara para fazer uma
ofensiva nos mercados emergentes, a diplomacia permanente da UE em Bruxelas
poderá pedir consultas bilaterais com o Palácio do Planalto nos próximos meses
se constatar que as novas barreiras estão prejudicando suas exportações.
Acesso ao Brics. Diante da constatação de que não são os países
ricos quem crescerão nos próximos dois anos, a UE já admite que terá de partir
em busca de um novo relacionamento com os mercados emergentes se quiser manter
sua influência no mundo e ainda não perder espaço comercial.
"O acesso aos mercados dos países do Brics é nossa
prioridade número 1", afirmou ao Estado a ministra do Comércio da
Dinamarca, Pia Olsen Dyhr, que vai presidir os debates sobre o comércio no
bloco nos próximos seis meses.
Pelos cálculos da UE, uma recessão mais profunda somente será
evitada se as empresas locais conseguirem expandir suas entregas para os
mercados que ainda crescem. Nesta semana, o Banco Central espanhol indicou que
a economia local sofreu uma contração depois que as exportações do país pararam
de crescer. O consumo doméstico já havia desabado nos meses anteriores diante
dos pacotes de austeridade adotados pelo governo..
O Estado obteve confirmações que o interesse pelos países do
Brics não se limitará a uma ação pontual. O bloco europeu iniciará em janeiro
uma revisão de sua política externa para estabelecer, até março, uma nova
estratégia política de aproximação aos países do Brics.
A reavaliação teria como meta atualizar as prioridades da
diplomacia europeia diante das mudanças no cenário politico mundial. A
transformação do Brasil na sexta maior economia do mundo, a China passando a
ser a maior exportadora e Índia e Rússia despontando como mercados consumidores
exigiriam uma revisão das prioridades da União Europeia.
Hoje, a China é o segundo maior destino das vendas europeias no
mundo, a Rússia ocupa terceira colocação, a Índia é o oitavo principal destino
e o Brasil o nono. Juntos, o Brics consome um a cada cinco produtos exportados
pelos europeus.
Diante do peso do bloco emergente, a presidência dinamarquesa
estipulou que conseguir um maior acesso a esses mercados é mais importante que
qualquer outra iniciativa comercial da UE. Segundo os dinamarqueses, para cada
um dos governos emergentes haverá uma estratégia de aproximação. Com a Índia, a
esperança é a conclusão de um acordo de livre comércio.
No caso do Brasil, a Dinamarca não quer mais esperar a conclusão
de um acordo entre o Mercosul e a UE, em um impasse há cinco anos. Os europeus
vão incrementar os contatos bilaterais para derrubar entraves técnicos para
seus produtos e ainda buscar vias para fechar acordos de investimentos.
Protecionismo. A proliferação de barreiras comerciais adotadas
pelo Brasil é alvo de forte preocupação por parte dos europeus. Os
dinamarqueses alertam que a decisão de Brasília de adotar medidas
protecionistas em várias áreas está sendo acompanhada com "muita
preocupação" por parte dos europeus.
Em Bruxelas, diplomatas europeus confirmaram ao Estado que estão
realizando um levantamento de todas as áreas que podem estar sendo afetados
pelo novo protecionismo brasileiro. Com a avaliação feita, a UE pretende abrir
consultas com o governo brasileiro para tentar chegar a um acordo.
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