Pesquisa usa peixe-elétrico para indicar poluição da água
na Amazônia
Alteração na qualidade da água interfere na descarga elétrica de
espécies.
Estudo realizado em Roraima é coordenado pelo ICMBio e pelo Inpa.
Projeto desenvolvido por pesquisadores brasileiros conta com a ajuda de
peixes-elétricos (Gymnotiformes) para identificar possíveis alterações na
qualidade da água dos rios amazônicos, tornando estas espécies em mais uma
ferramenta de prevenção a alterações ambientais no bioma.
O motivo é que possíveis mudanças nos locais classificados como habitat
destas espécies afetariam as descargas elétricas emitidas por eles.
O estudo, desenvolvido por especialistas do Instituto Chico Mendes
(ICMBio) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), é realizado
em duas unidades de conservação federais de Roraima, localizadas
na bacia do Rio Branco.
De acordo com Romério Briglia Ferreira, analista ambiental e autor do
projeto, em conjunto com o pesquisador José Alves Gomes, do Inpa, é a primeira
vez que especialistas em ambiente aquático estiveram na região, compreendida
pelo Parque Nacional Serra da Mocidade e pela Estação Ecológica de Niquiá. Eles
aproveitaram ainda para coletar informações sobre os tipos de peixes existentes
nos rios da região.
“Em Roraima existem dois processos importantes que impactam a qualidade
da água. Um deles é o cultivo de arroz e o outro é o cultivo de peixes, como o
tambaqui, em cativeiro. Isso acarretaria em modificações nas águas e resultam
em assoreamento dos rios (elevação dos níveis de terra no fundo das bacias
hidrográficas devido à erosão)”, diz.
“Os peixes-elétricos utilizam as correntes elétricas (de cerca de 1
volt) para localização, comunicação e também para reprodução. Se a qualidade da
água sofrer alteração, o comportamento deles também se altera”, complementa.
Levantamento
De acordo com o pesquisador, com a ajuda de um equipamento foram gravadas 191 descargas elétrica de aproximadamente dez diferentes espécies de peixes da ordem Gymnotiformes.
De acordo com o pesquisador, com a ajuda de um equipamento foram gravadas 191 descargas elétrica de aproximadamente dez diferentes espécies de peixes da ordem Gymnotiformes.
As correntes serão testadas e comparadas com as de outros peixes que
vivem na região do Rio Negro, foco de pesquisa do Inpa.
A partir dos resultados, serão realizadas outras duas excursões de
pesquisadores às unidades de conservação de Roraima e, possivelmente, a criação
de um grupo que vai debater a forma de manejo para essas áreas.
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