Coreia do Sul mantém pendente
ajuda a refugiados
Seul, 19 dez (EFE).-
Embora o Governo da Coreia do Sul receba calorosamente os milhares de
norte-coreanos que chegam ao país após fugirem da repressão, uma crescente
minoria de refugiados de outras nacionalidades luta para sobreviver em meio à
indiferença das autoridades.
Yiombi
Thona, ex-agente de inteligência ameaçado de morte em seu país, a República
Democrática do Congo (RDC), vive precariamente em Seul apesar de ter obtido o
status de refugiado em 2008 após seis anos de tramitação de papéis e miséria
desde sua chegada ao país, em 2002.
"A
Coreia do Sul é um dos países de acolhimento mais hostis", opinou em
declarações à Agência Efe Thona, que chegou a Seul por acaso após fugir da
China ajudado por um compatriota e pedir asilo na primeira embaixada que
encontrou.
Enquanto
a Coreia do Sul acolhe a cada ano entre 2 mil e 3 mil norte-coreanos, desde
1994 o país recebeu um total de 2.915 pedidos de asilo de pessoas de outras
nacionalidades. Delas apenas 250, que representam 8,5%, foram aceitas, indicam
dados do Ministério da Justiça.
Choi
Won-geun, gerente da associação de ajuda a refugiados Nancen, critica que
"o solicitante de asilo na Coreia do Sul deve esperar até um ano para
obter seu status de refugiado e, durante esse período, não pode trabalhar
legalmente nem receber assistência alguma do Governo, exceto um seguro
médico".
Segundo
a ONG, o Governo sul-coreano ignora os refugiados para prevenir a imigração
ilegal em um país onde poucos questionam a habitual expressão "os
coreanos, em primeiro lugar".
No
caso dos norte-coreanos que fogem da fome e da repressão de uma das ditaduras
mais severas do planeta, a Coreia do Sul os recebe com uma quantia de cerca de
USS 18 mil, alojamento, programas de integração e pequenas ajudas financeiras
mensais, além da cidadania sul-coreana.
Os
demais refugiados, procedentes de países asiáticos como Paquistão e Mianmar e
da África, sobrevivem, em geral, da caridade ou trabalhando ilegalmente à noite
por salários ínfimos em pequenas fábricas têxteis ou siderúrgicas da periferia
de Seul.
Thona,
que aos 45 anos sonha em retornar algum dia à RDC, acreditava que o status de
refugiado o permitiria viver como qualquer outro estrangeiro residente na
Coreia do Sul.
"Apesar
de ter conseguido asilo em 2008, que me permitiu trazer minha mulher e meus
três filhos, não posso assinar um contrato de trabalho, alugar uma casa em meu
nome, comprar um telefone celular ou abrir uma conta bancária", relata.
Difícil
situação também vivem os norte-coreanos com pai chinês, que procuram ONGs como
a Nancen porque Seul nega tais benefícios a essas pessoas por serem
consideradas como cidadãs estrangeiras em seu próprio país, a Coreia do Norte,
e não serem reconhecidas pela China.
"O
máximo que conseguimos é que a Coreia do Sul nos considere apátridas e nos
deixe viver aqui", relatou Choi.
A
Nancen, que conta com seis funcionários, três deles regulares, e é financiada
por doações de 300 pessoas e pequenas empresas, faz contas impossíveis para
ajudar cerca de 80 casos diferentes.
"O
dinheiro não é gasto apenas com comida, teto e burocracia. Muitas vezes, temos
que pagar multas para tirar da prisão pessoas que pediram asilo e que as
autoridades prenderam por trabalharem ilegalmente", comenta Choi.
No
entanto, o gerente da Nancen espera que em breve Seul deixe de olhar para o
outro lado, "porque os pedidos de asilo têm aumentado cada vez mais, de
350 em 2009 e mais de 400 em 2010, para quase 700 que, segundo nossos cálculos,
serão registrados neste ano"
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