Após queda do governo, Holanda marca eleições para 12 de
setembro
Premiê liberal Mark Rutte
pediu demissão na segunda-feira (25).
Impasse sobre cortes
orçamentários exigidos pela UE derrubou gabinete.
A
Holanda convocou eleições parlamentares para 12 de setembro em decorrência da
queda do governo, motivada por uma disputa sobre os cortes orçamentários
necessários para que o país em crise atenda às metas fixadas pela União
Europeia.
A queda do governo e a antecipação das eleições deixam o país
prestes a atravessar um período de incerteza política e econômica.
Quinta maior economia da zona do euro, a Holanda vinha sendo um
dos países mais estáveis, mas mergulhou em uma crise política na segunda-feira,
quando o governo perdeu o apoio de seu maior aliado no Parlamento, como parte
da crescente resistência às medidas de austeridade da União Europeia.
Na véspera, o primeiro-ministro demissionário, o liberal Mark
Rutte, pediu apoio do Parlamento para a aprovação das medidas de redução do
déficit público.
Segundo ele, os problemas são graves demais para que o país
fique parado.
"A economia tropeça, o mercado de trabalho está sob pressão
e a dívida pública aumenta mais rápido do que podemos pagar", afirmou o
primeiro-ministro.
Mark Rutte, que na terça-feira apresentou à rainha Beatrix a
renúncia de seu governo de centro-direita, o que abriu caminho para as eleições
antecipadas, disse que contava com o apoio do Parlamento para fazer "o
necessário para tirar a Holanda desta difícil situação econômica".
Após o
fracasso das negociações com seu aliado Geert Wilders, líder do Partido da
Liberdade (PVV), extrema-direita, que se opõe a medidas de austeridade para
reduzir o déficit, o governo deixou de ter maioria no Parlamento.
Para poder adotar um orçamento de austeridade, Rutte precisa do
apoio de partidos da oposição.
O projeto orçamentário para 2013, cujo esboço deverá ser
apresentado à Comissão Europeia, inclui medidas para reduzir o déficit público
- que em 2011 foi de 4,7%, acima do limite da zona do euro, estabelecido em 3%.
Geert Wilders decidiu não apoiar o plano que prevê cortes de 16
bilhões de euros.
"Minha lealdade é com a Holanda em primeiro lugar e não com
Bruxelas", declarou Wilders no Parlamento, onde defendeu a soberania dos
Países Baixos.
O pacote de medidas do governo prevê um ligeiro aumento do
Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), o congelamento dos salários dos
funcionários públicos e uma redução do orçamento da saúde e da cooperação.
"Este é um pacote de medidas que asfixia o cidadão",
justificou Wilders.
"Nós dissemos isso desde o primeiro dia e repetimos durante
sete semanas: a regra dos 3% não é sacrossanta para nós", disse o líder da
extrema-direita.
Enquanto isso, o líder do Partido Trabalhista (PvdA), Diederik
Samsom, segunda força política do país com 30 deputados em 150, afirmou que não
precisava "segurar a todo custo para manter os 3%".
O Partido Liberal (VVD) de Mark Rutte está "disposto a
negociar", disse Stef Blok, chefe do grupo parlamentar, mas "é
evidente que o déficit deve ser reduzido".
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