quarta-feira, 25 de abril de 2012

ELEIÇÕES NA HOLANDA


Após queda do governo, Holanda marca eleições para 12 de setembro



Premiê liberal Mark Rutte pediu demissão na segunda-feira (25).
Impasse sobre cortes orçamentários exigidos pela UE derrubou gabinete.


A Holanda convocou eleições parlamentares para 12 de setembro em decorrência da queda do governo, motivada por uma disputa sobre os cortes orçamentários necessários para que o país em crise atenda às metas fixadas pela União Europeia.
A queda do governo e a antecipação das eleições deixam o país prestes a atravessar um período de incerteza política e econômica.
Quinta maior economia da zona do euro, a Holanda vinha sendo um dos países mais estáveis, mas mergulhou em uma crise política na segunda-feira, quando o governo perdeu o apoio de seu maior aliado no Parlamento, como parte da crescente resistência às medidas de austeridade da União Europeia.
Na véspera, o primeiro-ministro demissionário, o liberal Mark Rutte, pediu apoio do Parlamento para a aprovação das medidas de redução do déficit público.
Segundo ele, os problemas são graves demais para que o país fique parado.
"A economia tropeça, o mercado de trabalho está sob pressão e a dívida pública aumenta mais rápido do que podemos pagar", afirmou o primeiro-ministro.
Mark Rutte, que na terça-feira apresentou à rainha Beatrix a renúncia de seu governo de centro-direita, o que abriu caminho para as eleições antecipadas, disse que contava com o apoio do Parlamento para fazer "o necessário para tirar a Holanda desta difícil situação econômica".


O primeiro-ministro demissionário da Holanda, Mark Rutte, fala ao Parlamento nesta terça-feira (24) (Foto: AP)O primeiro-ministro demissionário da Holanda, Mark Rutte, fala ao Parlamento nesta terça-feira (24

Após o fracasso das negociações com seu aliado Geert Wilders, líder do Partido da Liberdade (PVV), extrema-direita, que se opõe a medidas de austeridade para reduzir o déficit, o governo deixou de ter maioria no Parlamento.
Para poder adotar um orçamento de austeridade, Rutte precisa do apoio de partidos da oposição.
O projeto orçamentário para 2013, cujo esboço deverá ser apresentado à Comissão Europeia, inclui medidas para reduzir o déficit público - que em 2011 foi de 4,7%, acima do limite da zona do euro, estabelecido em 3%.
Geert Wilders decidiu não apoiar o plano que prevê cortes de 16 bilhões de euros.
"Minha lealdade é com a Holanda em primeiro lugar e não com Bruxelas", declarou Wilders no Parlamento, onde defendeu a soberania dos Países Baixos.
O pacote de medidas do governo prevê um ligeiro aumento do Imposto sobre o Valor Agregado (IVA), o congelamento dos salários dos funcionários públicos e uma redução do orçamento da saúde e da cooperação.
"Este é um pacote de medidas que asfixia o cidadão", justificou Wilders.
"Nós dissemos isso desde o primeiro dia e repetimos durante sete semanas: a regra dos 3% não é sacrossanta para nós", disse o líder da extrema-direita.
Enquanto isso, o líder do Partido Trabalhista (PvdA), Diederik Samsom, segunda força política do país com 30 deputados em 150, afirmou que não precisava "segurar a todo custo para manter os 3%".
O Partido Liberal (VVD) de Mark Rutte está "disposto a negociar", disse Stef Blok, chefe do grupo parlamentar, mas "é evidente que o déficit deve ser reduzido".

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