Cientistas criam fibras orgânicas
que se constroem sozinhas
Paris, 22
abr (EFE).- Duas equipes de pesquisadores franceses conseguiram criar
nanofibras orgânicas com múltiplas utilidades no campo da microeletrônica
capazes de construir-se por si próprias, o que permite reduzir os custos para
sua produção, anunciou neste domingo o Centro Nacional de Pesquisa Científica
(CNRS) da França.
O experimento, realizado por especialistas do CNRS e da
Universidade de Estrasburgo, mostra que as fibras, de poucos nanômetros de
espessura, se reproduzem simplesmente com a aplicação de um flash luminoso,
processo muito mais simples e barato que o empregado para fabricar outros
materiais como os nanotubos de carbono.
"A vantagem destes novos filamentos é que reúnem o bom dos
dois materiais condutores de eletricidade (os polímeros orgânicos plásticos e
os metais): são leves e flexíveis como os primeiros e conduzem a eletricidade
quase como os segundos", explicou à Agência Efe um dos autores do estudo,
Nicolas Giuseppone.
A equipe do CNRS já tinha conseguido obter em 2010 este tipo de
nanofibra ao modificar quimicamente moléculas de sínteses, as chamadas triaryl-aminas,
utilizadas há décadas para produzir um tipo de fotocópia.
Porém, as propriedades condutoras dos novos filamentos não haviam
sido evidenciadas até agora.
Ao lado de Bernad Doudin e seu grupo de pesquisadores da
Universidade de Estrasburgo, Giuseppone pôs as novas moléculas em contato com
um microcircuito eletrônico composto por eletrodos de ouro e aplicou um campo
elétrico entre elas.
O experimento revelou, por um lado, que as fibras se construíam
"por si só no lugar correto" entre os eletrodos, o que permitia
poupar a manipulação dos componentes, algo "muito complicado em tão
pequena escala", segundo Giuseppone.
Além disso, mostrou que os filamentos eram capazes de transmitir
densidades de corrente "extraordinárias", muito similares às do
cobre, algo "extremamente importante e raro", ressaltou o cientista,
dada a má condutividade geral dos componentes orgânicos.
Agora, os pesquisadores buscam comprador para este novo material,
que poderia integrar-se à escala industrial em aparelhos eletrônicos como telas
flexíveis, células solares, transistores e nanocircuitos impressos, entre
outros, com um custo e um peso inferior aos habituais.
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