Lucro da Vale no 1o tri cai 40,5%
para R$6,72 bi
RIO DE
JANEIRO, 25 Abr (Reuters) - A Vale registrou lucro líquido de 6,72 bilhões de
reais no primeiro trimestre deste ano, queda de 40,5 por cento ante o mesmo
período do ano passado, devido às chuvas intensas que afetaram as operações e
aos preços menores do minério de ferro, informou a companhia nesta
quarta-feira.
"Além dos efeitos regulares da sazonalidade causados por
condições climáticas adversas, devido ao verão no hemisfério sul, especialmente
no Brasil e na Austrália, e do inverno no Canadá, este ano chuvas anormais nos
sites de minério de ferro no Brasil criaram desafios para a produção e para a
logística, restringindo os embarques", assinalou a maior produtora de minério
de ferro do mundo.
Na comparação com o quarto trimestre do ano passado, a queda no
lucro foi de 19,6 por cento.
Os preços do minério de ferro no mercado internacional - cerca
de 20 por cento menores do que os valores praticados um ano antes - também
afetaram o resultado.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortizações) registrado pela Vale foi de 8,79 bilhões de reais no primeiro
trimestre, uma queda de cerca de 31 por cento, segundo a empresa.
As chuvas intensas no Brasil contribuíram não apenas para
reduzir os embarques, mas também para elevar custos, disse a empresa.
"Serviços de dragagem e manutenção corretiva adicionais
foram necessários para lidar com os efeitos da forte chuva em nossas minas a
céu aberto", citou a empresa.
Paralelamente, o número de empregados da Vale passou para 82.892
em março de 2012, ante 79.646 em dezembro de 2011 e 71.975 em março de 2011,
causando incremento nos custos de 76 milhões de reais em relação ao final do
ano passado.
VENDAS
As vendas de minério de ferro da Vale no primeiro trimestre de
2012 atingiram 54,79 milhões de toneladas, ante 57,74 milhões de toneladas em
igual período do ano passado. Houve aumento de estoques.
A empresa informou na semana passada que a produção de minério
de ferro atingiu quase 70 milhões de toneladas no primeiro trimestre, queda de
2,2 por cento ante os 71,5 milhões de toneladas um ano antes.
Em 11 de janeiro de 2012, a mineradora declarou força maior
devido às chuvas, "que causaram um efeito negativo nos Sistemas Sul e
Sudeste devido à paralisação das operações de mina e na ferrovia", disse a
Vale.
A produção de níquel foi de 63.200 toneladas, 5.300 toneladas
menor do que no trimestre anterior, mas 7,5 por cento acima do primeiro
trimestre de 2011.
"Nossas operações de mineração de níquel em Sudbury
sofreram uma suspensão temporária em fevereiro para reavaliação das condições
de segurança, e a retomada da produção foi mais lenta que esperado",
afirmou.
DIAS MELHORES
Por outro lado, a empresa informou que já viu, em março, uma
melhora nos embarques de minério de ferro, seu principal produto.
"O período chuvoso terminou, os embarques de minério de
ferro aumentaram significativamente em março e estamos confiantes de que iremos
entregar os volumes de vendas planejados para este ano", afirmou a
mineradora.
Além disso, a companhia espera contar com um mercado demandante.
"O mercado global de minerais e metais deve permanecer
aquecido, e continuamos bem preparados para explorar as oportunidades para
criação de valor", disse a Vale em comunicado.
Segundo a empresa, "o pior para a economia da China já
passou e uma reaceleração do crescimento já está tomando forma".
QUEDA EM LINHA COM EXPECTATIVA
Em US GAAP, o lucro da Vale somou 3,8 bilhões de dólares, queda
de 43,9 por cento na comparação com o mesmo período do ano anterior.
A queda foi bem próxima da expectativa de analistas consultados
pela Reuters, que previram uma redução de 45 por cento no lucro da mineradora.
"O resultado reflete a combinação de chuvas bem mais fortes
do que ocorre historicamente, o acidente em uma ponte em Carajás e o aumento de
despesas com a entrada em operação de novos projetos da companhia", disse,
antes de sair o resultado, o vice-presidente de Mineração e Siderurgia para
América Latina do Goldman Sachs, Marcelo Aguiar.
INVESTIMENTOS
Os investimentos da Vale no primeiro trimestre, excluindo
aquisições, somaram 3,7 bilhões de dólares, aumento de 34 por cento em relação
ao mesmo período de 2011.
Salobo, projeto de cobre da empresa com capacidade de 100 mil
toneladas, entrará em operação nas próximas semanas.
"Simultaneamente à conclusão de Salobo, estamos investindo
no projeto Salobo II, de igual capacidade nominal estimada", informou a
Vale.
Outros projetos de peso para Vale estão sendo desenvolvidos, em
processo de ramp-up, com perspectivas de dar retorno para a companhia "num
futuro próximo". São exemplos Moatize (carvão em Moçambique), Onça Puma
(níquel no Brasil) e Bayóvar (fertilizantes no Peru).
"São novas plataformas para criação de valor, cujo
potencial deve se materializar num futuro próximo", acrescentou.
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