Concorrência com a Índia prejudica produtores de juta
amazonenses
Cheia do rio Solimões também causa
prejuízos aos agricultores.
Estoque de cooperativa tem 600 toneladas de fibras à
espera de comprador.
A cheia
do rio Solimões prejudica a safra da juta e da malva na Amazônia. Os produtores
de juta do município amazonense de Manacapuru estão perdendo a produção e
enfrentando a concorrência com a Índia.
Segundo a cooperativa de produtores de fibra natural da Amazônia, o quilo da
juta produzida no estado está valendo R$ 2,50. O produto indiano chega ao
Brasil por R$ 1,50 o quilo.
É preciso mergulhar na água misturada à lama para tentar salvar
parte da produção. Um feixe de malva seco pesa pouco mais de um quilo, mas
encharcado passa dos 20 quilos.
A cheia intensa pegou de surpresa os produtores de fibras
naturais da Amazônia. Não deu tempo da juta e da malva crescerem antes da água
invadir a lavoura. Edvaldo Menezes perdeu mais da metade da produção semeada em
cinco hectares.
O agricultor Oswaldo Lima pegou financiamento no banco para
comprar sementes que renderiam sete toneladas de fibras, mas conseguiu colher
apenas 1,5 tonelada e não tem como pagar a dívida.
Os produtores também enfrentam a concorrência da Índia. Há 20
anos, Eliana Medeiro trabalha com juta e malva e diz que nunca viu uma crise
igual a essa. Ela é presidente da maior cooperativa de produtores de fibra
natural da Amazônia, que reúne 242 agricultores.
Seiscentas toneladas de fibras estão no galpão da cooperativa
pronta para serem vendidas, mas não há compradores para o produto. Os armazéns
das tecelagens ainda estão cheios de juta e malva da safra do ano passado.
Uma das três indústrias de sacos de fibras do Amazonas tem no estoque 1,3 milhão de
sacos. Não há comprador porque os principais clientes, os exportadores
brasileiros de café, castanha e cacau, compram o produto asiático, que é mais
barato. Segundo as tecelagens do Amazonas, os sacos da Índia abastecem quase
70% do mercado brasileiro.
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