Médicos 'reciclam' rim pela primeira vez nos Estados
Unidos
Paciente recebeu o órgão e
o doou para um terceiro duas semanas depois.
Técnica pode reduzir fila
de transplante, mas deve continuar sendo rara.
Médicos
norte-americanos anunciaram nesta quarta-feira (25) a “reciclagem” de um rim.
Ray Fearing recebeu a doação de sua irmã Cera, mas logo a doença que impedia
que o rim filtrasse seu sangue começou a afetar o novo órgão. O rim então foi
retirado depois de duas semanas, a tempo de ser utilizado em um terceiro
paciente, Erwin Gomez.
O caso
documentado pela conceituada revista médica “New England Journal of Medicine”
desta quinta-feira (26) é o primeiro registro de reutilização de órgãos
envolvendo apenas pacientes vivos no país.
Normalmente,
um rim que começasse a falhar, como foi o caso de Ray, seria jogado fora. A
nova técnica surge como uma maneira de aproveitar melhor as doações e evitar o
desperdício, já que a fila de transplantes é longa.
Erwin Gomez, à esquerda, com os irmãos Ray e Cera Fearing
Após a doação, Ray volta para a fila, mas não tem que ir para o
fim dela, e logo deve receber um rim novo. Até lá, terá que continuar fazendo
hemodiálise, tratamento com uma máquina que substitui as funções do rim e, no
momento, se sente bem.
Mesmo tristes com a volta para a fila, Ray e Cera concordaram
com a operação e desejam uma boa recuperação a Erwin. “Achei que [o rim] estava
perdido e iria para o lixo. O fato de que eles conseguiram doar para alguém que
possa se beneficiar mostra que valeu a pena”, disse a doadora inicial.
Ray também disse que, apesar da sua doença, está “extremamente
feliz por fazer parte de um avanço médico” que possa ajudar outras pessoas.
Enquanto isso, Erwin se recupera bem da cirurgia, feita em julho do ano
passado.
Esta reciclagem, no entanto, não deve se tornar praxe na
medicina. A cirurgia é mais arriscada, e raro conseguir órgãos que ainda tenham
saúde suficiente para suportar um novo transplante.
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