Eleição na França: Hollande sai vitorioso e Marine Le Pen leva 20% dos
votos
PARIS,
22 Abr 2012 (AFP) -O socialista François Hollande conquistou neste domingo o
primeiro turno da eleição presidencial na França, marcado pela índice
surpreendente de votos conquistados pela candidata da extrema-direita, Marine
Le Pen, em torno de 20% dos votos, segundo as pesquisas.
Hollande teria entre 28 e 29,3% dos votos e Nicolas Sarkozy, de
25,5 e 27%. Os dois vão se enfrentar no dia 6 de maio no segundo turno.
Nicolas Sarkozy (25,5% e 27%) perde a aposta de levar o primeiro
turno para estabelecer uma nova dinâmica para o segundo.
A candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, chega em terceiro
lugar, com surpreendentes 20% dos votos, segundo as estimativas, seguida pelo
representante da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon (10,8 e 11,7%) e o centrista
François Bayrou (menos de 10%).
O comparecimento dos franceses às urnas ficou acima do esperado,
num primeiro turno dominado pela crise econômica. A taxa de participação chegou
a mais de 80%, segundo estimativas dos institutos de pesquisa, uma taxa muito
elevada, apesar de menor que em 2007 (83,77%).
Essas cifras dissipam a preocupação com uma grande abstenção,
expressada durante uma campanha que pouco apaixonou os franceses, que não viam
no pleito soluções para suas dificuldades.
Em duas semanas, os eleitores vão escolher quem será o
presidente nos próximos cinco anos de uma das principais economias mundiais,
potência nuclear e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com um
poder pessoal como poucos no mundo democrático.
Considerado há meses vencedor no segundo turno, com 55% dos
votos em média, François Hollande, 57 anos, está em posição de força para se
tornar o primeiro presidente de esquerda desde François Mitterrand (1981-1995).
Com pouca experiência em cargos de peso, este homem que passa a
imagem de sobriedade deverá poder contar no segundo turno com os votos dos
eleitores de Jean-Luc Mélenchon e da ecologista Eva Joly.
"Escolher o próximo presidente não é uma eleição nacional,
é uma eleição que vai pesar em toda a Europa", declarou Hollande na manhã
deste domingo. Ele pretende renegociar o tratado sobre o orçamento assinado no
início de março, se eleito.
Nicolas Sarkozy votou pela manhã, em Paris, ao lado da mulher
Carla Bruni-Sarkozy, sem fazer declarações.
Atrás dos dois está a candidata de extrema-direita Marine Le Pen
que pode obter mais de 20% dos votos, percentual que dá a ela uma grande
importância no segundo turno e que a habilita como forte figura política para
os próximos anos. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, chegou ao segundo turno, em 2002.
O representante da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, recolhe
os frutos de uma boa campanha, mas não conseguiu o terceiro lugar que sonhava.
Quanto ao líder centrista François Bayrou, este deverá se contentar com um
percentual inferior a 10%, longe dos 18,57% de 2007.
A crise na zona do euro esteve presente na campanha, através da
explosão de déficits, da taxa de desemprego (mais de 10% da população
economicamente ativa), da questão do protecionismo europeu e da justiça fiscal.
"Nunca deixei de votar mas, desta vez, sinto muito pouco
entusiasmo. No plano econômico, há pouca diferença entre os dois
candidatos", comentava em Paris uma eleitora de 62 anos, Isabelle Provost.
Foi neste contexto que François Hollande traçou sua estratégia
metodicamente, sem levantar a multidão, mas destacando suas prioridades - o
emprego dos jovens e o crescimento.
O ex-líder do Partido Socialista (1997-2008) conseguiu fazer
esquecer sua falta de experiência no governo, transformando a eleição num
referendo contra Sarkozy, mergulhado em recordes de impopularidade.
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