Venda de aviões privados cresce no país mirando novo tipo de público
Número de aviões
privados saltou 32% em 5 anos no país, segundo Anac.
Monomotores são vendidos por até R$ 200 mil; jatos chegam a R$ 5 milhões.
Monomotores são vendidos por até R$ 200 mil; jatos chegam a R$ 5 milhões.
Aos 40
anos, Carlos Kallas está fechando a compra do seu primeiro avião. O servidor
público de Uberlândia (MG)
tenta convencer a mulher – que tem medo de voar em aviões pequenos – que um
Corisco, da Embraer, será uma boa aquisição para a família.
“Vou fazer uso esporádico, só para pequenas viagens com a
família para outros estados, pois tenho parentes no Paraná e em São Paulo e também para deslocamento para Belo Horizonte e outras cidades
mineiras”, conta Kallas, que pretende contar com recursos de negócios da mulher
e da família para a aquisição do bem.
Ele engrossa o grupo de novo tipo de clientela, como integrantes
da classe média-alta, profissionais liberais e servidores públicos, que estão
adquirindo seu próprio avião. Em quatro anos, o número de aeronaves
particulares saltou 32% no país, passando de 6.472 em 2007 para 8.542 em 2011,
segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), movimentando o
mercado de novos e usados.
Empresário Othon Ribeiro deixou de enfrentar filas em aeroportos ao adquirir sua aeronave pessoal
“Notamos
uma procura crescente por parte de advogados, médicos, consultores. É um tipo
de profissional que alcançou um nível em que seus serviços estão espalhados e é
necessário um deslocamento rápido para lugares que nem sempre contam com
aviação regular”, diz Leonardo Fiuza, diretor comercial da TAM Aviação
Executiva, representante da Cessna no Brasil.
“O mercado brasileiro amadureceu, percebendo que um avião
privado não é mais para ostentação, mas uma necessidade, uma ferramenta de
trabalho”, destaca Philipe Figueiredo, diretor de vendas da Líder Aviação,
revendedora da Beechcraft.
A economia de tempo também justificou a compra no ano passado,
pelo empresário paulista Othon Cesar Ribeiro, de um Cessna 206. Ele reclama das
horas que perdia em aeroportos e da dependência dos horários dos voos
comerciais para realizar as viagens e conseguir retornar para Jundiaí para ver a família. Gostou tanto que
já renovou o modelo usado várias vezes desde a primeira aquisição.
“Eu precisava me deslocar para algumas cidades muitas vezes à
noite, tendo que esperar quase o dia inteiro em um local, para conseguir estar
em um compromisso no horário determinado e que era muito mais tarde. Também
gastava horas no aeroporto e perdia muito tempo em deslocamento de carro,
quando já podia estar no meu escritório, dando andamento ao trabalho”, afirma.
“Sem dúvida foi um bom investimento que eu fiz. Ter o próprio
avião foi uma facilidade”, desabafa.
“Temos recebido muita demanda de clientes que buscam a primeira máquina para que possam fazer tudo o que tem de obrigações do trabalho durante a semana e visitar a família, ou fazer pequenas viagens, nos fins de semana”, diz José Eduardo Brandão, da Synerjet (ex-Ocean Air), revendedora no país da Bombardier, Augusta Westland e Pilatus.
“Temos recebido muita demanda de clientes que buscam a primeira máquina para que possam fazer tudo o que tem de obrigações do trabalho durante a semana e visitar a família, ou fazer pequenas viagens, nos fins de semana”, diz José Eduardo Brandão, da Synerjet (ex-Ocean Air), revendedora no país da Bombardier, Augusta Westland e Pilatus.
Hangar alugado para jatos executivos está sempre
lotado no Campo de Marte, em São Paulo
lotado no Campo de Marte, em São Paulo
Custo
Mesmo indo além do nicho dos muito ricos, ter um avião particular, no entanto, ainda não é para todos. Atualmente, é possível comprar um monomotor seminovo com cerca de R$ 500 mil – modelos da década de 1980 saem por até R$ 200 mil.
Já os jatos custam mais caro, passando dos US$ 4 milhões (R$ 7,3
milhões), e têm que ser importados por representantes credenciados pela
fabricante. Ao final de 2010, o Brasil tinha 540 jatos executivos (4% da frota
nacional), conforme a Associação Brasileira de Aviação Geral. Em 2011, o número
saltou para 630.
O preço de uma aeronave varia conforme o ano de fabricação,
quantidade de horas de voo e situação dos componentes. Se o uso não é continuo,
um monomotor (como os Cessna, Beechcraft Bonanza e Embraer Corisco) pode ser a
opção. Com velocidades entre 380 km/h e 600 km/h e autonomia de voo que chega a
4 horas e 30 minutos, estão disponíveis no mercado nacional por entre R$ 200
mil a R$ 800 mil, dependendo do ano de fabricação.
Já os bimotores (como Baron, Seneca e alguns modelos da Cessna)
podem ser encontrados por desde R$ 360 mil até R$ 1,8 milhão. Possuem sistemas
mais complexos e são mais flexíveis para viagens noturnas ou sobrevoo com
segurança sobre regiões distantes.
Na
categoria dos jatos, o Learjet (da Bombardier), o Phenom 100 e o Legacy (da Embraer), o Citation
Mustang e o Citation XLS (da Cessna) e o King Air (da Beechcraft) estão entre
os mais adquiridos no país. São os preferidos por cantores e empresários devido
à comodidade, maior número de assentos e autonomia que pode chegar a 19 horas
de voo. Os preços variam entre US$ 3,6 milhões a US$ 30 milhões (R$ 6,59
milhões a R$ 54,6 milhões).
Com os altos custos, muitos optam por comprar um usado. Segundo
Fiúza, da TAM, após a crise econômica mundial de 2008, o preço de seminovos
caiu muito. Com um ano de uso, o avião pode custar 20% menos que um novo do
mesmo modelo.
“Às vezes, optar por um que já foi usado aqui no país compensa”,
diz o comerciante Kallas. “Eu consigo comprar aqui um Corisco por R$ 200 mil e
o custo-benefício compensa. Ele não consome muito combustível e a manutenção
também é pequena”.
Isso porque, além do preço da aeronave, é preciso levar em conta
os gastos para mantê-la. “A escolha de qual aeronave você irá comprar depende
de quanto você terá disponível para mantê-la e para quais necessidades irá
usá-la”, afirma Fiuza.
Um jato novo de R$ 5 milhões exigirá um custo operacional fixo
mensal de R$ 30 mil - despesas com piloto, gasolina, hangar. Já um monomotor
seminovo de R$ 200 mil pode ser mantido em um hangar alugado por R$ 500 mensais
e com manutenção a cada 200 horas de voo, que fica em R$ 2 mil cada.
Os mais vendidos* | |
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Monomotores (novos) | |
Cessna Skycatcher | R$ 273.700 mil |
Cessna Skyhawk | R$ 519.800 |
Cessna Skylane (182T) | R$ 726.900 |
Beechcraft Bonanza | R$ 1.479.000 |
Jatos (novos) | |
Caravan | R$ 3,5 milhões a R$ 4,14 milhões |
Citation Mustang | R$ 5,6 milhões |
Citation M2 | R$ 7,67 milhões |
Beechcraft King Air | R$ 6,94 milhões |
Embraer Phenom 100 | R$ 4,48 milhões |
Embraer Legacy | US$ 54,8 milhões |
Monomotores (seminovos) | |
Tupi | R$ 200 mil |
Corisco | R$ 245 mil |
Bonanza | R$ 350 mil |
Seneca | R$ 913 mil a R$ 1,5 milhão |
Baron | R$ 1,5 milhão |
Cessna Skylane | R$ 690 mil |
Jatos (seminovos) | |
Citation Mustang | R$ 4,56 milhões |
* Preços repassados pelos fabricantes e revendedoras de usados. O valor dos seminovos varia conforme ano de fabricação, quantidade de horas de uso e conservação |
Custos fixos na operação de aeronaves | |
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Hangar - Preço varia conforme a cidade e a empresa. Em Vitória (ES), a mensalidade para um monomotor é de R$ 500. No Campo de Marte (SP), a mensalidade para jato é de R$ 18 mil e para monomotor, R$ 3 mil.
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Gasolina - Monomotor com tanque para capacidade de 400 litros consome de 18 a 70 litros por hora. Um Corisco, por exemplo, consome 40 l/h voando a 240 km/h. Já um jato como o Skyland, consome 45 litros por hora e chega a velocidade de 260 km/h.
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Manutenção - revisão da aeronave após 50 horas de voo, 200 horas de voo e anual. Cada uma delas fica em torno de R$ 2.500.
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Seguro obrigatório (anual) -R$ 695.
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Piloto - Hora de voo: R$ 150/hora (mínimo) para monomotor. Mensal: R$ 5 mil. Piloto de jato: R$ 10 mil a R$ 18 mil (mensal).
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Avião compartilhado
O arquiteto Nilton Carlos Chieppe, de 68 anos, presidente do Grupo Águia Branca no Espírito Santo, reduziu os custos dividindo a propriedade do monomotor Cessna Skylane 182, comprado em 2011. Ele divide, com o sócio, os custos do hangar e do piloto particular.
“Nunca deu problema em ter o avião compartilhado. Meu sócio
pergunta se eu vou voar em tal data, se não vou, ele usa. Raramente dá algum
confronto de datas e isso reduz o nosso custo. Os dois usam, não há conflito,
funciona muito bem”, explica.
“A compra compartilhada pode ser uma opção inicial também quando
alguém quer testar um avião ou verificar se ele atende seus objetivos para
depois adquirir o seu próprio", explica Philipe Figueiredo, da Líder Aviação,
representante dos jatos King Air e das marcas Bonanza e Baron no Brasil.
Compra da aeronave
A primeira recomendação dada por especialistas para quem deseja adquirir uma aeronave é procurar os revendedores oficiais ou empresas especializadas em consultoria, que poderão ajudá-lo a escolher o melhor modelo para suas necessidades. Uma das opções é comprar um novo direto da fábrica ou importar um seminovo dos EUA.
Alguns clientes preferem verificar pessoalmente a aeronave antes
de importá-la, outros fecham o negócio após empresas credenciadas pela
fabricante inspecioná-los nos Estados Unidos.
Após a
empresa idônea certificar a qualidade da aeronave há o fechamento da compra e o
pagamento. O avião vem voando para o Brasil – com prefixo e piloto
norte-americano. Mas, depois de pousar, não pode voltar a decolar sem que haja
o desembaraço na Receita Federal e
a regularização com a Anac.
Nesse processo, que dura até 45 dias, os maiores custos são com translado, impostos e com a nacionalização do modelo em uma oficina, para atender aos requisitos de aero navegabilidade nacionais.
Nesse processo, que dura até 45 dias, os maiores custos são com translado, impostos e com a nacionalização do modelo em uma oficina, para atender aos requisitos de aero navegabilidade nacionais.
Fiuza, da TAM, estima que 25% do valor da aeronave será
necessário para importá-lo - no caso de um monomotor Cessna, por exemplo.
Já Figueiredo, da Líder, disse ser necessário pelo menos 19% sob o valor para importar um monomotor Bonanza ou um jato King Air.
Já Figueiredo, da Líder, disse ser necessário pelo menos 19% sob o valor para importar um monomotor Bonanza ou um jato King Air.
Já Phillip Costa, da AviõesNet, que trabalha com importação e
venda de novos e usados no país, cota em 38% os custos para importar e
nacionalizar um monomotor americano de US$ 100 mil. “Há os custos fixos de 10%
de IPI e mais 18% de ICMS (no caso de São Paulo), seguro obrigatório para
acidentes, translado, salário do piloto, tarifas com despachante e oficina. Em
alguns casos, os custos de importação não compensam e fica mais barato comprar
um já nacionalizado e usado por aqui”, diz.
O seguro do casco não é obrigatório e, normalmente, quem compra
mono ou bimotores não faz, pois as seguradoras cobrem um período de até 25 anos
após a fabricação.
3 comentários:
Impressionante a matéria doutor.Gostaria de tirar algumas dúvidas, e solicitar algumas opiniões.Poderia entrar em contato?
contato@aeroclassweb.com.br
Adriano
Gostei muito, seu esclarecimento ,conteudo rico em informações , obrigado Dr.
Por gentileza de. Me responda só mais uma dudúvi .e que quero comprar um avião porém estou indeciso se compro ultraleve avançado ou um monomotor 4lugares ? A minha duvidú e sobre custo e benefício .
Muito boa explicacao
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