CONHEÇA MAIS HISTÓRIAS DE BRASILEIROS QUE MORAVAM NO
EXTERIOR E VOLTARAM
Brasileiros que tentaram a
sorte no exterior e voltaram para casa por conta de crise econômica. Muitos contaram
experiências de vida parecidas como algumas mostradas abaixo.
André Tokud voltou ao Rio de Janeiro, após viver por mais de cinco anos no Japão.
A saga
de um sushiman
“Morei durante cinco anos e meio no Japão, do final de 95 até
dezembro de 99. Retornei ao Brasil porque meu pai faleceu e logo depois voltei
para o Japão. Fiquei por mais um ano e três meses. Nessa época, a economia do
Japão já estava ruim, mesmo assim resolvi retornar. Mas quando cheguei ficou um
pouco difícil de arrumar emprego. Já tinha muitos brasileiros desempregados,
morando nas ruas, principalmente na região de Hamamatsu-shi, cidade que fica na
província de Shizuoka-ken. Mas continuei tentando me manter por lá porque no
Brasil a situação não seria melhor. Durante um ano percebi que estava
trabalhando para viver e não conseguia juntar nada. E o que também ajudou o meu
retorno ao Brasil pela segunda vez foi que minha mãe passou mal e ficou
internada. Foi o estopim para me dar forças para trabalhar por mais três meses
porque eu não tinha dinheiro nem pra voltar pra casa. Foi com muito custo que
retornei e estou agora no Brasil, país abençoado por Deus!”
Denise Ferrari Fonseca
Sonho e
desilusão em Barcelona
"No ano passado encerrei uma temporada de nove anos em
Barcelona, na Espanha. Fui morar lá em abril de 2003. Sou arquiteta e tenho
nacionalidade portuguesa. Tive a oportunidade de estar legal todo o tempo na
Europa. A cidade me proporcionava oportunidade de viver em um paraíso de
informações, com muita coisa pra ver e aprender.
Cheguei sem falar quase nada de espanhol e com o passar dos anos
fui aprendendo e voltei a estudar. Comecei a fazer um doutorado na Universidade
Politécnica de Cataluña. Até 2008, tudo ia bem, eu trabalhava em um escritório
grande de engenharia e tinha feito a metade do doutorado. Mas entre meus
colegas da área de construção civil já se notava a dificuldade de recolocação
profissional e começava a faltar emprego na minha área. Eu tinha contrato até
2009 e não consegui mais renovar. Fui trabalhar onde conseguia uma
oportunidade: fui atendente de loja, fiz demonstração de eletrodoméstico e, nos
últimos tempos, fui babá de três crianças islandesas. Finalmente “entreguei meu
apartamento em julho de 2011 e voltei definitivamente para o Brasil em dezembro
de 2011”.
Rafael Borim morou em 17 casas diferentes durante o tempo que viveu na Europa
“Saí de São Paulo com destino a Londres em novembro de 2006. Fui
barrado em Heathrow e passei muito sufoco. Me mandaram de volta a Madrid, onde
eu tinha feito escala e quando saí do avião, fui direto para a viatura de
polícia que me esperava na pista ao lado do avião. Fiquei assustado, não sabia
o que estava acontecendo. Dois policias me colocaram no chiqueirinho e saíram
com o carro bem devagar. Sem falar espanhol e sem saber o que fazer, o tempo
passou e consegui trabalho. Fui entregador de folhetos, ajudante de pedreiro,
porteiro, pintor, zelador, batedor de palmas e garçom. Depois de morar em umas
17 casas diferentes resolvi ir a Marseille, na França, com dois amigos. Depois
conheci um italiano e peguei um trem para Veneza, na Itália. Após passar dois
dias dormindo em construções e comendo comida do lixo, consegui 100 euros e fui
a Conegliano Veneto, onde conheci a família da minha avó materna. Fui bem
recebido e eles me pagaram passagem de avião de volta a Madrid, onde trabalhei
mais um pouco e voltei para o Brasil com uma passagem que minha irmã me pagou.
Voltei sem um real ou euro no bolso, mas a experiência me valeu muito”.
Thaís de Oliveira Ramos
Quase
uma estrangeira
"Fui morar na Espanha com a minha mãe aos 14 anos. Hoje
tenho 27 e voltei para o Brasil com o meu marido espanhol. Fiz o colegial e
cursei Direito por lá. Meus amigos e família estão na Espanha, mas a coisa está
muito ruim por lá. O desemprego alcança níveis nunca vistos, e muitos jovens –
não só estrangeiros – estão indo embora. Do meu grupo de amigas somente uma
continua morando lá, e são todas espanholas. No Brasil, estou me sentindo do
mesmo modo que me senti quando cheguei na Espanha: uma estrangeira! Volto a sofrer
o processo de adaptação, de me sentir deslocada e com saudade dos que ficaram.
Meu marido espanhol se adaptou bem melhor do que eu. Acredito que os
estrangeiros são recebidos com braços abertos. A minha intenção é conseguir
convalidar os meus estudos e futuramente advogar. Por enquanto trabalho no
Centro Cultural da Espanha e meu marido está dando aulas de espanhol".
Paulo Giovani voltou da Espanha junto com a esposa, grávida de sete meses
"Tudo aconteceu em 2008, quando resolvemos tentar a vida na
Espanha. Tenho três irmãs que moram em uma cidadezinha muito pequena chamada
Ordenes, na Galícia, e a mais velha é casada com espanhol e nos deu a maior
força. Vendi tudo que tinha no Brasil e fui com minha mulher e meu filho na
época com oito anos. Quando faltava menos de dez dias para vencer a nossa
passagem de volta.me vi em um lugar estranho e sem emprego. Se eu não
encontrasse trabalho com urgência, teríamos que voltar. Eu já estava sem dinheiro
e eu e minha mulher estávamos vivendo de bicos. Quando faltava menos de uma
semana para voltarmos, minha mulher ficou grávida. Arrumei um trabalho em uma
panificadora que ficava a 15 km de onde eu morava. Meu horário era de meia
noite às 9h da manhã.
Meu patrão tinha me dito para eu levar meus documentos para ele
me registrar só que ele não sabia que eu não tinha documentos. Fui enrolando
até que um dia ele me mandou embora. Decidimos voltar para o Brasil, mas não
tínhamos dinheiro para a passagem. A essa altura, minha mulher já estava com
sete meses de gestação e não tínhamos mais como pagar o aluguel e nem o que
comer direito. Resolvemos pedir ajuda na prefeitura para retorno voluntário,
mas eles disseram que tinha uma fila de espera de mais de 3 mil pessoas. Por
sorte, nosso pedido foi feito com urgência pelo fato de termos um filho e minha
mulher ser gestante. Eles gostaram tanto da gente que pagaram 15 dias de hotel
e depois nos mandaram para um convento enquanto esperávamos a passagem. “Voltamos
a tempo de minha mulher dar à luz no Brasil”. Costumo falar que eu não trouxe
dinheiro, mas trouxe um tesouro que é minha filha e a experiência de vida da
Espanha”.
Esposa e filhas de Eriton Soares
"Fui tentar a vida em Londres em 2005 e morei ilegalmente
na capital inglesa por dois anos e quatro meses. Lá me separei e conheci minha
atual esposa pela internet. Retornei em 2007 e vim direto para São Paulo.
Voltei com R$ 4 mil, dinheiro que usei para curtir umas férias de três meses.
No inicio de 2008, comecei um negócio pela internet e hoje, quatro anos depois,
tenho uma empresa que fatura R$ 1 milhão por ano. Às vezes me pergunto o que me
levou a ir tão longe, se nosso país pode nos dar tantas vitórias. Hoje tenho
uma casa, três filhos e estou cursando direito. No final do ano, pretendo ir
para Londres novamente, mas desta vez como um verdadeiro turista. Quero rever
amigos e relembrar minha experiência. Aprendi que nosso país é cheio de
oportunidades. E que basta ter força de vontade e determinação e certamente a felicidade
vira".
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