Câmara aprova projeto que facilita
prova de embriaguez ao volante
Texto permite que
testemunho e vídeo sejam usados como prova criminal.
Proposta ainda será analisada no Senado antes de ir a sanção presidencial.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (11)
texto que endurece a Lei Seca e aumenta as ferramentas para que a polícia
comprove a embriaguez dos motoristas. O texto aprovado ainda precisa passar por
votação no Senado e só depois segue para sanção presidencial.
O principal ponto do texto é a ampliação das
possibilidades de provas, consideradas válidas no processo criminal, de que o
condutor esteja alcoolizado. A lei atual ficou enfraquecida pela decisão tomada
no fim de março pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que a embriaguez só
poderia ser comprovada pelo teste do bafômetro ou por exame se sangue. Na
prática, muitos motoristas se recusam a realizar os exames.
Segundo a versão aprovada pelos parlamentares,
não será mais necessário que seja identificada a embriaguez do condutor, mas
uma "capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
outra substância psicoativa que determine dependência".
Pelo texto, a comprovação dessa condição
poderá ocorrer por "teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo,
prova testemunhal ou outros meios de prova admitidos em direito". O texto
também prevê o chamado direito à contraprova - ou seja, caso o condutor não
concorde com os resultados destes testes, poderá solicitar que seja realizado o
teste do bafômetro, por exemplo.
Os deputados retiraram do texto a menção expressa à
possibilidade do uso de fotos como evidência, mas, segundo assessores do
Ministério da Justiça, uma imagem ainda pode ser utilizada como evidência caso
o juiz assim entenda.
O projeto manteve os teores alcoólicos
limitados pela lei. A multa está prevista para quem for flagrando dirigindo com
qualquer teor de álcool no sangue. Já o crime de conduzir o veículo embriagado
só é constatado por uma concentração igual ou superior a 0,6 gramas de álcool
por litro de sangue.
Uma novidade do projeto é a previsão de que o
Conselho Nacional de Trânsito (Contran) regulamente os testes para verificar
quando o motorista estiver sob o efeito de qualquer "substância
psicoativa". Hoje, o Código de Trânsito Brasileiro prevê a proibição de se
dirigir sob o efeito destas substâncias, mas não trata da fiscalização.
Multa dobrada
O projeto aprovado pelos parlamentares ainda dobra o valor atual da multa para quem for pego dirigindo com qualquer teor de álcool no sangue. A punição, que hoje é de R$ 957,70, passa para R$ 1.915,40 - e esse valor é dobrado novamente caso o motorista tenha cometido a mesma infração nos 12 meses anteriores.
Outra mudança de última hora foi a previsão
de que o recolhimento de um veículo, caso seja necessário, só poderá ser feito
por serviço público ou licitado pela regra do menor preço. Hoje, o
funcionamento desta regra varia de estado para estado.
'Vácuo legal'
Para o relator do projeto, deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), o texto foi uma resposta direta à decisão do STJ. "Há um vácuo legal, jurídico, em que as provas ficam sujeitas à submissão do condutor", disse ele. De acordo com o deputado, o texto sintetiza o conteúdo de outros 24 projetos que tratam do mesmo assunto.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
esteve no Congresso para apoiar a votação do projeto. Segundo o ministro, os
dados coletados pelo ministério apontam que o número de pessoas que admite
beber antes de dirigir caiu após a aprovação da lei original. Ele também
alertou para o número de internações hospitalares causadas por acidentes
automobilísticos.
"Apertar a lei seca e apertar a
fiscalização da lei seca pode salvar vidas no nosso país e pode reduzir também o
número de pessoas que ficam com deficiências físicas ou outros tipos de
deficiências em decorrência de acidentes de carro ou de moto", disse o
ministro.
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