DEZ MOTIVOS PARA APRENDER A TOCAR UM INSTRUMENTO MUSICAL

Mesmo que você não queira se tornar um Mozart ou um Jimi
Hendrix, há diversas razões para aprender a tocar um instrumento musical. Sem
precisar dedicar-se o dia inteiro à atividade, há ganhos psíquicos, motores e
sociais – tanto para jovens em idade escolar, quanto para adultos.
Os
instrumentos mais fáceis são o piano e aqueles comuns em bandas escolares, como
flauta, bateria, xilofone e trompete, já que basta assoprar ou apertar uma
tecla para sair o som – ao contrário do canto, em que é essencial controlar
intensidade da voz e da respiração. Apesar de ser menos complicado de aprender
na infância, quem for mais velho e estiver a fim de iniciar o hobby só tem a
ganhar. Confira a seguir alguns dos benefícios da prática e procure se imaginar
tocando algumas notas, mexendo em teclas ou arranhando sons vocais.
Filhos mais educados
Segundo o professor do Departamento de Música, de Arquitetura e
de Design da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) Péricles
Gomes, a inteligência musical desenvolvida na infância proporciona disciplina e
ajuda a relaxar as crianças. Com Phd em Educação e Coordenador da Orquestra de
Câmara da PUCPR, o músico afirma que o estudante vai precisar respeitar uma
hierarquia, caso atue em uma banda, e saber a hora certa na qual deve se
expressar musicalmente.
Espertinho hoje, inteligente amanhã
Aprender a tocar um instrumento musical na infância ajuda a
tornar a criança mais esperta na fase adulta, segundo estudo publicado ano
passado pela Universidade de Kansas (EUA). O docente da PUC-PR resume a
pesquisa em uma frase: “Se você desenvolve sua inteligência quando criança, ela
vai te acompanhar pelo resto da vida”. Ele diz que a idade ideal para colocar
os filhos na atividade extracurricular é aos quatro ou cinco anos de idade, já
que as conexões do cérebro são mais fáceis de serem feitas – além do tempo
livre ser maior.
Mais paciência e força de vontade
Você é partidário de quem acredita que a geração de hoje quer
tudo para ontem? Saiba que colocá-los para estudar música pode ajudar um
pouquinho a reverter o quadro. Gomes afirma que o esforço exigido de quem quer
aprender a tocar um instrumento ensina que nem tudo chega amanhã, além de que
certas coisas podem precisar de certo tempo para dar certo. “Perceber que as
coisas boas da vida necessitam de um grande investimento de energia e tempo é
um dos ganhos. A disciplina é a palavra-chave”, diz o docente.
Aumento do desempenho acadêmico
O coordenador da escola de música paulistana Companhia das
Cordas, Cleber Alves, cita estudos feitos há mais de 20 anos comprovando que
alunos cuja atividade paralela envolvia a música apresentavam ganho no
rendimento escolar. “Aumenta a facilidade com a linguagem, o raciocínio
matemático e a criatividade”, afirma. Dessa forma, jovens que exercitam essa área
costumam tirar notas melhores em disciplinas como português e matemática,
essenciais no currículo acadêmico.
Apuração sensorial
Assim como quem estuda cinema vai assistir a filmes e entende o
que está por trás das câmeras, quem tenta tocar um instrumento entende como a
música é feita. O coordenador da Companhia das Cordas explica que, quando
aprende a ler partituras, o aluno fica com o ouvido mais apurado na hora de
ouvir aquele CD que está fazendo sucesso. “Após estudar música, você a ouve de
uma maneira diferente, já que se geram leituras novas – sem perder nada, mas
ganhando jeitos novos de interagir com ela”, explica. A atenção que é
desenvolvida, ele diz, vai mudar a percepção dos sons presenciados no dia a
dia.
Autoconhecimento
Gomes cita o aprendizado de canto para exemplificar a forma como
o estudo de música pode proporcionar autoconhecimento. “Cantar é uma coisa que
mexe com a pessoa por você ser o instrumento. Para a parte cognitiva, há um
desafio que é visualizar o que você está fazendo e que parte do corpo precisa
mexer. O cantor tem que conhecer seu corpo”, ele diz. Da mesma forma, quem quer
tirar um som do piano precisa memorizar o grupo de notas, onde colocar os dedos
e em que hora pressionar as teclas. Aspectos motores também são desenvolvidos –
ou você pensa que basta estalar os dedos para tocar uma bateria? Saber de si
para entender do objeto com o qual se interage é uma das consequências
positivas.
Redução do estresse no dia a dia
“Para se motivar, lidar com o estresse e com a rotina urbana
pesada, estudar música é uma atividade fantástica”, defende o coordenador da
escola de música. Ele diz que o efeito de relaxamento que acontece durante a
concentração demandada para se tocar o instrumento é alto. Péricles Gomes, da
mesma forma, afirma que estudar música “é quase como uma droga, porque você
entra numa coisa meio zen, meio hipnótica, e não
vê o tempo passar”. “Você fica tão envolvido nas vibrações e na arte que se
esquece de todas as outras coisas”, afirma.
Socialização com os colegas
À exceção do aprendizado de instrumentos solitários – como o
piano, por exemplo -, estudar música pode ajudar a fazer amigos e entrar em
contato com culturas diferentes. “Há uma interação por meio da música e um
ganho do ponto de vista da comunicação”, diz o coordenador da Companhia das
Cordas. Ele dá o exemplo das bandas de colégio, em que é preciso se inserir em
um grupo e socializar com outras pessoas para que haja uma harmonia na hora da
apresentação. Já o professor da PUC-PR ressalta o fato de que, para tudo dar
certo, é preciso ter trabalho em equipe. “Tem que saber ouvir – literalmente –
o colega e dialogar musical e verbalmente”, explica.
Prazer e satisfação pessoal
“O grande ganho é que é divertido pra caramba”, resume Cleber
Alves. O coordenador ressalta que ninguém precisa ser um gênio para entrar de
cabeça no assunto. “Muitas pessoas acham que não é para todo mundo. Qualquer um
pode ter ganhos e fazer música, seja de um jeito mais técnico ou intuitivo”,
afirma. Ele ainda fala do amor que o homem nutre pelos sons desde a época das
cavernas. “Você tem o prazer de fazer música, que é uma coisa com a qual a
gente tem uma ligação visceral. Quando a gente escuta, a gente adora. Quando
faz, então, sente um prazer enorme”, descreve.
O fim da frustração
“Quando você ficar grande, não vai falar que sua maior
frustração era não ter aprendido a tocar um instrumento musical”, brinca, entre
risos, o professor universitário. Para os adultos, vale lembrar que nunca é
tarde para sair da rotina e aprender a tocar aquela música que marcou sua
infância. Já Cleber Alves ressalta a universalidade da prática. “Todo mundo é
capaz de fazer música e tocar qualquer instrumento de que goste. O instrumento
certo é aquele que você gosta de ouvir e praticar. É para você”.
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