Brasil é o mais caro para fazer
negócios entre os emergentes
SÃO PAULO - Na semana em que o governo brasileiro anunciou um
pacote de benefícios ao setor produtivo, um estudo divulgado pela consultoria
KPMG mostra que a indústria brasileira precisa mais do que medidas de estímulo.
De acordo com o estudo, o Brasil é o lugar mais caro para se fazer negócios,
entre os países considerados emergentes e que têm apresentado alto crescimento
econômico. Na prática, o levantamento da KPMG mostrou que o Brasil é menos
competitivo em termos de custos para as empresas do que China, Índia, Rússia e
México e precisa de reformas estruturais para ganhar competitividade.
A pesquisa "Competitive Alternatives" da KPMG levantou
26 itens relevantes para o ambiente de negócios como custos com mão-de-obra,
impostos, aluguel de imóveis, entre outros. O levantamento também apura dados
não relacionados a custos que influenciam a capacidade competitiva dos países,
como questões demográficas, educação, condições de trabalho, aplicação de
inovação e infraestrutura. No Brasil, foram apuradas informações nas cidades de
São Paulo e Belo Horizonte. A edição de 2012 da pesquisa foi a primeira a
examinar os países considerados emergentes e a comparar a competitividade de
custo entre Brasil, Rússia, Índia, China e México.
O estudo constatou que a China e a Índia são os líderes entre
todos os países estudados, com custos empresariais gerais, respectivamente,
25,8% e 25,3% abaixo da base de referência, que é os Estados Unidos (base 100).
Os baixos custos de mão-de-obra aumentam a vantagem competitiva para China e
Índia. A China tem os menores custos no setor de manufatura, enquanto a Índia
tem o menor custo no setor de serviços.
A KPMG afirma que além de ser menos competitivo entre os
emergentes analisados, os custos empresariais no Brasil se aproximam dos níveis
de países desenvolvidos. Por exemplo, os custos no Brasil são apenas 7% mais
baixos em relação aos Estados Unidos, enquanto a China, que lidera a lista, tem
custos 25,8% menores que os dos americanos, seguida pela Índia (-25,3%), México
(-21%) e Rússia (-19,7%).
- Os níveis salariais brasileiros, incluindo o salário mínimo,
estão significativamente acima daqueles dos outros países de alto crescimento
estudados, e a alta carga tributária também impacta o desempenho total de
custos do Brasil - afirma Roberto Haddad, sócio da área de Tributos
Internacionais da KPMG no Brasil.
O estudo mostrou que o Reino Unido e a Holanda, entre os países
desenvolvidos, foram classificados como líderes de baixo custo, onde é
recomendável fazer negócios, de acordo com levantamento da KPMG. O Reino Unido
saltou do quarto lugar em 2010 para a primeira posição do ranking neste ano,
impulsionado por uma combinação de menores custos com mão-de-obra no período
pós-recessão, custo de instalações industriais mais baixo e serviços públicos
eficientes. O governo também promoveu cortes de impostos para pessoas
jurídicas. A desvalorização da libra esterlina em relação a outras moedas,
devido à crise da dívida europeia, melhorou ainda mais a competitividade do
país.
Segundo o levantamento, os custos de mão-de-obra variam muito
entre os países desenvolvido e os emergentes. Mas outros custos empresariais
verificados nos países emergentes são semelhantes aos dos países desenvolvidos,
ou até maiores em alguns casos. O Canadá e os Estados Unidos, por exemplo,
oferecem custos de aluguel de instalações industriais menores do que os
oferecidos na China, México, Rússia e Brasil. Já Índia, Holanda, México e
Alemanha são os países com os menores custos em aluguel de escritórios. A alta
carga tributária, especialmente em relação a impostos indiretos, também anula a
economia obtida com baixo custo de mão de obra em alguns dos países emergentes.
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