APRENDA A SE LIVRAR DOS INSETOS EM CASA
Eles formam o maior e mais diversificado grupo de animais do
planeta e podem ser encontrados em todos os ecossistemas. Poucas informações
acerca de insetos são tão verificáveis no dia a dia quanto essa. Não é preciso
nem sair de casa para encontrar moscas e mosquitos dando rasantes junto ao seu
ouvido ou ser surpreendido por uma barata no chão à noite. Mas antes de se
armar com inseticidas, saiba que existem medidas básicas de custo zero que
podem reduzir e evitar o aparecimento desses intrusos.
A
maior parte das pessoas recorre aos aerossóis e outros produtos quando a
quantidade de insetos dentro de casa já atingiu níveis muito incômodos. No
entanto, como esclarece o professor Mário Navarro, do departamento de zoologia
da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a proliferação exagerada de
determinados tipos de insetos nas cidades, como moscas e baratas, é indicadora
de um problema maior que envolve tanto medidas de saúde pública por parte do
governo quanto a colaboração dos cidadãos como um grupo. “Todos nós somos parte
integrante do ecossistema urbano e temos uma parcela de responsabilidade na sua
manutenção”, destaca o professor. Tendo esse dever em mente, confira abaixo
algumas dicas simples para manter a casa livre de insetos e, de quebra,
preservar o meio ambiente:
Baratas
Justificando a fama de grandes trituradoras de lixo entre os
insetos, o cardápio das baratas compõe uma dieta nada restritiva. “Elas comem
de tudo. São insetos muito vorazes que se alimentam do que estiver à sua
disposição”, explica o professor Mário Navarro. Por essa característica,
qualquer área onde haja lixo acumulado representa um prato cheio para o
aparecimento das baratas, e partir daí, a multiplicação dos insetos é
matemática, pois cada fêmea pode produzir cerca de 50 ovos por ninhada. Medidas
como manter potes de comida tampados, embalar bem os resíduos e colocar o lixo
para fora pouco tempo antes da coleta passar não só evitam o aparecimento de
baratas como preservam a saúde dos moradores da casa e dos vizinhos,
protegendo-os de bactérias presentes no lixo e espalhadas pelos insetos.
Moscas
Assim como as baratas, as moscas também são grandes fãs do lixo;
porém, são insetos mais seletivos na hora de se alimentar. “Nas cidades, é
produzido muito lixo, principalmente resíduos orgânicos. Esses resíduos podem
incluir carne ou frutas em decomposição, que atraem algumas espécies de mosca”,
explica Navarro. Os mesmos cuidados contra as baratas, como não deixar restos
de comida expostos e evitar o acúmulo de lixo em casa são válidos também para
as moscas. O professor explica ainda que reduzir a quantidade de resíduos
produzidos é uma das formas mais eficazes de manter os insetos longe; por isso,
pense bem antes de cozinhar muito mais do que pretende comer ou comprar um
monte de frutas que terminam esquecidas. “Esses hábitos ambientalmente corretos
ajudam a reduzir o desperdício, seja de alimentos, seja de qualquer outro tipo
de resíduo”, diz Navarro.
Mosquitos
Não parece que esses insetos têm um radar próprio para encontrar a pessoa mais próxima para atacar? De fato, esse dispositivo existe. “O aparelho sensorial dos mosquitos hematófagos (que picam e se alimentam de sangue) detecta o dióxido de carbono gerado pela nossa respiração”, explica Mário Navarro. Esse rastreador é “bloqueado” pelo DEET, substância presente na maior parte dos inseticidas. Para o professor, porém, o mais importante no combate aos mosquitos é o controle de sua população. Além do famoso Aedes aegypti, muitas outras espécies dependem de focos de água parada para o desenvolvimento de suas larvas, problema que pode ser resolvido com atitudes como cobrir piscinas ou caixas d’água e esvaziar calhas e outros recipientes. “Não oferecer condições para o desenvolvimento do vetor já diminui muito a população de mosquitos, e as pessoas podem deixar de lado medidas como os inseticidas”, diz Navarro.
Formigas
Com o crescimento das cidades, as formigas se adaptaram para viver junto ao homem e encontraram nas casas um lar muito confortável, que, além de espaço para a construção do ninho, providencia constantemente água e alimento. Os armários de doces e outras fontes de açúcar costumam ser os locais mais visitados por elas. “As formigas soldado precisam de muitos carboidratos em sua alimentação, e as larvas, de proteína e gordura”, explica Odair Corrêa Bueno, pesquisador do Centro de Insetos Sociais do campus de Rio Claro da UNESP. Para evitar o aparecimento dos insetos, é necessário manter o ambiente sempre limpo e com os alimentos devidamente guardados e embalados. Consertar rachaduras ou frestas nas paredes também impede a entrada e instalação dos insetos. Para substituir os inseticidas (que podem espalhar ainda mais as formigas), Bueno diz que óleos essenciais como os de laranja, cravo-da-índia e citronela podem funcionar como repelentes naturais.
Cupins
O pesquisador Odair Bueno explica que no ambiente urbano, são encontrados dois tipos de cupins: o cupim subterrâneo, espécie “importada” que se aloja no solo, nas árvores e em casas, e o cupim de madeira seca, espécie mais comum no Brasil. Esse inseto é atraído para as residências atrás de celulose, o delicioso lanche que nutre toda a colônia e é encontrado na madeira e no papel. Os óleos naturais também servem como repelente de cupins, mas para eliminar o mal pela raiz, é preciso vistoriar constantemente áreas escuras e pouco frequentadas da casa onde haja foco para a instalação do ninho. “Geralmente, os cupins têm preferência por madeiras moles, que são mais fáceis de digerir. O papel e o papelão também servem de alimento pois têm muito mais celulose que a madeira e não são duros”, explica Bueno. Portanto, saiba reconhecer quando aquele armário já passou do prazo de validade ou que é necessário se livrar dos papeis que você nunca mais vai ler. Limpe a área e exponha à luz: os cupins são insetos fotossensíveis e devem permanecer longe por até um ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário