PORANDUBAS
Vendendo aspirador de
pó
A dona de casa, em um vilarejo, ouve alguém batendo
palmas em sua porta...
- Ó de casa, tô entrando ! Ela se depara com um
homem que vai entrando na casa e joga esterco de cavalo em seu tapete da sala.
A mulher apavorada pergunta :
- O senhor está maluco ? O que pensa que está
fazendo em meu tapete?
Sem deixar a mulher falar, o vendedor deita o verbo
:
- Boa tarde ! Eu estou oferecendo ao vivo o meu
produto ; e vou provar pra senhora que os nossos aspiradores são os melhores e
mais eficientes do mercado, tanto que vou fazer um desafio : se eu não limpar
este esterco em seu tapete, eu prometo que irei comê-lo !
A mulher se retirou para a cozinha sem falar nada.
O vendedor curioso, perguntou :
- A senhora vai aonde ? Não vai ver a eficiência do
meu produto ?
A mulher responde :
- Vou pegar uma colher, sal e pimenta e um
guardanapo de papel. Também uma cachaça para te abrir o apetite, pois aqui em
casa não tem energia elétrica !
Moral da história : conheça o seu cliente
antes de oferecer qualquer coisa.
A CPI de águas turbulentas
A CPI do Cachoeira vai inundar muitos espaços. À
guisa de lembrança, o jorro d'água abrirá alguns braços formando : 1) o rio
Demóstenes; 2) o lago Perillo; 3) a lagoa Agnelo; 4) o arquipélago Delta; 5) os
riachos da Câmara e 6) ramificações aqui e acolá. O senador Demóstenes Torres,
com grande experiência no Ministério Público, vai usar tudo que sabe do campo
das letras jurídicas. Os governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz contarão
com boas estruturas de defesa. O arquipélago Delta tem um arsenal insuperável
para brigar. Os parlamentares envolvidos da Câmara poderão ser acolhidos no
abrigo do corporativismo. A CPI vai ferver água durante boa parte do ano.
A tormenta do mensalão
Há, ainda, dúvidas sobre as águas que rolarão da
montanha do mensalão. Não se sabe se virá um tufão ou um tsunami. Na incerteza,
pode-se apostar em tormenta. Claro, se o julgamento começar neste semestre.
Carlos Ayres Britto, que assumirá a presidência do STF amanhã, pensa em iniciar
o julgamento agora em junho. Tudo depende da liberação do processo para análise
do plenário da Corte. Liberação que está nas mãos do ministro Ricardo
Lewandowski. Ainda há gente querendo apor novo conjunto de provas. O advogado
Tolentino, ex-sócio de Marcos Valério, é o autor deste novo capítulo.
Visão técnica e visão política
Começa a guerra de grupos, facções, núcleos e
partidos. Distingue-se, por parte do PT, o interesse em pressionar os membros
do Supremo para que analisem o mensalão sob a exclusiva ótica técnica. Os
implicados que integram o PT acreditam que, sob os parâmetros da técnica, o STF
não encontrará provas da existência do mensalão. Ora, mas esse processo, pelo
que se sabe, não pode ser apartado da visão política – que implica conluios,
rede de interesses manobrada por recursos financeiros, pressões partidárias. O
fato é que intermediação política foi comprovada. A engenharia jurídica deverá
encontrar meios para demonstrar a existência do fenômeno. Agora, dizer que o
mensalão foi apenas o uso de caixa dois é – como se diz – substituir a versão
pela verdade.
O caldo geral
O que sairá do caldeirão onde estarão sendo cozidos
os condimentos do mensalão e da CPI mista do Cachoeira ? Pergunta difícil de
responder. Mas é possível alinhar o pano de fundo para eventuais respostas.
Primeiro : o governo irá colaborar para deixar a água ferver e transbordar,
queimando quem deve ser queimado, ou deverá se esforçar para acender um fogo
lento ? A água fervente transbordando poderá prejudicar o fluxo parlamentar e,
consequentemente, a carruagem administrativa. Segundo : as insatisfações da
base parlamentar serão administradas ? Se a indignação continuar, o risco de o
governo ser prejudicado é real. Particularmente no que diz respeito à principal
empreiteira do PAC, a Delta, que teria recebido cerca de 800 milhões de reais.
Terceiro : as investigações podem trazer revelações bombásticas e, nesse caso,
os horizontes serão escuros como trevas.
E as eleições ?
Costumo lembrar que o eleitorado brasileiro,
bombardeado todos os dias por denúncias de desvios e corrupção, fará uma
distinção entre a deterioração política generalizada e as demandas que afligem
seu cotidiano. Ou seja, o discurso local predominará sobre o discurso
abrangente. A micropolítica suplantará a macropolítica. As necessidades dos
bairros e regiões – creches e escolas, transporte, estabelecimentos
hospitalares, alimentos baratos, segurança e proteção – influenciarão mais os
eleitores que as maracutaias e redes de corrupção.
Jogo partidário
PT e PMDB disputam a possibilidade de fazer o maior
número de prefeitos. O PT é mais fechado, o PMDB mais aberto; aquele olha mais
para si; este vê também os outros. PSB, por sua vez, olha para a esquerda e
para a direita, abrindo brechas por todos os lados. PDT, PTB, PR terão menores
chances. E as oposições ? O PSDB tende a perder espaços, com exceção de São
Paulo, Paraná e Goiás. O DEM é quem mais perderá. Até poderá fazer bonito em
algumas – poucas capitais e cidades médias. O PSD vai depender do tempo de TV e
rádio.
DEM e PMDB
As conversações em torno de eventual e futura fusão
entre PMDB e DEM estão avançadas. PMDB é mais preferido pelo DEM que PSDB para
efeito de fusão.
Prestígio de Dilma (?)
A presidente Dilma atingiu o maior pico de
aprovação popular já alcançado por um presidente nas últimas quatro décadas :
76%. Colada à imagem a tinta da faxina ética. A crise que abate atores
políticos não chega nem perto à imagem presidencial. Com essa bagagem de apoio,
ela faz o que pensa e quer. A base governista teme fazer represálias quando não
se sente atendido em suas demandas. Espera que o tempo traga algum desgaste à
presidente. O fato é que sob o escudo de alto prestígio, a presidente Dilma tem
definido a pauta que quer e escolhido o roteiro de percurso sem dar muita bola
às pressões.
PMDB contido
O PMDB é um partido que contém seu ímpeto. Não está
satisfeito com a conduta do governo, que diz governar com o PMDB. Este partido
sabe que não é verdade. Diminuiu seu espaço na administração em mais de 40%
quando comparado ao espaço que detinha no governo Lula. Ideli Salvatti é a
ministra mais repudiada pelo partido.
O jantar de Ideli
Na noite em que o PMDB comemorava seus 46 anos, com
a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, Ideli jantava com um
grupinho de peemedebistas descontentes. É claro que o "ágape
idelístico" gerou indigestão em estômagos do partido. Por um bom tempo, o
líder Henrique Alves deixou de atender telefonemas da ministra, que queria se
desculpar. Panos quentes foram jogados sobre a mesa.
EMTUpidas...!
Há alguma coisa confusa na EMTU. Foram divulgadas
as exigências para as empresas que fariam a supervisão e fiscalização da
construção e reforma das subestações elétricas de um corredor de ônibus, aliás,
um importante investimento para a melhoria do transporte urbano. O estranho é
que a única empresa a atender todas as exigências foi uma especializada em
Saneamento e não no objeto da licitação. Onde estamos, a que país pertencemos ?
Gestão comunicante ?
A CPTM criou um setor de "Gestão de Meio
Ambiente". Parabéns. Agora, colocar este setor sob a direção de um
comunicólogo não é arriscado ? Será que, em uma mesma diretoria, engenheiros,
biólogos e comunicólogos falarão a mesma linguagem ? A intenção parece boa.
Mas, o tempo é o senhor da razão. Veremos como funcionará.
ABSESP
Nesta quarta-feira, a Associação Brasileira dos
Sindicatos e Entidades de Segurança Privada, fundada em 2010 e presidida pelo
empresário José Adir Loiola, inaugura sua sede em Brasília/DF. Há tempos o
segmento de segurança privada carecia de uma representação nacional que
correspondesse à altura de sua importância econômica. A ABSESP vai representar
mais de 80% do mercado de segurança privada em 18 estados brasileiros. No
Brasil, o efetivo da segurança privada é de 540 mil vigilantes trabalhando em
1.500 empresas autorizadas a funcionar pela Polícia Federal.
PSD e a decisão TSE
O PSD do prefeito Gilberto Kassab tem esperança de
ganhar tempo de mídia eleitoral. TSE julga o caso. O DEM argumenta que o tempo
de TV e rádio e os recursos partidários são estabelecidos a partir das cotas
alcançadas pelos partidos nas eleições. O PSD alega que, ao ser criado dentro
da lei e das regras eleitorais, deve receber não apenas os migrantes
partidários, mas os direitos que eles detinham. Se o parlamentar deixa
legalmente um partido deve carregar com ele todos os direitos que tinha.
Haddad avançará ?
Dúvida no ar : Fernando Haddad avançará ? Hoje, tem
3% de intenção de voto. Este consultor avalia que o candidato petista tende a
alcançar os 30% que o PT, historicamente, alcança na capital.
Chalita e Serra
Se, por um acaso, não for Haddad e sim Gabriel
Chalita o opositor de José Serra, no segundo turno, o tucano tem grandes chances
de.... perder o pleito.
Tipologia eleitoral
1. O continuista -
Candidato à reeleição na prefeitura, máquina a serviço da candidatura, cabos
eleitorais multiplicados, o continuista tem grandes vantagens sobre outros.
Particularmente se construiu forte identidade junto à comunidade. Pontos fortes
: ações e obras a mostrar. Pontos fracos : mesmice e eventuais denúncias de
corrupção/nepotismo, etc.
2. O oposicionista -
Deve encarnar situação de mudança, troca de peças velhas na máquina
administrativa. Para ter sucesso, precisa captar espírito da comunidade,
auscultar demandas, fazer um corpo a corpo, deixar-se mostrar, ganhar confiança
do eleitor. Pontos fortes : alternativa à velha ordem; encarnação do espírito
do novo. Se for um perfil já conhecido, impregná-lo com o verniz da renovação.
Pontos fracos : pequena visibilidade; estruturas de apoio mais tênues.
3. A terceira via - O
candidato da terceira via apresenta-se como perfil para quebrar a polarização
entre situação e oposição. Para angariar apoio de todos os lados, carece
organizar um discurso moderado, ouvindo todos os segmentos, buscando uma linha
intermediária. E demonstrar que tem melhor programa do que os dois candidatos.
Pontos fortes : bom senso, alternativa à polarização acirrada entre grupos, inovação.
Pontos fracos : falta de apoios das estruturas.
Estratégias e táticas
Candidatos de todos os partidos ganham mais força
quando estabelecem planejamento de suas campanhas. Pequenos conselhos :
- Buscar o apoio de entidades organizadas da
municipalidade – sindicatos, associações, federações, clubes, movimentos,
núcleos;
- Montar sistema de aferição (pesquisa) de modo a
mapear demandas e interesses dos bairros e regiões;
- Estabelecer um programa abrigando ações e
projetos específicos para as áreas e elegendo como focos determinados setores
da sociedade (mulheres, crianças, jovens, etc.);
- Criar agenda de eventos – pequenos eventos, bem
articulados, com pequenos grupos, de forma a estabelecer forte interação entre
os interlocutores; mais eventos pequenos funcionam melhor que eventos grandes;
- Criar forte identidade – eleger dois ou três
grandes eixos que possam identificar rapidamente o candidato, de forma a
estabelecer um diferencial em relação a outros;
- Escolher um grupo de conselheiros entre os nomes
mais respeitados da comunidade e que sirva de referência;
- Estabelecer um fluxo de comunicação para a
campanha, obedecendo aos ciclos : lançamento do nome; crescimento da campanha;
consolidação da visibilidade; maturidade; clímax da campanha e declínio. Deixar
volumes maiores para as últimas fases;
- Formar ampla rede de apoiadores/cabos eleitorais
de confiança, fazendo com que cada eleitor seja, ele mesmo, um cabo eleitoral;
- Formar uma teia de divulgadores/trombetas de
campanha, pessoas que começam a falar das virtudes e qualidades do candidato,
de modo natural, conquistando, assim, a simpatia dos ouvintes. Sem demonstrar
arrogância;
- Planejar o dia D. Dia das Eleições. Logística,
visibilidade/publicidade (controlada), sistemas de
articulação/mobilização/apuração, etc.
Conselho aos membros da CPI
Os componentes da CPI mista, a ser criada para
investigar as denúncias envolvendo Carlinhos Cachoeira, serão muito
pressionados por partidos e sistemas de forças. Por isso, precisam se guiar por
um conjunto de princípios e ideias, dentre os quais :
1. Definir de maneira
criteriosa a pauta da CPI, nomes e estruturas a serem investigadas.
2. Estabelecer um prazo
para finalização dos trabalhos.
3. Evitar tumultos e balburdias
que possam vir a prejudicar o andamento dos trabalhos e a comprometer a própria
CPI.
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