Show de adestramento sem
rédeas é ponto alto de feira de cavalos alemã
Globo Rural reapresenta as melhores matérias do ano
de 2011.
Na arena, os animais fazem movimentos que impressionam os visitantes.
Na arena, os animais fazem movimentos que impressionam os visitantes.
Na Equitana, evento
sobre o mundo dos cavalos que acontece a cada dois anos na Alemanha,
os mestres de equitação são admirados, idolatrados, como no Brasil acontece com
artistas da música, da TV ou jogadores de futebol.
Frédèric
Pignon é um francês que, minutos antes do encontro com uma sessão de
autógrafos, encantou o público em um aula na arena principal.
A
aula foi um show de adestramento, a admirável capacidade de comunicação que um
homem e um cavalo podem alcançar. Sem rédeas, fazendo um ou outro estalido com
a boca, manejando apenas duas varinhas, ele conduz os animais como um
coreógrafo regendo bailarinos. A dupla de cavalos gira em torno dele e roda
para lados diferentes. O público aprecia e aplaude entusiasmado.
O
grande show da Equitana é um espetáculo ininterrupto de quase quatro horas de
duração, uma mistura de circo com teatro.
Existem
representações de cavaleiros medievais e grandes sessões de acrobacias, mas o
que encanta os sete mil expectadores que lotam a grande arena da Equitana é a
apresentação dos mestres que fazem do exercício da equitação uma obra de arte.
Eles
dispensam tudo: sela, arreio, cabresto, bridão e freio. Conduzem os cavalos com
o chamado adestramento em liberdade, onde cavalo e treinador entram em uma
grande sincronia.
Entre
estes mestres está Frédèric Pignon. Ele explica como controla os cavalos.
“Eu penso que essa mágica vem do elo de amizade e respeito que procuro manter
com eles. Você não vê porque isso é energia. Quando faço um gesto solicitando
alguma coisa e o animal responde, pode até parecer mágica, mas na verdade, tem
muito, mais muito trabalho mesmo por trás disso”.
Pignon explica como cria
as apresentações. “Eu procuro seguir o que os cavalos gostam de fazer. É como
num quebra-cabeças. E aí vou encaixando os números. Mas, repito: é tudo fruto
de muito trabalho e da abordagem que faço: no adestramento em liberdade, é
importante que os cavalos se sintam livres para que possam expressar o que
sentem”.
O
adestrador observa que um cavalo triste, infeliz, desconfortável ou que esteja
sentindo medo não consegue realizar essas coisas. Lembra que entre o focinho e
os olhos, o animal tem glândulas que exalam cheiros específicos quando a
situação não está boa. “Treinar cavalos é como tirar alguém pra dançar. Tem que
haver aceitação, confiança e entrega. Se não, não dá certo”.
Mas
a grande estrela do show da Equitana é outro francês, mas que tem um nome
artístico italiano: ‘Lorenzo, o cavaleiro que voa’. “Minha mãe tinha uma pousada
no sul da França, quase fronteira com a Itália. Recebíamos muitos turistas
italianos. Em vez de me chamarem de Laurent, que é meu nome, falavam Lorenzo.
Aí adotei como nome artístico”, conta.
Lorenzo
é um fenômeno de popularidade na Europa. Já foi feito até um filme sobre ele –
“O homem livre” - que conta como sua tropa é treinada nos pantanais do sul da
França, onde ele conviveu e convive ainda com cavalos selvagens da área de
Camarga. Foi vendo shows de rodeios e montando os cavalos camargos que Lorenzo,
desde os seis anos, descobriu o dom que tinha. “De uns anos pra cá, passei a
trabalhar só com cavalos lusitanos. Vou a Portugal escolhê-los. São mais altos
e, devo dizer, mais inteligentes”.
Lorenzo
conta que pratica longas caminhas com os cavalos. “O que eu faço é ficar com
eles, sair com eles. Eles adoram caminhar. Quando vejo que estão gostando,
começo a exercitar as formações”.
Na
arena da Equitana ele consegue fazer uma formação de 12 animais tendo como
instrumentos apenas a voz e uma varinha. Ele posiciona a tropa e faz cada um
achar o seu lugar. Com um gesto quase imperceptível, faz o grupo todo rodar no
sentido horário.
Apesar
dos 32 anos de idade, Lorenzo já tem 20 de carreira. É admirado pelos mestres
do cavalo pela capacidade que tem de desenvolver uma cenografia equestre única
no mundo.
Os
astros que se apresentam na Equitana não têm vida de estrelas, não. São eles
que tratam dos cavalos e cuidam das baias. No caso do Lorenzo, é ele mesmo que
dirige o caminhão da tropa para os shows.
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