Petrobras precisa elevar preço de combustíveis no Brasil--jornal
BRASÍLIA,
26 Fev (Reuters) - A nova presidente da Petrobras disse que a companhia precisa
elevar os preços dos combustíveis para acompanhar os altos preços do petróleo,
enquanto mantém a prática de controlar os valores na bomba, para proteger os
consumidores da volatilidade.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, a menos de duas
semanas no cargo, Maria das Graças Foster enfatizou a importância de aumentar a
capacidade doméstica de refino, para reduzir a exposição do Brasil às
flutuações de preço do petróleo no mercado internacional.
O governo brasileiro tem mantido o preço da gasolina para
consumidores estável nos últimos oito anos. A Petrobras se beneficia quando os
preços do petróleo caem abaixo do nível de preço relativo que o governo
determina, mas perde quando os preços globais do petróleo ficam acima dos
níveis do mercado doméstico, gerando perdas para a companhia, que precisa
importar combustível para atender a demanda local.
"Trazer toda essa volatilidade em tempo real para o
consumidor é impraticável. É absurdo pensar que isso possa acontecer",
disse Foster.
Mas ela afirmou que há uma necessidade de elevar o nível dos
preços dos combustíveis aos consumidores, mesmo se eles ainda não acompanham os
altos e baixos dos preços globais do petróleo.
"Agora, que tem de repassar preço, tem", disse ela.
"Esse é o ponto, tem de repassar. A defasagem entre os preços
internacionais e os preços nacionais abre-se, essa diferença fica bastante
pronunciada e os efeitos são maiores para a Petrobras".
O consumo doméstico de combustíveis em rápido crescimento tem
aumentado a dependência da companhia em importações de produtos refinados do
petróleo, mesmo com o aumento de sua própria produção de petróleo. A produção
nacional da Petrobras está agora em cerca de 2 milhões de barris por dia.
A Petrobras, quinta maior companhia de petróleo em valor de
mercado do mundo, está no meio de um plano de expansão de 225 bilhões de
dólares.
A companhia quer quase triplicar sua produção para mais de 6
milhões de barris de petróleo por dia até 2020, o que pode ajudar o Brasil a
desafiar os Estados Unidos em seu papel de terceiro maior produtor de petróleo,
atrás de Rússia e Arábia Saudita.
Na entrevista, Foster se descreveu como "extremamente
ansiosa" e exigente, uma imagem que cultivou em sua carreira em mais de 30
anos de companhia.
Foster disse que não é papel da Petrobras controlar a inflação
pelo preço que determina e dispensou a ideia de que a companhia está
pressionada a operar de uma maneira que dê prioridade às metas macroeconômicas
do governo ao invés das metas dos investidores.
"Essa vocação para corrigir a inflação, para segurar a
inflação, não é uma vocação da Petrobras", disse Foster.
O petróleo tipo Brent chegou perto da máxima em 10 meses de 125
dólares o barril na sexta-feira, enquanto as sanções financeiras ao Irã forçam
compradores do petróleo iraniano na Europa e Ásia a buscarem outros
fornecedores.
Observando o aumento de sexta-feira, Foster disse que é
importante ter uma visão mais ampla do nível médio dos preços do petróleo em
qualquer ajuste que a companhia faça, apontando para uma média recente mais
típica de 100 a 110 dólares o barril.
No centro das enormes ambições do Brasil com o petróleo estão as
reservas do pré-sal, descobertas na costa sudeste, em 2007, que são estimadas
em mais de 50 bilhões de barris, mas que ficam enterradas profundamente a
vários quilômetros abaixo da superfície do oceano, sob uma espessa camada de
sal, criando novos desafios técnicos.
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