PSA Peugeot Citroën fecha acordo com a General Motors
Aliança se concentra na partilha de
plataformas de veículos e componentes.
Cada empresa continuará a comercializar veículos de forma independente.
Após
dias de rumores sobre uma possível cooperação entre a companhia francesa PSA
Peugeot Citroën e a
norte-americana General Motors, as duas empresas confirmaram o acordo nesta
quarta-feira (29), junto com o fechamento das bolsas europeias. As sinergias
totais esperados da aliança são estimadas em aproximadamente US $ 2 bilhões em
cerca de cinco anos.
Em comunicado divulgado logo após o anúncio, a GM afirma que
cada empresa continuará a comercializar seus veículos de forma independente e
"numa base competitiva". Porém, a aliança garantirá o
compartilhamento de produção, plataformas e tecnologias.
Para isso, a GM terá 7% do capital do grupo francês, tornando-o
o segundo maior acionista atrás do Grupo Família Peugeot. A PSA Peugeot Citroën deverá
levantar cerca de 1 bilhão de euros por meio de aumento de capital com direito
de preferência para os acionistas da PSA Peugeot Citroën, subscrita por um
sindicato de bancos, inclusive, um investimento do Grupo Família Peugeot, como
um sinal de confiança no sucesso da aliança.
Inicialmente,
a GM e a PSA Peugeot Citroën pretendem se concentrar em carros de passeio de
pequeno e médio porte, monovlumes e crossovers. As empresas também consideram o
desenvolvimento de uma nova plataforma comum para veículos de baixa emissão. O
primeiro carro criado em uma plataforma comum tem previsão de lançamento em
2016.
Além disso, a aliança vaiexplorar áreas de cooperação, como
logística integrada e transporte. Para este fim, a GM pretende estabelecer uma
cooperação estratégica comercial com a Gefco, uma empresa de serviços de
logística integrada e subsidiária da PSA Peugeot Citroën. A empresa prestará
serviços e logística para a GM na Europa e Rússia.
"Esta parceria traz grande oportunidade para as nossas duas
empresas. As sinergias de aliança, além de nossos planos independentes, volta a
posição da GM para a rentabilidade a longo prazo sustentável na Europa",
disse Dan Akerson, presidente e CEO da GM.
Philippe Varin, presidente do conselho de administração da PSA
Peugeot Citroën, declarou em nota que a aliança é um momento extremanete
"empolgante" para ambos os grupos. "Esta parceria é rica em seu
potencial de desenvolvimento. Com o forte apoio de nosso acionista histórico e
com a chegada de um novo acionista de prestígio, todo o grupo está mobilizada
para colher todos os benefícios deste acordo", ressaltou.
No
entanto, a General Motors poderá incluir no plano cortes de empregos e
fechamento de plantas potenciais na Europa, onde o grupo opera por meio do
braço alemão Opel, que enfrenta sérios problemas financeiros, de acordo com
fontes ligadas ao acordo, entrevistadas pela Reuters e pela France Presse.
Embora as duas empresas apostem em benefício mútuos com a
aliança, o fato de a Opel e a Vauxhall (divisões da GM) dependerem extremamente
do mercado europeu, assim como a PSA, preocupa analistas de mercado.
A aliança será supervisionado por um comitê de direção global
que inclui um número igual de altos executivos de cada empresa. A implementação
está sujeita a aprovações regulatórias necessárias em determinadas jurisdições,
bem como a notificação aos conselhos apropriados dos sindicatos de
trabalhadores locais.
Crise econômica
A busca por uma nova saída se tornou mais intensa no ano passado, quando o grupo PSA passou por um difícil momento, especialmente em função da crise econômica na Europa.Em janeiro, a PSA Peugeot Citroën desmentiu rumores de que estaria em negociação com o grupo Fiat Chrysler. No entanto, o grupo liderado pela empresa italiana reforça o interesse na parceria publicamente. Há dois anos, o grupo francês tentou se aliar à japonesa Mitsubishi, mas a operação foi desfeita. O projeto foi enterrado em março de 2010.
A PSA é líder no mercado francês e ocupa o segundo lugar em
vendas na Europa. Por causa da crise, no ano passado as vendas do grupo caíram
1,5% no mundo a 3,5 milhões de unidades. Assim, a receita líquida do grupo caiu
pela metade, para 588 milhões de euros. O grupo voltou a lucrar em 2010, depois
de ter passado por dois anos consecutivos de perdas.
A má performance em 2011 pesou no braço automotivo, o mais
importante do grupo. A divisão teve perda operacional de 92 milhões de euros no
ano, contra lucro de 621milhões de euros em 2010. Diante da situação, a PSA vai
investir mais no desenvolvimento das operações fora da Europa, no entanto, a
empresa precisa de financiamento para isso. Assim, uma aliança vem em bom
momento.
Opel
também se beneficiaria
Para a GM, uma aliança possibilita reduzir custos operacionais em sua divisão europeia, a Opel, que tem tido grandes perdas. A Opel, que a GM decidiu manter em 2009 quando o então presidente-executivo Ed Whitacre abandonou os planos de venda, é uma das principais preocupações dos investidores da GM. No ano passado, a GM perdeu US$ 747 milhões na Europa e analistas do Morgan Stanley avaliaram a Opel como negativa em US$ 8 bilhões.
O vice-presidente do conselho da GM, Steve Girsky, assumiu o
controle da reestruturação da Opel, e a GM disse neste mês que detalharia as
próximas medidas a serem tomadas em breve.
Analistas consultados pela agência Reuters disseram que é
possível que uma década se passe antes que os benefícios do pacto se realizem
completamente, e mais medidas seriam necessárias para superar o problema
central para ambas as montadoras na Europa: excesso de capacidade.
"Francamente, acreditamos que a aliança criará complicações
num momento muito delicado na própria reestruturação", disse o analista
Matthew Stover, do Guggenheim, na semana passada, antes do acrodo ser
oficializado "De um ponto de vista geral, a GM tem muito mais a oferecer à
Peugeot do que o inverso".
Foco da Peugeot no Brasil
Entre os mercados mais promissores para o grupo estão China e Brasil. Somente para o mercado brasileiro estão previstos oito lançamentos para este ano, entre novos modelos e versões para as duas marcas. A estreia da linha de luxo Citroën DS é uma delas. Além dele, já desembarcaram por aqui neste ano o 308 e o 408 1.6 THP (turbo).
A Peugeot ainda reserva o 308 THP, o 208 - que será fabricado no
Brasil em 2013 - e o sedã 508. A meta para a marca do leão é vender neste ano
100 mil unidades e chegar a 3% de participação do mercado, de acordo com o
presidente da Peugeot do Brasil, Frédéric Drouin. Somente o 308, que começa a
ser vendido em março, deve colaborar com 12 mil unidades vendidas até o fim do
ano, segundo as previsões da Peugeot.
Já a Citroën descarta entrar no segmento popular no país e
continua a apostar no crescimento do segmento “Premium”. Segundo a montadora,
hoje o amadurecimento do mercado brasileiro leva ao crescimento de segmentos
mais altos. Por esse motivo, a Citroën crescerá de forma “natural”.
Para este ano, a marca pretende ter também 3% de participação em
um mercado previsto em 3,63 milhões de unidades, o que significa a venda de 110
mil carros. Em 2011, a particpação da marca francesa foi de 2,63%. Mas o
crescimento só será possível com a expansão da rede de concessionárias, de
acordo com a própria montadora.
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