Novas regras ‘reprovam’até R$ 95 bi de capital de
bancos
Do total de R$ 239 bilhões que hoje são considerados como
capital próprio pelos quatro maiores bancos brasileiros — Banco do Brasil, Itaú
Unibanco, Bradesco e Santander —, apenas cerca de 60% a 70% passarão pelo novo
crivo de qualidade que será imposto pelo Banco Central, que seguirá regras
internacionais definidas com seus pares em todo o mundo.
A diferença de R$ 75 bilhões a R$ 95 bilhões a menos no capital
próprio considerado de melhor qualidade tem impacto direto na capacidade de
empréstimo. Pelas normas atuais, o capital de melhor qualidade é conhecido por
“nível 1”, mas com as novas regras o chamado “core capital” terá parâmetros
mais exigentes, daí a “perda”. Analistas e bancos começam a calcular o impacto
das medidas, colocadas em audiência pública na sexta-feira passada.
A mudança será adotada gradativamente, entre 2013 e 2019, mas
pode produzir efeitos imediatos em alguns bancos, tanto no ritmo projetado para
os empréstimos nos próximos anos como em termos de retenção de lucros.
Analistas do Itaú BBA calculam que caso o Banco do Brasil queira
manter o mesmo nível de alavancagem (ativos como proporção do capital) de seus
principais rivais ele terá de aumentar seu capital em R$ 25 bilhões até 2018, o
que equivaleria a cerca de R$ 12 bilhões em valores atuais. Em relação ao
Santander, os especialistas acreditam que ele pode ter de reduzir a farta
distribuição de lucros. O banco distribui aos acionistas mais de 60% dos ganhos
anuais, ante uma fatia de 35% a 40% dos demais.
Segundo o Valor apurou, o Banco Central traçou diversos cenários
para calcular o quanto de capital adicional as instituições financeirascomoum
todo precisariam para cumprir as novas exigências, que levam o nome de Basileia
3. A conclusão foi que se os bancos mantiverem o nível recente de distribuição
de lucros, o sistema não precisará de aportes extras de capital. As novas
exigências poderiam ser cumpridas apenas com a retenção de resultados.
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