Balança comercial tem maior déficit para meses de janeiro
desde 1973
No mês passado, balança
registrou déficit de US$ 1,29 bilhão, diz governo.
Dados foram divulgados nesta quarta pelo Ministério do Desenvolvimento.
A balança comercial
brasileira registrou déficit (importações maiores do que exportações) de US$
1,29 bilhão em janeiro deste ano, informou nesta quarta-feira (1º) o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Trata-se
do maior resultado negativo registrado para meses de janeiro da série histórica
disponibilizada pelo Ministério do Desenvolvimento, que tem início em 1992. Até
o momento, o pior resultado dos meses de janeiro havia acontecido em 1998
(déficit de US$ 724 milhões).
(Observação: ao ser publicada, esta reportagem informou no
título que o déficit de R$ 1,29 bilhão é o pior em 21 anos para o mês de
janeiro. Essa afirmação foi feita com base na série histórica disponibilizada pelo
ministério, que começa em 1992. Posteriormente, o MDIC levantou dados
anteriores e informou que o resultado é o pior desde 1973. O título foi
modificado às 16h25.)
Razões para o déficit
O fraco desempenho da balança comercial em janeiro deste ano está relacionado com a desaceleração da economia mundial, o que resulta em procura menor por produtos e gera aumento da competição pelos mercados que ainda registram crescimento (como o Brasil). As exportações para a União Europeia, por exemplo, recuaram 25%.
"A
crise internacional explica os resultados do mes de janeiro. De fato, o cenário
internacional permite a explicação desta situação. A taxa de expansão das
exportações foi pequena (...) O cenário internacional faz com que nossas
exportações sejam dificultadas, especialmente para a União Europeia. Isso é
combinado com o aquecimento da economia brasileira, que segue importando. Se
não fosse a queda de vendas externas para a União Europeia, as exportações
teriam crescido 9,8% em janeiro", disse a secretária de Comércio Exterior
do MDIC, Tatiana Prazeres.
O
déficit da balança em janeiro também tem relação com a queda nos preços de
algumas "commodities" (produtos básicos com cotação internacional).
Esse fenômeno aconteceu com minério de ferro e com o complexo soja. As
exportações de minério de ferro, por exemplo, recuaram 31% em janeiro deste
ano, contra igual mês do ano passado. O mesmo aconteceu com as exportações de
milho (-7,6%), farelo de soja (-7%). Entretanto, houve um aumento das vendas de
soja em grão (+311%).
Exportações e importações
Segundo números do Ministério do Desenvolvimento, as exportações somaram US$ 16,14 bilhões no mês passado, com média diária de US$ 733 milhões, e bateram recorde para meses de janeiro. Neste caso, o crescimento sobre janeiro de 2011 foi de 1,6%. Ao mesmo tempo, as importações totalizaram US$ 17,43 bilhões no último mês, com média de US$ 792 milhões por dia útil, também recorde para janeiro. As compras do exterior, porém, cresceram bem mais sobre janeiro do ano passado: 12,3%.
Resultado de 2011 fechado
Em todo o ano de 2011, o superávit da balança comercial brasileira somou US$ 29,79 bilhões. Com isso, o superávit da balança comercial registrou crescimento de 47,8% em relação ao ano de 2010, quando o saldo positivo totalizou US$ 20,15 bilhões. Trata-se, também, do maior superávit da balança comercial desde 2007 (US$ 40,03 bilhões). Em 2008 e 2009, respectivamente, o saldo comercial somou US$ 24,95 bilhões e US$ 25,27 bilhões.
Perspectivas para 2012
Para 2012, ano que ainda será marcado pelos efeitos da crise financeira internacional, com a previsão de crescimento do PIB em cerca de 3,3%, e pela concorrência acirrada pelos mercados que ainda registram crescimento econômico - como é o caso do Brasil -, os economistas dos bancos acreditam que o valor do superávit da balança comercial (exportações menos importações) registrará queda, atingindo US$ 19,8 bilhões.
O
Banco Central, porém, está um pouco mais otimista. A autoridade monetária
projeta um superávit da balança comercial de US$ 23 bilhões para este ano, com
as exportações em US$ 267 bilhões e as compras do exterior em US$ 244 bilhões.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por sua vez, prevê um saldo
comercial positivo de US$ 20,8 bilhões neste ano.
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