Festival de Berlim abre espaço
para blogueiros da Primavera Árabe
Berlim, 15 fev (EFE).- O Festival de Berlim abriu espaço nesta
quarta-feira para blogueiros e ativistas da Primavera Árabe, tema principal do
evento, com o objetivo de transferir para as telonas os "captadores
espontâneos" dessas revoluções.
"As revoltas árabes são a máxima expressão de uma vontade
coletiva de mudança. Daí surgiu muito material audiovisual, captado por pessoas
reais e que mostra pessoas reais. O desafio agora é traduzir para o
cinema", afirmou o diretor da Festival de Berlim, Dieter Kosslick, ao
apresentar o "Fórum da Primavera Árabe".
A internet é atualmente o "maior canal de difusão" para
as revoltas contra o regime da Síria, afirmou a diretora e ativista síria Hala
al Alabdallah.
"Há toda uma nova geração de cineastas que surgiram no
YouTube, cujas imagens, captadas com celular, são armas na luta pela
liberdade", acrescentou a cineasta, que lembrou que gravar e divulgar
essas imagens, em boa parte do mundo, só é possível "arriscando a própria
vida".
"Talvez não seja o meio mais profissional, mas é o único
existente em situações de ditadura e repressão como a vivida na Síria",
acrescentou seu compatriota e repórter gráfico Mohammed Ali Attasi.
Koslick enfatizou a necessidade de dar ao termo Primavera Árabe
"seu sentido mais amplo". Ou seja, tanto nos países do norte da
África, onde surgiram as revoltas, desde o colonialismo até hoje, e nos lugares
em situação de "conflito latente", quanto no Saara Ocidental.
Além dos debates, organizados por regiões e problemas - envolvendo
Síria, Tunísia, Egito e Líbia, entre outros -, o Festival de Berlim incluiu 50
filmes, em todas as suas seções, sobre esse tema.
"Temos interlocutores em todas as seções, inclusive no
júri", indicou Kosslick, em relação ao escritor argelino Bouamel Sansal,
que será um dos jurados, e o diretor iraniano Asghar Farhadi, vencedor do Urso
de Ouro 2011 com o filme "A Separação".
O principal tema da 62ª edição da Festival de Berlim é, assim, o
foco prioritário da atenção do World Cinema Fund, um fundo de ajuda ao cinema,
criado pelo festival no início da década e que até agora se concentrou na
América Latina, na Ásia e no Oriente Médio.
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