Mercado americano está resistente
à entrada de carros chineses
Americano gosta de sedã grande,
robusto e 'high tech', aponta especialista.
Mercado de carros nos EUA será ditado em 2012 pela previsão do tempo.
A primeira resposta do economista chefe da
NADA (entidade que representa os concessionários do país), Paul Taylor, ao
ser questionado sobre uma possível invasão de carros chineses nos Estado
Unidos foi categórica: "Nem preciso responder isso, é só vocês olharem
aqui em volta. Tem algum expositor chinês?", disse o economista a
jornalistas brasileiros em Las Vegas neste sábado (5). Realmente. Dos 500
expositores presentes na Expo NADA, dentro do congresso anual das 16,5 mil
concessionária norte-americanas, nenhum é chinês.
Taylor
reconhece que daqui cinco anos, marcas com DNA sino poderão entrar no mercado
dos Estados Unidos, mas a aceitação por parte do consumidor vai demorar. Por
isso, para os concessionários, assumir um risco desta proporção para bancar
carros do país da muralha não é assim tão simples. "Os concessionários
querem um negócio rentável, obviamente. Então, se marcas chinesas conseguirem
se enquadrar à exigência dos americanos, claro que vão querer investir",
resume Taylor.
Mas o passo para tudo isso se concretizar
terá de ser bem largo. Afinal, americano compra carro grande, robusto e com
nível de conteúdo tecnológico alto. Características bem diferentes do mercado
brasileiro, por exemplo, onde modelos compactos e simples como o Volkswagen
Gol lideram o ranking de vendas.
Fora o perfil de produto, outra velha
questão entra em cena, o nacionalismo norte-americano. Se hoje, como afirma
Taylor, os americanos comemoram o desempenho positivo das montadoras
estadunidenses em 2011 - que absorveram o espaço no mercado perdido pelas
japonesas "afogadas" por um terremoto no Japão seguido de enchentes
na Tailândia -, não será diferente daqui cinco anos, que seja, quando o
gigante vermelho bater à porta.
Sem neve, venda de carros sobe
A equação do mercado norte-americano de carros é tão peculiar, que o quente
inverno de 2012 é o que vai ditar as vendas deste ano, de forma geral. O
consumidor norte-americano sabe, ao ligar a TV e ver que a previsão do tempo
para as próximas semanas é de um inverno com pouca neve, que terá um dinheirinho
extra na conta corrente. O cálculo é simples: inverno mais quente, usa-se
menos o aquecedor em casa. Ea redução do uso de diesel no aquecedor faz com
que a produção do petróleo seja desviada para a gasolina. Com mais gasolina
no mercado, os preços caem. O conjunto econômico leva o consumidor a viajar
mais e comprar mais carros. Um ambiente perfeito para a indústria
automobilística.
Fora isso, as taxas de juros continuam
baixas nos Estado Unidos, porque o negócio de veículos continua bem interessante
para os bancos. Os prazos de financiamento vão de 24 a 72 meses e a taxa de
juros média é de 2,9% ao ano.
Soma-se ainda nesta conta um crescimento
provável de 2,5% no PIB dos EUA este ano e a recuperação do temido setor
imobiliário, que apresenta retomada de valores em praticamente todos os
estados americanos. Este último, é o fator que deixa o consumidor mais
tranquilo com o futuro da economia. Leia-se tranquilidade para gastar.
Paul Taylor acredita que o mercado local
de carros novos vá crescer de 13,36 milhões de unidades para 13,8 milhões. A
expansão, no entanto, deve ganhar força em 2013, com 15,4 milhões, e em 2014,
com 16,2 milhões de unidades comercializadas, com a recuperação econômica.
"É um volume saudável, por ser sustentável", avalia Taylor ao
comparar com o patamar visto antes da crise de 2008, que chegou a 17 milhões
de carros.
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