segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

CARROS CHINESES NOS EUA


Mercado americano está resistente à entrada de carros chineses


Americano gosta de sedã grande, robusto e 'high tech', aponta especialista.
Mercado de carros nos EUA será ditado em 2012 pela previsão do tempo.

A primeira resposta do economista chefe da NADA (entidade que representa os concessionários do país), Paul Taylor, ao ser questionado sobre uma possível invasão de carros chineses nos Estado Unidos foi categórica: "Nem preciso responder isso, é só vocês olharem aqui em volta. Tem algum expositor chinês?", disse o economista a jornalistas brasileiros em Las Vegas neste sábado (5). Realmente. Dos 500 expositores presentes na Expo NADA, dentro do congresso anual das 16,5 mil concessionária norte-americanas, nenhum é chinês.
Taylor reconhece que daqui cinco anos, marcas com DNA sino poderão entrar no mercado dos Estados Unidos, mas a aceitação por parte do consumidor vai demorar. Por isso, para os concessionários, assumir um risco desta proporção para bancar carros do país da muralha não é assim tão simples. "Os concessionários querem um negócio rentável, obviamente. Então, se marcas chinesas conseguirem se enquadrar à exigência dos americanos, claro que vão querer investir", resume Taylor.
Mas o passo para tudo isso se concretizar terá de ser bem largo. Afinal, americano compra carro grande, robusto e com nível de conteúdo tecnológico alto. Características bem diferentes do mercado brasileiro, por exemplo, onde modelos compactos e simples como o Volkswagen Gol lideram o ranking de vendas.
Fora o perfil de produto, outra velha questão entra em cena, o nacionalismo norte-americano. Se hoje, como afirma Taylor, os americanos comemoram o desempenho positivo das montadoras estadunidenses em 2011 - que absorveram o espaço no mercado perdido pelas japonesas "afogadas" por um terremoto no Japão seguido de enchentes na Tailândia -, não será diferente daqui cinco anos, que seja, quando o gigante vermelho bater à porta.

Sem neve, venda de carros sobe

A equação do mercado norte-americano de carros é tão peculiar, que o quente inverno de 2012 é o que vai ditar as vendas deste ano, de forma geral. O consumidor norte-americano sabe, ao ligar a TV e ver que a previsão do tempo para as próximas semanas é de um inverno com pouca neve, que terá um dinheirinho extra na conta corrente. O cálculo é simples: inverno mais quente, usa-se menos o aquecedor em casa. Ea redução do uso de diesel no aquecedor faz com que a produção do petróleo seja desviada para a gasolina. Com mais gasolina no mercado, os preços caem. O conjunto econômico leva o consumidor a viajar mais e comprar mais carros. Um ambiente perfeito para a indústria automobilística.
Fora isso, as taxas de juros continuam baixas nos Estado Unidos, porque o negócio de veículos continua bem interessante para os bancos. Os prazos de financiamento vão de 24 a 72 meses e a taxa de juros média é de 2,9% ao ano.
Soma-se ainda nesta conta um crescimento provável de 2,5% no PIB dos EUA este ano e a recuperação do temido setor imobiliário, que apresenta retomada de valores em praticamente todos os estados americanos. Este último, é o fator que deixa o consumidor mais tranquilo com o futuro da economia. Leia-se tranquilidade para gastar.
Paul Taylor acredita que o mercado local de carros novos vá crescer de 13,36 milhões de unidades para 13,8 milhões. A expansão, no entanto, deve ganhar força em 2013, com 15,4 milhões, e em 2014, com 16,2 milhões de unidades comercializadas, com a recuperação econômica. "É um volume saudável, por ser sustentável", avalia Taylor ao comparar com o patamar visto antes da crise de 2008, que chegou a 17 milhões de carros.


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