Cientistas russos alcançam lago
antártico com água mais antiga de planeta
Moscou, 7 fev (EFE).- Cientistas russos alcançaram depois de mais de
três décadas de trabalhos de perfuração na Antártida o lago Vostok, a cerca de
3.760 metros sob o gelo e abriga a água mais pura e antiga do planeta.
"Finalmente
conseguimos ultrapassar a camada de gelo que cobre o lago", disse nesta
terça à Agência Efe um porta-voz do Instituto de Pesquisas Árticas e
Antárticas, com sede em São Petersburgo.
Os cientistas
retomaram há mais de um mês a escavação do gelo, a uma razão entre 1 e 4 metros
por dia, que cobre o Vostok, lago que ficou escondido durante milhões de anos.
"Talvez essa
seja a água mais pura e antiga do planeta. Não temos provas diretas, mas dados
de que a superfície deve ser estéril, embora no fundo do lago haja formas de
vida como termófilos e extremófilos (microorganismos que vivem em condições
extremas)", indicou Valery Lukin, o chefe da expedição russa.
Segundo Lukin, os
resultados da perfuração do lago antártico serão fundamentais para o estudo da
mudança climática na Terra nos próximos séculos, já que o Vostok é uma espécie
de termostato isolado do resto da atmosfera e da superfície da biosfera há
milhões de anos.
O chefe da expedição
destacou que a equipe "sabe com toda certeza que o Vostok abriga água
desde que alcançou a profundidade de 3.583 metros, já que a partir daí o gelo
se forma não a partir da neve, mas da evaporação da água".
Com cerca de 300
quilômetros de comprimento, 50 de largura e quase 1 mil metros de profundidade
em algumas áreas, o Vostok é uma massa de água doce em estado líquido que está
no epicentro do sexto continente, como a Antártida é conhecida.
O Vostok tem uma
superfície de 15.690 quilômetros quadrados, similar à do Baikal, a maior
reserva de água doce do mundo, e é o maior lago subterrâneo entre os mais de
100 que existem debaixo do gelo antártico.
Descoberto em 1957
por cientistas soviéticos, foi incluído na lista dos achados geográficos mais
importantes do século 20.
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