CPI cogita mudar plano e convocar governadores, diz
presidente
Senador Vital do Rêgo
disse que comissão decidirá no próximo dia 17.
Delegado disse que assessor recebe dinheiro em GO, segundo deputado.
O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da
CPI mista que investiga as relações políticos e autoridades com Carlinhos
Cachoeira, afirmou nesta quinta (10) que o plano de trabalho da comissão pode
mudar e incluir o depoimento de governadores suspeitos de envolvimento com o
bicheiro. O cronograma original de depoimentos à CPI não prevê a presença de
governadores.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), membro da CPI,
afirmou que um assessor especial do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB),
recebeu R$ 500 mil da organização chefiada por Cachoeira, preso em fevereiro
pela Polícia Federal. De acordo com Teixeira, a informação foi dada pelo
delegado da PF Matheus Mela Rodrigues, responsável pela Operação Monte Carlo,
que resultou na prisão de Cachoeira, em fevereiro. O delegado prestou
depoimento à CPI em sessão secreta nesta quinta.
Na segunda (7), o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, informou que iria pedir a abertura de inquérito para
apurar as relações de Perillo e Cachoeira por conta de uma solicitação do
próprio governador, que nega as acusações. O pedido para convocação do
governador provocou bate-boca na CPI.
Nesta quinta, Vital do Rêgo afirmou: "Se a comissão
entender, majoritariamente, colegiadamente, que precisa mudar o plano de
trabalho, ela vai votar a mudança do plano de trabalho, no dia 17, na próxima
reunião administrativa". Ele disse que, no mesmo dia, também colocará em
votação requerimento que pede a convocação do procurador-geral da República,
Roberto Gurgel.
O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG),
afirmou que a comissão precisa "aprofundar as investigações" sobre a
participação do grupo de Cachoeira nos governos de Goiás e do Distrito Federal.
Ele também disse que a convocação de governadores será analisada no dia 17 de
maio. "Há uma impregnação muito forte dessa organização no governo de
Goiás. Temos que aprofundar as investigações. O governo do Distrito Federal
também merece nossa investigação", disse.
Ao relatar a jornalistas o depoimento do delegado,
Paulo Teixeira disse que as escutas telefônicas da Polícia Federal indicaram
que houve uma remessa de uma caixa de computador com R$ 500 mil para o palácio
do governo de Goiás. A caixa teria sido recebida por um assessor especial do
governador.
No depoimento, de acordo com o deputado, o delegado
informou que Perillo é citado mais de 200 vezes em gravações telefônicas
realizadas pela operação. Segundo ele, há citações também envolvendo o
governador do DF, Agnelo Queiroz (PT-DF).
"Há pelo menos dois contatos [do Perillo] com
o Cachoeira [...] Parabéns pelo aniversário, dois encontros, um jantar na casa
do Demóstenes [Torres, senador]", disse o senador Randolfe Rodrigues,
integrante da CPI.
Segundo o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR),
o governador de Goiás telefonou para os integrantes da CPI pedindo para ser
ouvido na comissão que investiga as relações do bicheiro com políticos e
empresários. Francischini defende que tanto Perillo quanto Agnelo têm de
prestar esclarecimentos à comissão.
"Eu não tenho a mínima dúvida que os
governadores têm de vir. Inclusive apresentamos um requerimento de convocação
dos governadores, inclusive do governador do meu partido. Acho que os dois
[Perillo e Agnelo] têm de prestar explicações para que a opinião pública saiba
o que aconteceu", afirmou.
Advogados
Advogados
O senador Vital do Rêgo justificou a presença na sessão desta quinta de advogados de suspeitos de envolvimento com Cachoeira. Estavam presentes, segundo relato dos parlamentares, os advogados do bicheiro, do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e do ex-diretor da Delta Centro Oeste, Claudio Abreu.
Deputados e senadores reclamaram que Vital do Rêgo
decidiu de forma monocrática autorizar a presença da defesa dos suspeitos, sem
comunicar o fato aos demais integrantes da CPI.
Segundo o senador, a legislação e a jurisprudência
de tribunais garantem aos advogados o direito de presenciar as sessões das
comissões parlamentares de inquérito, inclusive as que ocorrem em sigilo.
“Para garantir o cumprimento da lei, é
imprescindível a presença dos advogados. Eu agi com lisura, com absoluta
responsabilidade da presidência e com comportamento jurídico, resguardando
direitos. Pedi desculpa porque sempre gosto de pedir desculpas. Mas em nenhum
momento em eu errei”, afirmou.
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