Personagens da ficção podem alterar atitudes de leitores,
diz estudo
Pesquisa analisou um
fenômeno conhecido como 'tomada de experiências'.
Leitor pode absorver ideias e sentimentos de seu personagem preferido.
Ao ler um livro, o leitor
visualiza o ambiente descrito pelo autor e tenta se inserir no enredo. A
recíproca também é verdadeira, e ele leva o que os personagens vivenciam para
sua vida real. A conclusão é de psicólogos americanos, após uma série de
experiências sobre como a ficção interage com o público.
Os
pesquisadores da Universidade do Estado de Ohio examinaram um fenômeno
conhecido como “tomada de experiências”, que acontece quando o leitor incorpora
emoções, pensamentos e crenças de um personagem como se fossem seus.
O estudo publicado pela revista "Journal of Personality and
Social Psychology" descobriu que, em algumas situações, esse fenômeno leva
a reais mudanças de comportamento, ainda que sejam temporárias.
Em uma das experiências, a personagem tinha que superar
obstáculos para poder votar. Na prática, os leitores que se identificaram com o
personagem tiveram maior presença nas urnas – o voto não é obrigatório nos
Estados Unidos.
Outra experiência analisou o comportamento de leitores que
passaram pela tomada de experiências em relação a um personagem que, ao longo
da história, revela ser de outra raça ou orientação sexual. Esses leitores
demonstraram atitudes mais favoráveis em relação ao outro grupo e demonstraram
menor tendência de estereotipar as pessoas.
“A tomada de experiências pode ser uma maneira poderosa de mudar
nossos comportamentos e pensamentos de forma significativa e benéfica”, afirmou
Lisa Libby, uma das autoras, em material divulgado pela universidade.
O fenômeno, no entanto, não acontece em qualquer experiência de
leitura. É preciso que o leitor se esqueça de si para, de fato, acompanhar os sentimentos
presentes na história. “Quanto mais você é lembrado de sua própria identidade
pessoal, menor a chance de que você seja capaz de adquirir a identidade de um
personagem”, explicou Geoff Kaufman, outro autor do estudo.
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