segunda-feira, 28 de maio de 2012

O FAMOSO SÓ ESTRAGOU SE APRESENTANDO NUM PROGRAMINHA DOMINICAL


Músico erudito, André Rieu diz se sentir 'exatamente' como pop star



Violinista holandês começa, nesta terça, turnê de 22 shows em São Paulo.
Com sua orquestra, ele tocou 'Ai se eu te pego' no 'Domingão do Faustão'.


O violinista e maestro holandês André Rieu em coletiva de imprensa em SP, na véspera da abertura de sua turnê de 22 shows no Ginásio do Ibirapuera (Foto: Cauê Muraro/G1)O violinista e maestro holandês André Rieu em coletiva de imprensa em SP

“Exatamente.” Essa foi a resposta do violinista e maestro André Rieu à última pergunta – “Você se sente um pop star da música clássica?”
O sorriso de Rieu pode até insinuar alguma ironia – e a questão comparava sua bilheteria às de Madonna e do festival Lollapalooza... Mas o fato é que a propaganda dos shows de Rieu traz esta inscrição, dizendo se tratar da estrela de um gênero musical pouco dado a fornecer astros de fama internacional. “A única diferença é que tocamos [tipos de] músicas diferentes”, prossegue o músico. No caso da dele, o apelo decorre de espetáculos grandiosos, ou mesmo “interativos”, em que muita valsa é adicionada ao repertório erudito.
Por fim, o holandês, de 62 anos, cita Johann Strauss: “Na verdade, ele foi o primeiro pop star. Eu tenho uma orquestra – Johann Strauss tinha cinco. Ele era um business man [homem de negócios] e um pop star”. Os negócios conduzidos por Rieu chegam ao Brasil com uma equipe de 180 pessoas e vários contêineres com instrumentos mais alegorias de cena. E ele diz não estar surpreso com a grande procura pelos seus shows por aqui: em princípio, seriam três, mas a grande demanda resultou em agendamentos posteriores.
“É sempre difícil achar alguém que acredita em você. Eu acredito. E acredito que minha música seja para todos, em qualquer parte do mundo”, resume Rieu na coletiva. “Mas, às vezes, sou o único que acredita (risos).” Adiante, ele fala sobre a boa vendagem de seus inúmeros DVDs e completa: “Sorte nossa termos encontrado o Manoel, que também acredita em nós...”
O Manoel de que o instrumentista fala é Manoel Poladian, produtor das apresentações e presente à entrevista desta segunda. Polandian explica o porquê do “crescimento” da turnê. “Cautelarmente, a gente fez uma experiência, em dezembro, anunciando quatro espetáculos. Mas não deu nem tempo de colocar à venda e os ingressos se esgotaram. André vendeu, no Brasil, um milhão de DVDs.”

‘Ai se eu te pego’

Ao chegar à coletiva de imprensa, André Rieu cumprimenta os presentes com um “Bom dia”, embora já fosse meio da tarde. “É tudo o que eu sei [falar em português]”, justifica, provocando risos gerais. Ele então lamenta a pouca habilidade com o idioma. É o tipo de comentário que resume tanto a boa reputação que o músico tem entre os seus admiradores quanto o descrédito despertado em quem o acusa de certo populismo.
No que contribuem opções como a de tocar “Ai se eu te pego”, de Michel Teló, Rieu, contudo, não entende que sua missão seja arrebanhar o público para a música erudita. “Não é minha missão, não vou pelo mundo como um padre e falo ‘Por favor, gostem de música clássica’”, observa, enquanto desenha no ar, com as mãos, uma cruz. “Mas há milhares de crianças que gostam de nossa música. Eu educo as pessoas, mas não é minha missão.”
Voluntariamente ou não, Rieu não elabora muito ao abordar os propósitos de sua Johann Strauss Orchestra: “Com minha música, eu pego as pessoas e as conduzo, faço chorar, rir, dançar.” E qual seria o motivo, além dos óbvios, para esse interesse da audiência pela proposta? “Esse é o meu segredo... É verdade, eu não sei (risos)”, confessa, antes de arriscar um conjunto de explicações.
Dentre elas, o fato de escolher peças que realmente aprecia mostrar ao vivo (“elas tocam o meu coração”) e de seguir “terrivelmente nervoso” antes de entrar no palco. “Acho que as pessoas sentem isso. Se eu fosse para o palco cansado [boceja], sentiriam isso. Posso me dar integralmente para a audiência”, afirma o assumido pop star.

André Rieu em São Paulo
Quando: de 29 de maio a 13 de julho.
Onde: Ginásio do Ibirapuera (Rua Manoel da Nóbrega, 1361 – Paraíso).
Quanto: de R$ 140 a R$ 600.

Nenhum comentário: