Rússia não vê solução rápida para
polêmica sobre escudo antimísseis
Munique
(Alemanha), 4 fev (EFE).- A discussão entre a Otan e Moscou com relação ao
escudo antimísseis na Europa não apresenta sinais de que irá se resolver a
curto prazo, avaliou neste sábado o ministro das Relações Exteriores russo,
Sergey Lavrov.
Lavrov
fez esta afirmação durante o discurso que pronunciou no segundo dia da
Conferência de Segurança de Munique (MSC), o "Davos" de política
externa e Defesa, que até domingo reúne dezenas de ministros, militares,
empresários e especialistas da área de mais de 70 países.
"O
tema do sistema defensivo de mísseis pode fazer disparar os alarmes na
Europa", disse o chanceler, que instou à Otan a evitar tomar decisões
sozinha.
O
ministro acrescentou que o denominado escudo antimísseis europeu não terá
avanços enquanto as "legítimas preocupações" da Rússia
"continuarem sendo ignoradas" pelos membros da Aliança Atlântica.
Moscou
considera que um sistema de mísseis como o proposto pela Otan poderia se
dirigir contra a Rússia e repetir a estratégia de "divisão por
blocos" da Guerra Fria, que já deveria estar superada, segundo Lavrov.
Por
sua vez, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, reiterou
neste mesmo encontro que o escudo antimísseis serviria para garantir a
segurança da Europa e outros Estados e ressaltou que "não será construído
contra a Rússia".
O
ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, indicou a este
respeito que é preciso buscar pontos comuns entre a Otan e a Rússia e defendeu
uma "solução comum" para a próxima cúpula da Otan, prevista para maio
em Chicago (EUA).
Neste
sentido, o titular de Defesa alemão, Thomas de Maizière, apontou que não se
podem esperar avanços até que as eleições presidenciais de março sejam
realizadas na Rússia.
Westerwelle
também indicou que, de forma paralela à construção do escudo antimísseis, os
EUA deveriam começar a desmantelar seu armamento nuclear no velho continente,
um ponto de atrito entre a Europa e Washington.
A
Otan deve instalar na Europa antes de 2020 um sistema defensivo de mísseis
controlado da base americana de Ramstein (Alemanha) e com sedes em outros
pontos, como Rota (Espanha).
Este
escudo antimísseis estaria destinado principalmente a proteger a Europa de
eventuais ataques iranianos, segundo seus promotores, embora a Rússia tema que
também seja empregado contra seu território .
Neste
sentido, um grupo de especialistas em Defesa apresentou neste sábado na MSC um
estudo que defende o fim da polêmica entre a Otan e a Rússia em torno do escudo
antimísseis e os encoraja a cooperar em nível estratégico no campo militar,
defensivo e econômico.
O
texto indica que "a única forma de assegurar a segurança a longo
prazo" da Eurásia e América do Norte se baseia "na construção de uma
Comunidade de Segurança Euro-Atlântica inclusiva, de unidade e funcional",
na qual as disputas se resolvam "exclusivamente por métodos diplomáticos,
legais e não violentos".
A
polêmica sobre o escudo antimísseis é um dos principais temas da conferência,
na qual também foi abordado o programa nuclear iraniano, o conflito sírio e a
crise europeia da perspectiva do auge da Ásia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário